7 – INESPERADO
A linha negra avançou
para mim através da mortalha neblina. Eu podia ver seus olhos de
ruibi escuro
brilhando de desejo, ansiando pela caça. Seus lábios esticados sobre seus
dentes
úmidos e afiados –
alguns para rosnar, outras para sorrir.
Eu ouvi a criança
atrás de mim choramingar, mas eu não podia me virar para olhá-lo.
Embora eu estivesse
desesperada para me certificar que ele estava seguro, eu não podia me dar o
luxo de desviar o meu
foco agora.
Eles flutuaram para
mais perto, suas capas negras ondulando-se levemente com o
movimento. Eu vi suas
mãos curvarem como garras cor-de-osso. Eles começaram a se separar,
buscando chegar até
nós por todos os lados. Nós estávamos cercados. Nós iríamos morrer.
E então, como a luz
súbita de um raio, toda a cena se modificou. E ainda sim nada mudou –
os Volturi ainda
estavam vindo diretamente até nós, enebriados para matar. Tudo o que havia
mudado era coma
situação me era apresentado. Eu estava ansiosa pra isso. Eu queria que eles
atacassem. O pânico
se transformou em adrenalina conforme eu avançava, um sorriso no rosto,
um grunido escapando
através dos meus dentes expostos.
Eu pulei sentada,
desperta do sonho.
O quarto estava
escuro. E também incrivelmente quente. Suor molhava o meu cabelo perto
da testa e escorria
pela minha garganta.
Eu vaculhei pelos
lençois quentes e encontrei-os vazios.
- Edward?
Então, meus dedos
encontraram alguma coisa macia e fina e firme. Uma folha de papel,
dobrada ao meio. Eu
levei a nota comigo e apalpei o caminho até o interruptor.
Na parte de fora da
nota, estava endereçada para a Sra. Cullen.
Espero que você não
perceba a minha ausência, mas se notar, eu vou estar de volta bem
rápido. Eu só fui
para o continente caçar. Volte a dormir e eu vou estar aqui quando você acordar
de novo. Eu amo você.
Eu suspirei. Nós já
estávamos aqui há mais ou menos duas semanas, então eu devia ter
imaginado que ele
teria que partir, mas eu não estava contando o tempo. Nós parecíamos existir
fora do tempo aqui,
só levados por um estado perfeito.
Eu limpei o suor da
minha testa. Me senti completamente acordada, apesar do relógio na
cabeceira dizer que
pouco depois da uma. Eu sabia que nunca ia ser capaz de dormir tão quente e
pregante como me
sentia. Sem contar o fato que se eu apagasse a luz e fechasse os meus olhos,
com certeza voltaria
a ver aquelas figuras negras e horripilantes na minha cabeça.
Eu leventei e vaguei
pela casa escura, acendendo as luzes. Parecia tão grande e vazia sem
Edward aqui.
Diferente.
Eu acabei na cozinha
e decidi que talvez alguma comida caseira fosse o que eu precisava.
Vasculhei a geladeira
até encontrar todos os ingredientes para fazer frango frito. Os estalos
e chiados do frango
na panela era legal, um som familiar; eu me senti menos nervosa com ele
preenchendo o
silêncio.
Cheirava tão bem que
eu comecei a comer direto da panela, queimando a minha língua no
processo. Na quinta
ou sexta mordida, entretanto, tinha esfriado o suficiente para que eu pudesse
sentir o gosto. A
mastigação diminuiu. Tinha alguma coisa errada no sabor? Eu chequei a comida
e estava
completamente branca, mas eu imaginei que não estivesse completamente cozida.
Eu dei
outra mordida;
mastiguei duas vezes.
Ugh – definitivamente
ruim. Eu pulei para cuspir na pia. De repente, o cheio de frando-eóleo
era revoltante. Eu
peguei o prato inteiro e joguei no lixo, então abri a janela para dissipar o
cheio. Uma briza
refrescante entrou. A sensação na minha pele foi ótima.
Eu fiquei
abruptamente cansada, mas não queria voltar para o quarto quente. Então abri
mais janelas na sala
de tevê e deitei no sofá em frente. Liguei o mesmo filme que nós tínhamos
assistido no outro
dia e rapidamente adormeci na canção de abertura.
Quando eu abri os
meus olhos novamente, o sol estava alto no céu, mas não foi a luz que
me acordou. Braços
gelados estavam ao meu redor, me puxando de encontro a ele. Ao mesmo
tempo, uma dor
repentina embrulhou o meu estômago, quase como o choque de levar um soco
na barriga.
- Me desculpa -
Edward estava murmurando enquanto passava uma mão gelada sobre a
minha testa úmida. -
Grande meticulosidade planejando. Eu não pensei no quão quente você
ficaria enquanto eu estava
fora. Vou instalar um ar-condiconado antes de ir uma próxima vez.
Eu não conseguia me
concentrar no que ele estava dizendo. - Com licença! - eu ofeguei,
lutando para sair de
seus braços.
Ele me largou
automaticamente. - Bella?
Eu corri para o
banheiro cobrindo a boca com a mão. Eu me sentia tão mal que não liguei –
no começo – que ele
estivesse comigo o tempo todo enquanto me debruçava na privada e
vomitava
violentamente.
- Bella? Qual é o
problema?
Eu não podia
responder ainda. Ele me segurava ansiosamente, mantendo o meu cabelo
longe do meu rosto,
esperando até eu poder respirar de novo.
- Droga de frango
estragado - lamentei.
- Você está bem? -
Sua voz era tensa.
- Estou - eu ofeguei.
- É só comida estragada. Você não precisa ver isso. Sai daqui.
- Não facilmente,
Bella.
- Vai embora - eu
lamentei de novo, lutando para me levantar e poder lavar a boca. Ele me
ajudou gentilmente,
ignorando os empurrões fracos que eu dei nele. Depois que a minha boca
estava limpa, ele me
carregou para cama e me sentou cuidadosamente, me segurando com os
braços.
- Comida estragada?
- É - eu grasnei. -
Eu fiz um pouco de frango ontem à noite. Estava com um gosto ruim,
então eu joguei fora.
Mas antes eu comi um pouco.
Ele colocou uma mão
gelada sobre a minha testa. A sensação foi ótima. - Como você se
sente agora?
Eu pensei sobre isso
por um momento. A náusea tinha passado tão subitamente quanto
tinha aparecido, e eu
me sentia como em qualquer outra manhã. - Bem normal. Com um pouco de
fome, na verdade.
Ele me fez esperar uma
hora e beber um grande copo d’água antes de ele fritar alguns ovos.
Eu me sentia
completamente normal, só um pouco cansada de ter acordado no meio da noite. Ele
colocou na CNN – nós
tínhamos estado tão incomunicáveis que a 3ª Guerra Mundial podia ter
estourado que nós não
saberíamos – eu detei sonolenta em seu colo.
Eu fiquei entediada
com todas as notícias e virei para beijá-lo. Assim como de manhã, uma
dor aguda acertou o
meu estômago quando eu me movi. Pulei pra longe dele, minha mão
apertada contra a
minha boca. Eu sabia que nunca chegaria a tempo no banheiro desta vez, então
eu corri pra pia da
cozinha.
