Produção de texto - 6º ano: Somos todos maluquinhos
Durante o primeiro bimestre, nas aulas de Língua Portuguesa e Literatura, os alunos do 6º ano estudaram o gênero textual "Contos". Descobriram que, quando esses contos são contados oralmente, são chamados de "causos". Também assistiram ao filme "O menino maluquinho" e conheceram a biografia de Ziraldo. Para encerrar o conteúdo, foi proposto que fossem fotografados caracterizados de "meninos maluquinhos" e que produzissem um texto, coletivamente, no que prontamente concordaram. Está pronto. Ficou caprichado e por isso merece ser divulgado no blog. As fotografias estão lindas!!! Parabéns turminha, meus amados "maluquinhos". Prof. Leila.
SOMOS
TODOS MALUQUINHOS
Esse causo que eu vou contar diz que realmente
aconteceu. Foi há muitos anos, numa escola localizada numa cidadezinha do
interior de Santa Catarina.
A piazada que estudava no 6º ano aprontava
todas: colocavam cadeira atrás dos professores, só para ver o tombo; rasgavam
os mapas expostos na sala; jogavam bolas de papel com cuspe na cabeça dos
colegas e professores; penduravam-se nas grades (e um deles um dia até entrou
na que serve de proteção para a televisão); fugiam para se banhar no rio;
colocavam ovos na cadeira dos professores, só para ver o lambuze. E isso não é
nem a metade do que faziam. Eles eram danados.
Mas, aconteceu um dia que a turma realmente
acreditou que iria se dar mal, porque na escola chegaria um novo professor.
Domingos era temido em todas as escolas em que havia trabalhado e a sua fama de
carrasco já se espalhava por toda a redondeza. Além disso, a diretora já havia
aplicado diversos castigos, como: limpar a escola; carpir a horta, escovar e
pintar as paredes, ficar sem lanche, sem intervalo, sem...sem...sem..., mas
nada resolvia. Dessa forma, a chegada do professor era também bastante esperada
por ela.
Então, finalmente chegou o dia: o professor
Domingos apresentou-se na escola. Para a surpresa de todos, que imaginavam um
homem sisudo e cheio de si, antipático, mal-humorado e pouco sociável, a figura
do professor pareceu, à primeira vista, muito diferente: era um homem alto,
esbelto, olhos azuis, cabelos castanhos e bem penteados e vestia calça jeans e
jaleco.
Ao entrar na escola, naquele dia chuvoso, uma
deslizada no primeiro degrau da escada, e o homem foi abaixo. A cena paralisou
a todos os que viram. Imediatamente o professor estava em pé novamente,
retomando o sorriso que trazia estampado no rosto e recolhendo os materiais que
estavam espalhados pelo chão encharcado.
O tombo causou-lhe um pequeno atraso e por isso
o professor não pôde conversar com a diretora antes de entrar na sala para a
sua primeira aula, para onde foi gentilmente conduzido pelos alunos do 6º ano.
A Diretora nem se preocupou, pois tinha ótimas
referências do professor Domingos e confiava em sua seriedade. Ela não havia
presenciado o tombo, já que estava ocupada com alguns alunos do 6º ano,
resolvendo algumas situações, pois no dia anterior um aluno havia pulado ado
muro, em cima do cachorro de estimação da Dona Zezé, moradora vizinha da
escola, e a mesma estava inconformada.
O professor, então, entrou na sala do 6º ano,
num tropeço daqueles, que nem te conto. Mas alunos controlaram-se para não rir,
pois sabiam da fama do professor. Ao se recompor daquela cela, ele cumprimentou
os alunos com um agradável “boa noite”. Isso mesmo, estava tão encabulado com o
que lhe acontecera, que até no horário se perdeu. Os alunos não ousaram em
dizer “bom dia” e em coro responderam “boa noite”.
Todos maluquinhos, não acha?
E o pior é que o professor nem percebeu o que
tinha acontecido.
Bom, era hora de se apresentar. Quando foi
falar, o professor ficou tão nervoso, mas tão nervoso, que a fala saiu mais ou
menos assim:
- Do do do do...do...do Domingosatim! Na
verdade, ele era alérgico e um espirro libertou a palavra que estava engasgada
na garganta. Porém, ninguém presenciando aquela cena era capaz de rir, afinal,
eles sabiam que precisavam respeitar aquele momento. Os alunos se entreolharam,
boquiabertos.
Sentou-se. Não, espere aí. Na verdade, ele
tentou, mas a cadeira escorregou e lá se foi o jovem professor, novamente ao
chão.
Nesse momento ninguém mais segurou o riso e a gargalhada
tomou conta da turma. Teve um menino que riu tanto, mas tanto, que chegou a
ficar tonto e desmaiou, no que foi socorrido pelos colegas, com um copo de água
jogado na cabeça.
Ouvindo aquela confusão, a diretora entrou na
sala, não entendendo nada.
Ela era uma mulher bem jeitosa. Morava sozinha
e cuidava da sua aparência como poucas. Estava sempre bem maquiada, porém,
naquela manhã, a forte chuvarada veio acompanhada de trovoadas e numa delas a
queda de energia impossibilitou a bela dama de concluir a sua maquiagem. Dessa
forma, quando os alunos se depararam com a sua presença, no meio daquela
gargalhada toda, com apenas um olho sombreado, nem a sua cara de indignação
conseguiu parar os alunos, que quanto mais a olhavam, mais riam.
O professor olhou em seus olhos e também não se
conteve, puxou um espelho do bolso e o entregou nas mãos da diretora, que, ao
refletir seu rosto nele, gritou tão alto, mas tão alto, que o espelho se
partiu. E a gargalhada também.
A diretora espantada com a presença daquele
homem desconhecido, disse:
- Quem é você e o que está fazendo aqui? Onde
está o professor Domingos?
Os alunos ficaram surpresos, pois imaginavam
que aquele era o professor Domingos.
O homem, então, mais calmo, se apresentou:
- Eu sou o Fernando, estou aqui substituindo o
professor Domingos e fui encaminhado pela secretaria de educação. O professor
Domingos não pôde vir hoje, pois está com conjuntivite. Na verdade, não sou
professor, sou bibliotecário, e ao chegar à escola, fui conduzido pelos alunos
até a sala.
A diretora compreendeu tudo e naquele dia os
alunos não tiveram aula, pois ficaram ouvindo os causos contados pelo Fernando.
Naquela escola cada dia um fato diferente
acontecia. Depois desse dia ainda aconteceram outras esquisitices. Diz que
tinha um escritor que inventou um personagem que usava panela na cabeça e que
por isso ficou muito famoso. E que um
dia apareceu uma professora tão maluca, que resolveu colocar uma panela na
cabeça dos alunos e, pior que isso, na dela também.
Esse causo foi contado pelo Fernando e, naquele
dia, foi o que mais causou gargalhadas
entre a piazada. Ele se tornou um grande amigo da turma e os visitava com
frequência, sempre contando causos novos.
Bom, no final das contas, a conclusão a que chegaram
não poderia ser diferente:
SOMOS
TODOS MALUQUINHOS!!!
Autores: Alunos do 6º ano.
Maio/2016.
Alexsandro |
Cristian |
Dieinimara |
Eduardo |
Eloiza |
Fabíula |
Gabriel |
Gustavo |
João |
Adryel |
Laira |
Lanna |
Larissa |
Leticia |
Liedson |
Mariana |
Matheus |
Murilo |
Paola |
Rodrigo |
Simone |
Uigor |
Victório |
Willian |
Amanda |
Erick |
Tainara |
Lucas |
Prof. Leila |