Ele segurou o meu
cabelo mais uma vez.
- Talvez nós
devessemos voltar pro Rio, ver um médico - ele sugeriu nervosamente quando
eu estava lavando a minha
boca depois.
Eu balancei a cabeça
e me fui direto pelo corredor. Médicos significar agulhas.
- Eu vou ficar bem
assim que escovar os dentes.
Quando a minha boca
ficou com o gosto melhor, eu procurei na minha mala pelo kit de
primeiros-socorros
que Alice tinha colocado na mala para mim, cheio de coisas humanas como
curativos e
analgésicos e – o que eu procurava agora – Pepto-Bismol. Talvez eu pudesse
acalmar
o meu estômago e
tranqüilizar o Edward.
Mas antes que eu
encontrasse o Pepto, eu encontrei por acaso outra coisa que Alice tinha
posto na mala pra
mim. Eu peguei a pequena caixa azul e encarei-a na minha mão por um longo
momento, esquecendo
de tudo.
Então eu comecei a
contar na minha cabeça. Uma vez. Duas vezes. De novo.
A batida me assutou;
a caixinha caiu de volta na mala.
- Você está bem? -
Edward perguntou atrás da porta. - Você vomitou novamente?
- Sim e não - eu
disse, mas a minha voz parecia estrangulada.
- Bella? Posso
entrar, por favor? - Preocupado agora.
- Tudo... bem?
Ele entrou e avaliou a
minha posição, sentanda de pernas cruzadas no chão do lado da
mala, e a minha
expressão, vazia e assustada. Ele sentou do meu lado, sua mão indo para a
minha testa na mesma
hora.
- Qual é o problema?
- Quantos dias se
passaram desde o casamento? - eu murmurei.
- Dezessete - ele
respondeu automaticamente. - Bella, o que é?
Eu estava contando de
novo. Eu levantei um dedo, avisando-o para esperar, e sibilei os
números para mim
mesma. Nós tínhamos estado viajando mais tempo do que eu imaginava.
Fiquei chocada mais
uma vez.
- Bella! - ele
sussurrou urgentemente. - Eu estou perdendo o controle aqui.
Eu tentei engolir.
Não funcionou. Então eu alcancei a mala e fucei até encontrar a pequena
caixinha da
absorventes novamente. Levantei-os silenciosamente.
Ele me encarou em
confusão. - O quê? Você tá tentando passar essa doença como TPM?
- Não - eu consegui
botar pra fora. - Não, Edward. Eu estou tentando dizer que a minha
menstruação está
cinco dias atrasada.
Sua expressão facial
não mudou. Era como se eu não tivesse falado.
- Eu não acho que foi
comida estragada - completei.
Ele não respondeu.
Tinha se transformado numa escultura.
- Os sonhos - eu
balbuciei para mim mesma numa foz fina. - Dormindo muito. O choro. Toda
a comida. Oh. Oh.
Oh.!
O olhar do Edward
parecia sem foco, como se ele não pudesse me ver mais.
Automaticamente,
quase involuntariamente, a minha mão caiu sobre o meu estômago.
- Oh! - eu exclamei
novamente.
Eu fiquei de pé,
saindo das mãos imóveis de Edward. Eu não tinha trocado o baby-doll de
seda que eu usei para
dormir. Levantei o tecido azul e encarei o meu estômago.
- Impossível -
sussurrei.
Eu tinha praticamente
nenhuma experiência com gravidez ou bebês ou qualquer parte desse
universo, mas eu não
era uma idiota. Eu já tinha visto filmes e programas de tv o suficiente para
saber que não era
assim que funcionava. Eu só estava cinco dias atrasada. Se eu estivesse
grávida, meu corpo
provavelmente nem teria registrado o fato. Eu não teria enjôos matinais. Não
teria mudado meus
hábitos alimentares ou meu sono.
E definitivamente não
teria uma pequena mas definida barriga aparecendo entre o meu
quadril.
Eu virei o meu tronco
várias vezes, examinando-a de vários ângulos, esperando que
desaparecesse na luz
certa. Eu passei os dedos na minha repentina barriga, surpresa no quão dura
ela parecia sob a
minha pele.
- Impossível - eu
disse novamente, porque, com barriga ou sem barriga, menstruação ou
não menstruação (e
definitivamente nunca houve um ciclo atrasado um único dia na minha vida
toda), não havia
jeito que eu pudesse estar grávida. A única pessoa que eu já tinha transado era
um vampiro, pelo amor
de Deus.
Um vampiro que ainda
estava congelado no chão sem sinais de voltar a se mexer.
Então tinha alguma
outra explicação, afinal. Alguma coisa errada comigo. Uma estranha
doença sul-americana
com todos os sintomas de gravidez só que acelerada... E então eu me
lembrei de algo – uma
manhã de pesquisas na internet que parecia séculos atrás agora. Sentada
na mesa velha do meu
quarto na casa do Charlie com uma luz cinza atravessando a janela,
encarando o meu
computador velho e lento, lendo avidamente um website chamado “Vampiros de
A a Z.” Tinha sido
menos de vinte e quatro horas depois de Jacob Black, tentando me entreter
com algumas lendas
antigas dos Quileute que ele ainda não acreditava, me contou que Edward
era um vampiro. Eu
procurei ansiosamente as primeiras entradas do site, que eram dedicadas a
mitos de vampiros ao
redor do mundo. O filipirno Danag, o hebreu Estrie, o romeno Varacolaci, o
italiano Stregoni benefici
(uma lenda realmente baseada nos primeiros contados do meu novo
sogro com os Volturi,
apesar de, naquela época, eu não saber disso)...
Eu prestei cada vez
menos atenção conforme as histórias ficavam mais implausíveis. Elas
mais pareciam
desculpas inventadas para explicar coisas como taxas de mortalidade infantil –
ou
infidelidade. Não,
amor. Eu não estou tendo um caso. Aquela gostosa que você viu saindo
escondida de casa era
uma malígna succumbus* . Eu tenho sorte de ter escapado com vida!”
(Claro, com o que eu
sabia agora sobre Tanya e suas irmãs, eu suspeitava que essas desculpas
tinham sido fatos.!
Tinha tido mulheres, também. Como você pode me acusar de te trair – só
porque você ficou
dois anos navegando em auto-mar e eu estou grávida? Foi um incubus**. Ele
me hipnotizou com
seus mitológios poderes de vampiro...
Essa parte tinha sido
a definição de incubus – a habilidade de gerar crianças com a sua
depredação calculada
*Succumbus - de
STRUMPET [láscivo]- um espírito prostituido que corrompia sexualmente
as pessoas. Crenças
da Idade Média.
** Incumbus - Crença
da Idade Média de um ser malígno que abusava e atacava
sexualmente mulheres,
engravidando-as.
Balancei a minha
cabeça, atordoada. Mas...
Pensei em Esme e
especialmente em Rosalie. Vampiros não podiam ter filhos. Se fosse
possível, Rosalie já
teria descoberto um jeito a esta altura. O mito do incumbus era só isso, uma
lenda.
Exceto que... bom,
havia uma diferença. Claro que Rosalie não podia conceber uma criança,
porque ela estava
congelada no estado em que havia passado de humana para não-humana.
Totalmente
imodificável. E o corpo das mulheres humanas precisam mudar para gestar filhos.
A
constante mudança
mensal de ciclos menstruais para começar, e depois as maiores mudanças
para acomodar um bebê
em crescimento. O corpo da Rosalie não podia se modificar.
Mas o meu podia. O
meu mudou. Eu toquei a bola no meu estômago que não tinha estado
ali ontem.
E homens humanos –
bom, eles praticamente ficam do mesmo jeito da puberdade até a
morte. Eu relembrei um
exemplo qualquer familiar, desenterrado sabe-se lá daonde: Charlie
Chaplin que nos seus
setenta e pouco foi pai de seu caçula. Homens não tinham coisas como
mudanças de gestação
ou ciclos de fertilidade.
Claro, como alguem ia
saber se vampiros homens podiam ser pais, quando as suas parceiras
não eram capaz? Que
vampiro na terra teria o controle suficiente para testar a teoria com uma
mulher humana? Ou
teria vontade?
Eu só conseguia
pensar em um.
Parte da minha cabeça
estava ruminando o fato, a lembrança e a especulação, enquanto a
outra metade – a
parte que controlava a habilidade de mexer até o menor dos músculos – estava
chocada além da
capacidade para poder operar normalmente. Eu não conseguia mexer os meus
lábios para falar,
embora quisesse pedir que Edward por favor me explicasse o que estava
acontecendo. Eu
precisava voltar a onde ele estava sentando, tocá-lo, mas o meu corpo não
estava seguindo as
ordens. Eu só conseguia encarar os meus olhos assustados no espelho, meus
dedos pressionados
contra a bola no meu tronco.
E então, como o
pesadelo vívido da noite anterior, a cena rapidamente se transformou. Tudo
o que eu via no
espelho parecia completamente diferente, embora nada realmente estivesse
diferente.
O que fez tudo mudar
foi o macio e pequeno chute na minha mão – de dentro do meu
corpo.
No mesmo momento, o
celular do Edward tocou, agudo e chamativo. Nenhum de nós se
mexeu. Tocou de novo
e de novo. Eu tentei apagar o som enquanto apertava os meus dedos
contra o meu
estômago, esperando. No espelho a minha expressão não era mais assustada – era
sonhadora. Eu mal
notei quando estranhas e silenciosas lágrimas escorreram pela minha
bochecha.
O telefone continuou
tocando. Desejei que Edward atendesse – eu estava tendo um
momento.
Possivelmente o maior momento da minha vida.
Ring! Ring! Ring!
Finalmente, a
irritação acabou com todo o momento. Eu me ajoelhei próxima a Edward –
percebi que estava me
mexendo cuidadosamente, mil vezes mais consciente do efeito de cada
movimento – e passei
a mão por seus bolsos até encontrar o telefone. Eu meio que esperava que
ele tomasse-o e
atendesse ele mesmo, mas ele ficou perfeitamente imóvel.
Eu reconheci o
número, e pude facilmente adivinhar porque ela estava ligando.
- Oi, Alice - eu
disse. Minha voz não estava muito melhor do que antes. Limpei a garganta.
- Bella? Bella, você
está bem?
- Sim. Um. Carlisle
está?
- Ele está. Qual é o
problema?
- Eu não estou... cem
por cento... certa...
- Edward está bem? -
ela perguntou cautelosamente. Ela afastou o telefone e chamou o
nome de Carlisle e
logo continuou - por que ele não atendeu o telefone? - antes de que eu
pudesse responder à
sua primeira pergunta.
- Não estou certa.
- Bella, o que está
acontecendo? Eu vi–
- O que você viu?
Houve um silêncio. -
Aqui está Carlisle - Ela finalmente disse.
Eu senti como se água
gelada tivesse sido injetada em minhas veias. Se Alice tivesse visto
uma visão de mim com
uma criança de olhos verdes, carinha de anjo nos meus braços, ela teria
me respondido, não é?
Enquanto esperei pelo
segundo que levou para Carlisle falar, eu imaginava a visão de Alice
dançado atrás das
minhas pálpebra. Um minúsculo, um lindo pequeno bebê mais belo do que
qualquer menino,
deixou minhas veias gelada.
- Bella, é Carlisle.
O que está acontecendo?
- Eu – Eu não estava certa
o que responder. Ele riria das minhas conclusões, me diria que eu
era louca? Eu estava
tendo somente outro sonho colorido? - Estou um pouco preocupada com
Edward… Vampiros
podem entrar em choque?
- Ele está machucado?
- a voz de Carlisle era repentinamente urgente.
- Não, não - eu
assegurei a ele. - apenas… surpreendido
- Eu não estou
entendendo, Bella.
- Eu acho... bem, eu
acho que... talvez... eu possa estar... - Respirei profundamente -
grávida.
Como se fosse para me
trazer de volta, houve outra cutucada muito pequena no meu
abdomem. Minha mão
voou para minha barriga.
Depois de uma longa
pausa, o treinamento médico de Carlisle voltou.
- Quando foi o dia do
seu último ciclo menstrual?
- Dezesseis dias
antes do casamento. - Eu tinha feito a matemática mental completamente
antes para ser capaz
de responder com a certeza.
- Como você se sente?
- Esquisita - eu lhe
disse, e a minha voz estalou. Outro gotejamento de lágrimas gotejou
abaixo as minhas
faces. - Isto soar maluco – olhada, eu sei é cedo para isso. Talvez eu seja
louca.
Mas estou tendo
sonhos grotescos e comendo o tempo todo e gritando e vomitando e… e… juro
algo se moveu dentro
de mim agora mesmo - A cabeça de Edward levantou.
Suspirei no alívio.
Edward ergueu sua mão
para o telefone, seu rosto duro e branco.
- Um, eu acho que
Edward quer falar com você.
- Coloque ele na
linha - Carlisle falou com uma voz estranha.
Eu Não estava
inteiramente segura de que Edward poderia falar, pus o telefone a sua mão
estendida.
Ele pressionou em sua
orelha - Isso é possível? - ele sussurrou.
Ele escutou durante o
tempo longo, fitando inexpressivamente em nada.
- E Bella? - ele
perguntou. O seu braço envolveu em volta de mim quando ele falou,
puxando-me para seu
lado.
Ele escutou o que
pareceu um longo tempo e logo falou - Sim, sim. Eu vou.
Ele removeu o
telefone da sua orelha e pressionou a tecla "end". Imediatamente, ele
discou
um novo número.
- O que Carlisle
falou - Eu perguntei impacientemente.
Edward respondeu em
uma voz inanimada. - Ele acha que você está grávida.
As palavras enviaram
a um tremor quente abaixo a minha espinha. O pequeno bebê se
moveu dentro de mim.
- Para quem você está
ligando agora? - Eu perguntei quando ele colocou o telefone de volta
na orelha.
- Para o aeroporto.
Estamos indo para casa.
Edward esteve no
telefone durante mais de uma hora sem um intervalo. Eu acho que ele
arranjava o nosso vôo
para casa, mas não posso estar certa porque ele não falava em inglês.
Parecia que ele
discutia, ele falou muito através dos seus dentes. Enquanto ele discutia, ele
fez as
malas. Ele girou em
volta do quarto irritado como um furacão, deixando ordem e não destruição
no seu caminho. Ele
lançou jogou um conjunto de roupas minhas na cama, sem olha-los, por isso,
assumiu que era hora
de começar a me vestir. Ele continuou com o seu argumento enquanto eu
me troquei,
gesticulando com movimentos súbitos, agitados.
Quando não podia mais
agüentar a energia violenta que irradia dele, calmamente deixei o
quarto. A sua
concentração maníaca fez meu estômago doer – não como a doença de manhã,
somente pouco
confortável. Eu esperaria em outro lugar até o seu humor de passar. Não posso
falar com este Edward
frio, que honestamente me assustou um pouco.
Mais uma vez,
terminei na cozinha. Não havia um saco de pretzels no armário. Eu pequei um
deles e mastigava
distraidamente, olhando para fora a janela na areia e rochas e árvores e
oceano, tudo que
resplandece ao sol.
Algo moveu em mim.
- Eu sei - eu disse.
- Não quero ir, também.
Fitei fora a janela
durante um momento, mas o bebê não respondeu.
- Eu não entendo - eu
sussurrei. - o que está errado aqui?
Surpreendente,
absolutamente. Surpreendente, mesmo. Mas errado?
Não
Então, por que Edward
está tão furioso Foi ele que tinha realmente desejado tanto, como
uma caçada, o
casamento.
Tentei raciocinar
como ele.
Talvez não era assim
tão confuso Edward querer que nós fôssemos para casa
imediatamente. Ele a
pediria a Carlisle para me verificar, assegurar-se que a minha suposição foi
certa – embora não
houvesse absolutamente dúvida em minha cabeça neste ponto.
Provavelmente eles
quereriam compreender por que estava tão grávida, com o chutes e a
cutucada e todo
disto. Não era normal.
Depois que pensei
nisto, estava certa que era isso. Ele deve estar tão preocupado com o
bebê. Eu ainda não
tinha barriga. O meu cérebro trabalhou mais devagar do que o seu – ainda
estava cravado a
maravilhosa imagem que ele tinha evocado antes: a criança muito pequena com
olhos de Edward –
verde, como o seu tinha sido quando ele era humano – deitado e lindo nos
meus braços. Esperei
que ele tivesse exatamente o rosto de Edward, sem interferência do meu.
Foi engraçado como
repentinamente e completamente necessária esta visão tinha ficado. A
partir desse primeiro
pequeno toque, Tudo tinha mudado. Onde antes havia apenas uma coisa que
eu não poderia viver
sem, agora, havia dois. Não houve divisão - meu amor não foi dividido entre
eles agora, não era
assim. Foi mais como se meu coração tivesse crescido, inchado até duas vezes
o seu tamanho, nesse
momento. Tudo esse espaço extra, já preenchido. O aumento foi quase
estonteante.
Eu nunca antes
realmente tinha entendido a dor de Rosalie e o ressentimento. Eu nunca me
tinha imaginado ser
mãe, nunca quis isto. Tinha sido uma parte do bolo para de promessas para
Edward de que não me
preocupei em deixar de ter filhos, porque realmente não queria. As
crianças, em resumo,
nunca tinham me atraído. Eles pareceram ser criações barulhentas, muitas
vezes, alguma forma
de sentimentalidade exagerada. Eu nunca tive muito a ver com um irmão, eu
sempre imaginei um
irmão mais velho.
Alguém para cuidar de
mim, e não ao contrário.
Esta criança, a
criança de Edward, era uma história totalmente diferente.
Eu queria-o como eu
queria que o ar que respiro. Não uma escolha – uma necessidade.
Talvez eu só tivesse
uma imaginação realmente ruim. Talvez por isso eu era incapaz de
pensar em estar
casada até que eu já fosse – incapaz de ver que eu quereria um bebê até que
cada um já tivesse...
Coloquei a minha mão
no meu estômago, que espera pela seguinte cutucada, as lágrimas
rolaram em meu rosto
novamente.
- Bella?
Eu girei, por
desconfiar do pelo tom da sua voz. Era muito frio, muito cuidadoso. A sua cara
combinou com a sua
voz, vazia e dura.
E logo ele viu que eu
chorava.
- Bella! - ele cruzou
a sala em um flash e colocar suas mãos sobre o meu rosto - Você está
sentindo dor?
- Não, não–
Ele me puxou para o
seu peito. - Não tema. Estaremos em casa em dezesseis horas. Você
ficará bem. O
Carlisle estará pronto quando nos tornamos lá. Cuidaremos disto, e você ficará
bem,
você ficará bem.
- Cuidar disto? O que
você quer dizer?
Ele inclinou para
longe e olhou mim nos olhos - estamos indo tirar isso antes que ele possa
machucar qualquer
parte de você. Não fique assustada. Eu não deixarei isso te machucar.
- Essa Coisa? - Eu
respirei.
Ele olhou agudamente
para longe de mim, em direção à porta da frente. - Droga! Eu esqueci
que Gustavo viria
hoje. Vou me livrar os ele já voltarei. - Ele saiu da sala.
Aperto o suporte do
balcão. Os meus joelhos estavam cambaleantes.
Edward acabara de
chamar o meu pequeno chutador uma coisa. Ele disse que Carlisle o
tiraria.
- Não - sussurrei.
Eu compreendi ele mal
antes. Ele não estava se preocupando com o bebê. Ele queria abortar
ele. A bela imagem na
minha cabeça deslocou abruptamente, modificado para algo escuro. O meu
bonito choro de bebê,
os débeis meus braços não bastante para protegê-lo...
O que posso fazer? Eu
seria capaz de raciocinar como eles?
E se eu não
conseguisse? Isso explicava o estranho silêncio de Alice no telefone? O que ela
viu? Edward e
Carlisle matando aquela perfeita criança pálida antes que ela conseguisse
viver?
- Não - eu sussurrei
de novo, minha voz mais forte. Isso não podia ser. Eu não permitiria.
Eu ouvi Edward
falando Português novamente. Discutindo novamente. A voz dele se
aproximou, e eu o
ouvi rugindo de exasperação. Então eu ouvi outra voz, baixa e tímida. Uma voz
de mulher.
Ele entrou na cozinha
na frente dela e veio diretamente para mim. Ele limpou as lágrimas
nas minhas bochechas
e murmurou no meu ouvido por entra a linha fina e dura dos seus lábios.
- Ela está insistindo
em deixar a comida que trouxe – ela fez o jantar pra nós. - Se ele
estivesse menos
tenso, menos furioso, eu sei que ele teria revirado os olhos. - É uma desculpa
–
ela quer ter certeza
que eu ainda não te matei. - A voz dele ficou fria como gelo no final.
Kaure vagou
nervosamente pelos cantos da cozinha com um prato coberto nas mãos. Eu
queria saber falar
Português, ou que meu Espanhol fosse menos rudimentar, para que eu pudesse
tentar agradecer essa
mulher que se arriscou a deixar um vampiro com raiva apenas para cuidar
de mim.
Os olhos dela se
revezavam entre nós dois. Eu vi ela analisar a cor no meu rosto, a umidade
nos meus olhos.
Murmurando alguma coisa que eu não compreendi, ela pôs o prato no balcão.
Edward disparou
alguma resposta pra ela; eu nunca o ouvi ser tão mal educado antes. Ela
se virou pra ir
embora, e o movimento da longa saia dela desviou o cheiro da comida no meu
rosto. Era forte –
cebola e peixe. Eu cambaleei e fui até a pia. Eu senti as mãos de Edward na
minha testa e ouvi os
murmúrios calmantes através do ruído nos meus ouvidos. As mãos dele
desapareceram por um
segundo, e eu ouvi a geladeira se fechar. Graças a Deus o cheiro
desapareceu com o
som, e as mãos de Edward estavam resfriando meu rosto novamente. Tudo
acabou muito
rapidamente.
Eu lavei minha boca
na pia enquanto ele acariciava o lado do meu rosto.
Houve um pequeno
movimento na minha barriga.
Está tudo bem.
Estamos bem, eu pensei com o feto.
Edward me virou, me
puxando para os seus braços. Eu descansei minha cabeça no ombro
dele. minhas mãos
instintivamente cruzadas sobre meu estômago.
Eu ouvi um pequeno
resfôlego e olhei para cima.
A mulher ainda estava
lá, hesitante na porta e com as mãos meio erguidas como se ela
estivesse procurando
alguma forma de ajudar. Seus olhos estavam grudados nas minhas mãos,
saindo das órbitas de
choque. A boca dela estava escancarada. Então Edward prendeu o fôlego
também, e ele
repentinamente se virou para encarar a mulher, me puxando um pouco para trás
do corpo dele. Os
braços dele ao redor do meu tórax, como se ele estivesse me segurando para
trás.
De repente Kaure
estava gritando com ele – alto, furiosamente, suas palavras impossível de
entender voando pela
cozinha como facas. Ela ergueu seu pequeno punho no ar e deu dois passos
para a frente,
mostrando-os para ele. Apesar da ferocidade dela, era fácil ver o terror em
seus
olhos.
Edward também foi em
direção a ela, e eu apertei o braço dele, assustada com a mulher.
Mas quando ele
interrompeu o ataque dela, a voz dele me pegou de surpresa, especialmente
levando em
consideração o quão ríspido ele tinha sido quando ela não estava o atacando.
Ele
falava baixo agora,
implorando. Não apenas isso, mas o som era diferente, mais gutural, sem
cadência. Eu achava
que ele não estava mais falando Português.
Por um momento, a
mulher olhou pra ele pensativa, e então seus olhos se estreitaram
enquanto ela soltava
uma longa pergunta na mesma língua alienígena.
Eu observei enquanto
o rosto dele foi ficando triste e sério, e ele balançou a cabeça uma
vez. Ela deu um passo
para trás e cruzou as mãos sobre si mesma.
Edward foi em direção
a ela, fazendo gestos em direção a mim e então repousando a mão
sobre minha bochecha.
Ela respondeu raivosamente de novo, balançando as mãos
acusadoramente pra
ele, e então fazendo gestos pra ele. Quando ela terminou, ele implorou pra
ela novamente, com o
mesmo tom de voz baixo, urgente.
A expressão dela
mudou – ela o encarou com pura dúvida no rosto enquanto ele falava, os
olhos dela
repetidamente passando para meu rosto confuso. Ele parou de falar, e ela
pareceu
estar pensando em
alguma coisa. Ela olhou pra frente e pra trás entre nós dois, e então,
inconscientemente,
pelo que pareceu, ela deu um passo pra frente.
Ela fez um movimento
com as mãos, fazendo uma mímica que parecia ser um balão saindo
de seu estômago. Eu
olhei – será que as lendas dela sobre um predador bebedor de sangue
podiam ser isso? Era
possível que ela soubesse alguma coisa sobre o que estava crescendo dentro
de mim?
Ela deu alguns passos
para a frente, deliberadamente dessa vez, e fez algumas breves
perguntas, que ele
respondeu de forma tensa. Então foi ele quem começou a questionar – um
rápido
interrogatório. Ela hesitou e então lentamente balançou a cabeça. Quando ele
falou
novamente, a voz dele
estava tão agoniada que eu olhei pra ele chocada. O rosto dele estava
afogado em dor.
Em resposta, ela
caminhou lentamente para a frente até que ela estava perto o suficiente
para colocar sua
pequena mão no topo da minha, sobre o meu estômago.
Ela disse uma palavra
em Português.
- Morte - ela
suspirou baixinho. Então ela se virou, seus ombros curvados como se a
conversa a tivesse
envelhecido, e deixou a cozinha.
Eu sabia Espanhol
suficiente para saber isso.
Edward estava
congelado de novo, olhando para ela com uma expressão torturada grudada
no rosto. Alguns
momentos depois, eu ouvi o motor do barco roncando e o som desaparecendo na
distância.
Edward não se mexeu
até que eu comecei a ir para o banheiro. Então as mãos dele
agarraram meus
ombros.
- Onde você está
indo? - A voz dele era um murmúrio de dor.
- Escovar meus dentes
de novo.
- Não se preocupe com
o que ela disse. Não são nada além de lendas, mentiras velhas
contadas para
divertir.
- Eu não entendi nada
- Eu disse a ele, apesar de que isso não era inteiramente verdade.
Como se eu pudesse
duvidar de alguma coisa só por ela ser uma lenda. Minha vida estava cercada
de lendas por todos
os lados. Todas elas eram verdade.
- Eu coloquei sua
escova de dentes na mala. Eu vou pegar pra você.
Ele caminhou na minha
frente até o quarto.
- Estamos partindo em
breve? - Eu perguntei a ele.
- Assim que você
acabar.
Ele esperou pela
minha escova de dentes para coloca-la na mala novamente, vagando
silenciosamente pelo
quarto. Eu a entreguei a ele quando terminei.
- Eu vou colocar as
malas no barco.
- Edward –
Ele se virou de novo.
- Sim?
Eu hesitei, tentando
pensar em alguma forma para ficar sozinha por alguns segundos. - Você
poderia... guardar um
pouco de comida? Você sabe... caso eu fique com fome de novo?
- É claro - ele
disse, seus olhos repentinamente suaves. - Não se preocupe com nada. Na
verdade, nós vamos
encontrar com Carlisle dentro de algumas horas. Tudo isso estará acabado
em breve.
Eu balancei a cabeça,
sem confiar na minha voz.
Ele se virou e deixou
o quarto, uma mala grande em cada mão.
Eu me virei e peguei
o telefone que ele tinha deixado na mesinha. Esquecer as coisas era
muito incomum da
parte dele – esquecer que Gustavo estava vindo, deixar o telefone aqui. Ele
estava tão estressado
que mal era ele mesmo.
Eu abri o telefone e
procurei no meio dos números programados na agenda. Eu fiquei feliz
por ele ter tirado o
som, com medo que ele fosse me flagrar. Estaria ele no barco agora? Ou já
estaria de volta? Será
que da cozinha ele conseguiria me ouvir se eu cochichasse?
Eu encontrei o número
que queria, um número para o qual eu nunca havia ligado antes na
minha vida. Eu
apertei o “send” e cruzei os dedos.
- Alô? - a voz que
parecia sopros de ventos dourados atendeu.
- Rosalie? - Eu
murmurei. - Aqui é a Bella. Por favor. Você tem que me ajudar.
Prefácio
A vida é chata, e aí
você morre.
É, eu devo ser muito
sortudo.
LIVRO 2 – JACOB
8 – ESPERANDO PELO
INÍCIO DA MALDITA LUTA
- Meu Deus, Paul,
você não tem casa não?
Paul, estirado por
todo o meu sofá, assistindo a algum estúpido jogo de baseball na minha
maldita televisão,
apenas sorriu pra mim e então - bem devagar - ele levantou um Doritos do saco
ao seu lado e jogou
pra dentro da boca de uma só vez.
- Melhor que você
tenha trazido esses com você.
Crunch. – Não - ele
disse enquanto mastigava. - Sua irmã disse pra eu ir em frente e fazer o
que eu quisesse.
Eu tentei fazer a
minha voz parecer como se eu não fosse socá-lo. - Rachel está aqui agora?
Não funcionou. Ele percebeu
onde eu estava querendo chegar e escondeu o saco atrás de
suas costas. O saco
fez barulho quando ele o amassou com a almofada. Os chips viraram
pedacinhos. Paul
fechou as mãos em punho, perto de seu rosto como um boxeador.
- Vai lá, garoto! Eu
não preciso da Rachel pra me defender.
Eu bufei. - Certo.
Como se você não fosse chorar atrás dela na primeira chance.
Ele gargalhou e
deitou no sofá, relaxando as mãos. - Eu não vou tagarelar pra uma garota.
Se você acertar um
golpe de sorte, vai ficar apenas entre nós dois. E vice-versa, certo?
Legal da parte dele
me fazer um convite. Eu deixei o meu corpo cair, como se tivesse
desistido. - Certo.
Os olhos dele se
voltaram pra TV.
Eu ataquei.
O nariz dele fez um
barulho muito satisfatório, quando o meu punho o acertou. Ele tentou
me agarrar, mas eu
girei o meu copo pra fora do caminho antes que ele pudesse achar um jeito
de me pegar, o saco
de Doritos amassado na minha mão esquerda.
- Você quebrou meu
nariz, seu idiota.
- Entre nós dois,
certo, Paul?
Eu deixei o saco de
chips longe. Quando eu voltei, Paul estava colocando o seu nariz no
lugar antes que ele
ficasse torto. O sangramento já havia parado; parecia não ter uma fonte para
o que escorria pelos
seus lábios e em seu queixo. Ele reclamava, estremecendo enquanto ajeitava
a cartilagem.
- Você é doloroso,
Jacob. Eu juro, preferia passar o tempo com a Leah.
- Ouch. Uau, eu
aposto que a Leah vai mesmo adorar saber que você quer passar um bom
tempo com ela. Isso
vai amansar o coração dela.
- Você vai esquecer que
eu disse isso.
- Claro. Eu tenho
certeza que não vou deixar isso escapar.
- Ugh - ele grunhiu,
e então se jogou novamente no sofá, limpando o restante do sangue na
gola da camisa. -
Você é rápido, garoto. Tenho que admitir. - Ele voltou sua atenção pro confuso
jogo.
Eu fiquei ali por um
segundo, e então fui pro meu quarto, murmurando sobre abduções
alienígenas.
Voltando, você pode
contar com Paul pra uma briga sempre que quiser. Você não precisa
bater nele - apenas
um pequeno insulto resolve. Não precisa de muita coisa pra tirá-lo do sério.
Agora, claro, quando
eu realmente queria uma boa briga com xingamentos, rasgos e árvores no
chão, ele tinha que
estar totalmente relaxado.
Não era ruim o
suficiente que outro membro do bando tivesse tido uma impressão - porque
agora eram quatro dos
dez! Quando isso ia parar? Um estúpido mito que se acreditava ser raro,
fazendo todo esse
estardalhaço! Toda essa coisa de amor à primeira vista era revoltante!
Tinha que ser a minha
irmã? Tinha que ser o Paul?
Quando Rachel voltou
pra casa do estado de Washignton no fim do semestre - graduada
mais cedo, nerd - meu
maior medo foi que seria difícil manter segredo pra ela. Eu não estava
acostumado a
disfarçar as coisas na minha própria casa. Isso me fez simpatizar de verdade
com o
Embry e o Collin,
cujos pais não sabiam que eles eram lobisomens. A mãe de Embry pensou que
ele estivesse
passando por uma fase rebelde. Ele estava permanentemente escalado pra fazer a
ronda, mas, claro,
não havia muito o que ele pudesse fazer quanto a isso. Ela verificaria seu
quarto toda noite, e
toda noite ela o encontraria vazio. Ela xingaria e ele escutaria em silêncio, e
então ele passaria
por tudo de novo no dia seguinte. Nós tentamos falar com Sam pra dar um
tempo pro Embry e
deixar a mãe dele saber das coisas, mas Embry disse que não se importava. O
segredo era muito
importante.
Então eu estava
preparando pra guardar o segredo. E então, dois dias depois que Rachel
chegou em casa, Paul
foi encontrá-la na praia, Bada bing, bada boom - amor verdadeiro! Segredos
não são necessários
quando você encontra sua outra metade, e todo lixo da impressão do
lobisomem.
Rachel ficou sabendo
de toda a história. E eu vou ter Paul como cunhado algum dia. Eu
sabia que Billy não
estava encantado quanto a isso, também. Mas ele lidou com isso melhor do
que eu. Claro, ele
fugiu pra casa dos Clearwater mais frequentemente que de costume esses dias.
Eu não sabia onde
isso podia ser melhor. Sem Paul, mas com Leah.
Eu imaginei - uma
bala na minha têmpora me mataria ou apenas faria uma grande bagunça
pra eu limpar?
Eu me joguei na cama.
Eu estava cansado - não tinha dormido desde a minha última ronda -
mas eu sabia que não
ia dormir. Minha cabeça estava muito confusa. Os pensamentos giravam
pelo meu crânio como
um exame de abelhas desorientado. Barulhento. De vez em quando elas
picavam. Deviam ser
vespas, não abelhas. Abelhas morrem depois de picarem uma vez. E os
mesmos pensamentos me
picavam várias e várias vezes.
A espera estava me
deixando louco. Já faziam quase quatro semanas. Eu esperava, de um
jeito ou de outro,
que as notícias já tivessem chegado nesse momento. Eu fiquei noites
imaginando como ela
viria.
Charlie atendia o
telefone. Bella e o marido dela perdidos num acidente. Desastre de avião?
Seria difícil de
mentir. A menos que os sanguessugas não se importassem de matar um monte de
curiosos pra dar
autenticidade ao acidente, e por que se importariam? Talvez um avião pequeno.
Eles provavelmente
tinham um disponível.
Ou o assassino
voltaria pra casa sozinho, mal sucedido na tentativa de fazê-la ser um deles?
Ou nem teria ido tão
longe. Talvez ele a tenha amassado como um saco de chips quando foi
tentar dormir com
ela? Porque a vida dela era menos importante que o prazer dele...
A história seria
trágica - Bella perdida num terrível acidente. Vítima de um assalto mal
sucedido. Morreu no
jantar. Acidente de carro, como a minha mãe. Muito comum. Acontece o
tempo todo.
Ele a traria pra
casa? Enterrando-a aqui por Charlie? Cerimônia íntima, claro. O caixão da
minha mãe ficou fechado...
Eu só podia esperar
que ele voltasse aqui, ao meu alcance.
Talvez nem tivesse
uma história. Talvez o Charlie ligaria pro meu pai pra perguntar se ele
teria ouvido alguma
coisa sobre o Dr. Cullen, que não apareceu no trabalho hoje. A casa
abandonada. Ninguém
atendendo nos telefones dos Cullen. O mistério apareceria num programa
de notícias de
segunda, cheio de suspeitos...
Talvez a grande casa
branca seria queimada de cima a baixo, todo mundo preso lá dentro.
Claro, eles
precisariam de corpos pra isso. Oito humanos aproximadamente do mesmo tamanho.
Queimados sem poder
serem reconhecidos - sem ajuda nem de arcadas dentárias.
Qualquer uma dessas
seria difícil - pra mim, isto é. Seria difícil encontrá-los se eles não
quisessem ser
encontrados. Claro, eu teria a eternidade pra procurar. Se você tem a
eternidade,
você pode verificar
cada mísera palha do palheiro, pra ver se é a agulha.
Agora mesmo, eu não
me importaria em desmontar um palheiro. Ao menos teria alguma
coisa pra fazer. Eu
odeio saber que poderia estar perdendo a minha chance. Dando aos sugadores
de sangue tempo pra
fugir. Se esse fosse o plano deles. Poderíamos ir essa noite. Poderíamos
matar todos os que
encontrássemos.
Eu gostava desse
plano porque eu conhecia Edward bem o suficiente pra saber que, se eu
matasse alguém do
clã, eu teria minha chance com ele, também. Ele viria se vingar. E eu daria
isso a ele - eu não
deixaria meus irmãos pegarem ele. Seríamos apenas ele e eu. Que o melhor
homem vença.
Mas Sam não ouviria.
Nós não vamos quebrar o acordo. Deixe que eles o façam. Só porque
não tínhamos provas
de que os Cullen tinham feito alo errado. Ainda. Você tem que colocar o
ainda, porque nós
todos sabemos que era inevitável. Bella voltaria sendo uma deles, ou não
voltaria. De todo
jeito, uma vida humana seria perdida. E aquilo significava à caça.
No outro quarto, Paul
relinchava como uma mula. Talvez ele tivesse mudado o canal pra
uma comédia. Talvez o
comercial fosse engraçado. Tanto faz. Aquilo estava me dando nos nervos.
Eu pensei em quebrar
o nariz dele de novo. Mas não era com Paul que eu queria brigar. Não
exatamente.
Eu tentei ouvir
outros sons, o vento nas árvores. Não era a mesma coisa, não com os
ouvidos humanos.
Havia milhões de vozes no vento que eu não podia ouvir com esse corpo.
Mas esses ouvidos
eram sensíveis o suficiente. Eu podia ouvir além das árvores, das
estradas, os sons dos
carros vindo da curva onde você finalmente pode ver a praia - a vista das
ilhas e as rochas e o
grande oceano azul estendendo-se até o horizonte. Os policiais de La Push
gostavam de ficar bem
ali. Os turistas nunca percebiam o sinal de redução do limite de velocidade
do outro lado da
estrada.
Eu podia ouvir as
vozes do lado de fora da loja de souvenirs da praia. Eu podia ouvir o sino
tocar quando a porta
abria e fechava. Eu podia ouvir a mãe do Embry na caixa registradora
imprimindo as contas.
Eu podia ouvir as
ondas quebrando nas rochas da praia. Eu podia ouvir o grito das crianças
por causa da água
gelada vindo rápido demais pra eles saírem do caminho. Eu podia ouvir as
mães reclamando da
roupa molhada. E eu podia ouvir uma voz familiar...
Eu prestando atenção
no que ouvia que de repente a estrondosa gargalhada de asno de Paul
me fez pular da cama.
- Saia da minha casa
- eu resmunguei. Sabendo que ele não prestava nenhuma atenção, eu
segui meu próprio
conselho. Eu abri a minha janela e passei pelo caminho de trás, de modo que
eu não visse Paul
novamente. Seria muito tentador. Eu sabia que bateria nele de novo, e Rachel já
ficaria bastante
enfurecida. Ela veria o sangue na camisa dele, e colocaria a culpa em mim sem
esperar por uma
prova. Claro, ela estaria certa, mas ainda assim.
Eu caminhei pela
costa, mãos nos bolsos. Ninguém olhava pra mim duas vezes quando eu
atravessava o sujo
estacionamento da First Beach. Uma coisa legal do verão - ninguém se importa
se você não está
usando nada além de shorts.
Eu segui a voz
familiar que eu escutei e encontrei Quil facimente. Ele estava na parte sul da
praia, evitando a
parte que ficava lotada de turistas. Ele mantinha constantes avisos.
- Fique longe da
água, Claire. Venha. Não, não faça. Oh! Bom, garota! Sério, você quer que
Emily brigue comigo?
Eu não vou mais te trazer na praia se você não - ah, é? Não - ugh. Você
acha isso engraçado,
não é? Hah! Quem está rindo agora, hein?
Ele pegava a criança
risonha pelos tornozelos quando eu os alcancei. Ela tinha um balde em
uma mão, e os jeans
dela estavam ensopados. Ele tinha uma enorme marca de molhado na frente
de sua camisa.
- Cinco a zero pra
menininha - eu disse.
- Hey, Jake.
Claire gritou e jogou
seu balde nos joelhos de Quil. - Chão, chão!
Ele a colocou
cuidadosamente em pé e ela correu pra mim. Ela prendeu seus braços na
minha perna.
- Tio Jay!
- Como vai, Claire?
Ela riu. - Qwil
toooodo molhado agora.
- Eu estou vendo.
Onde esta a sua mãe?
- Foi, foi, foi -
Claire cantou - Claire ficou o dia toooodo com Quil. Claire nunca vai voltar
pra
casa. - Ela me deixou
e correu pro Quil. Ele a levantou e colocou-a sobre seus ombros.
- Parece que alguém
atingiu os terríveis dois anos.
- Três, na verdade -
Quil me corrigiu. - Você perdeu a festa. Tema de princesa. Ela me fez
colocar uma coroa, e
então Emily sugeriu que ela testasse seu novo kit de maquiagem em mim.
- Uau, eu realmente
sinto muito não ter estado perto pra ver isso.
- Não se preocupe,
Emily tem fotos. Na verdade, eu parece bem gostoso.
- Você é muito
otário.
Quil deu de ombros. -
Claire se divertiu. Isso era o que importava.
Eu rolei os olhos.
Era difícil ficar perto de pessoas que tinham tido impressão. Não importava
o estágio em que elas
estivessem - prontos pra dar o nó na gravata, como o Sam ou sendo babás
muito exploradas,
como o Quil - a paz e a certeza que radiava deles me dava ânsia de vômito.
Claire gritou nos
ombros dele a apontou pro chão. - Pegue rocha, Quil! Pra mim, pra mim!
- Qual delas,
criança? A vermelha?
- Vermelha não!
Quil ficou de joelhos
- Claire gritava e puxava os cabelos dele como rédeas de cavalo.
- Essa azul?
- Não, não, não... -
a garotinha cantou, encantada com seu novo jogo.
A parte esquisita
era, Quil estava se divertindo tanto quanto ela. Ele não tinha aquele cara
que os turistas que
eram pais ou mães tinham - a cara de quando-será-a-hora-da-soneca?. Você
nunca via um pai de
verdade tão interessado em um joguinho infantil que suas crianças pudessem
pensar. Eu vi Quil
brinca de por uma hora direto sem ficar entediado.
E eu não podia sequer
zoar a cara dele por isso - eu o muito invejava por isso. Embora eu
achasse um saco ele
ter que mais quatorze bons anos de eu-sou-bobo pela frente até que Claire
tivesse a idade dele
- para Quil, pelo menos, era uma coisa boa que lobisomens não
envelhecessem. Mas
todo aquele tempo não parecia aborrecê-lo muito.
- Quil, você já
pensou em namorar? - Eu perguntei.
- Hã?
- Não, amarelo não! -
Claire reclamou.
- Você sabe. Uma
garota de verdade. Digo, só por agora, certo? Não suas noites de folga do
serviço de babá.
Quil olhava pra mim,
de boca aberta.
- Pega pedra! Pega
pedra! - Claire gritava quando ele não oferecia a ela outra escolha. Ela
bateu na cabeça dele
com seu pequeno punho.
- Desculpe,
Claire-ursinha. O que você acha dessa linda roxa?
- Não - ela suspirou.
- Roxo não.
- Me dê uma idéia. Eu
imploro, criança.
Claire pensou. –
Verde - ela finalmente disse.
Quil olhou pras
rochas, estudando-as. Ele pegou quatro pedras de diferentes tons de verde,
e ofereceu-as a ela.
- Consegui?
- YAY!
- Qual delas?
- Tooodas elas!
Ela abriu as mãos e
ele colocou as pequenas pedras nelas. Ela gagalhou e imediatamente
jogou as pedras na
cabeça dele. Ele fingiu ficar zonzo e ficou em pé e andou em direção ao
estacionamento.
Provavelmente preocupado que ela se resfriasse com as roupas molhadas. Ele era
pior que qualquer mãe
paranóica e super-protetora.
- Desculpa se eu
estava sendo insistente, cara, sobre a coisa da garota - eu disse.
- Não, está tudo bem
- Quil disse. - Isso meio que me pegou de surpresa. Eu não tinha
pensado sobre isso.
- Eu aposto que ela
entenderia. Você sabe, quando ela tiver crescido. Ela não ficaria brava
que você tenha uma
vida enquanto ela está nas fraldas.
- Não, eu sei. Eu
tenho certeza que ela entenderia.
Ele não disse mais
nada.
- Mas você não vai
fazer isso, não é? - Eu pensei.
- Eu não vejo isso -
ele disse com a voz baixa. - Eu não posso imaginar. Eu apenas não...
vejo ninguém desse
jeito. Eu não reparo nas garotas mais, você sabe. Eu não vejo o rosto delas.
- Coloque a tiara e
maquiagem, e talvez Claire vai ter um diferente tipo de competição pra se
preocupar.
Quil riu e fez
barulhos de beijo pra mim. - Você está disponível essa sexta, Jacob?
- Bem que você
gostaria - eu disse, e então eu fiz uma careta. - É, acho que sim.
Ele hesitou um
segundo e então disse - Você pensa sobre namorar?
Eu suspirei. Acho que
eu tinha feito a deixa praquilo.
- Você sabe, Jake,
talvez você devesse pensar em ter uma vida.
Ele não disse aquilo
como piada. A voz dele estava compreensiva. O que fez aquilo ser pior.
- Eu não as vejo
também, Quil. Eu não vejo seus rostos.
Quil suspirou também.
Longe dali, baixo
demais pra que qualquer pessoa ouvisse, exceto nós, ao invés das ondas,
um uivo sugiu da
floresta.
- Merda, é o Sam -
Quil disse. As mãos dele suas mãos voaram pra tocar Claire, como que
pra se certificar que
ela ainda estava ali. - Eu não sei onde a mãe dela está!
- Eu vou ver o que é.
Se precisarmos de você, eu aviso. - Eu corri com as palavras. Elas
sairam todas
emboladas. - Hei, por que você não a leva pra casa dos Clearwater? Sue e Billy
podem ficar de olho
nela se for preciso. Eles devem saber o que está acontecendo, de qualquer
maneira.
- Okey, saia daqui,
Jake!
Saí correndo, não
pelo caminho cheio de ervas daninhas, mas no caminho mais curto em
direção à floresta.
Eu ultrapassei a primeira parte do ponte e então passei pelas roseiras, ainda
correndo. Eu senti
algumas lágrimas quando os espinhos cortaram a minha pele, mas as ignorei.
As picadas delas
seriam curadas antes que eu alcançasse as árvores.
Eu virei atrás da
loja e voei pela rodovia. Alguém buzinou pra mim. Uma vez a salvo nas
árvores, eu corri
mais rápido, dando grandes passadas. As pessoas ficariam se me vissem. Pessoas
normais não podem
correr tanto assim. Algumas vezes eu pensei que seria divertido entrar numa
corrida - você sabe,
nas Olimpíadas ou algo do tipo. Seria engraçado ver as caras dos atletas
quando eu passasse
por eles. Eu tinha certeza absoluta que no teste que eles fazem pra se
certificar que você
não usa esteróides, eles provavelmente encontrariam alguma coisa estranha no
meu sangue. Assim que
eu cheguei de verdade na floresta, sem estar cercado por estradas ou
casas, eu tive que
parar pra tirar as minhas roupas. Com rapidez e movimentos treinados, eu as
enrolei e amarrei com
uma corda em torno do meu tornozelo. Enquanto eu dava o último nó, eu
comecei a me
transformar. O fogo percorreu minha espinha, fazendo grandes espasmos pelos
meus braços e pernas.
Isso durou apenas um segundo. O calor me inundou, e eu senti pelo
silêncio que eu era
algo mais. Eu joguei minhas pesadas patas contra terra e estiquei as minhas
costas.
Me transformar era
muito fácil quando eu estava concentrado daquele jeito. Eu não tinha
problemas com meu
temperamento mais. Exceto quando ele entrava no caminho.
Por meio segundo, eu
lembrei do terrível momento daquela piada de casamento. Eu estava
tão tomado pela fúria
que eu não conseguia fazer meu corpo funcionar direito. Eu estava preso,
balançando e
queimando, incapaz de fazer a transformação e matar o monstro que estava a
alguns passos de mim.
Foi muito confuso. Morrendo de vontade de matá-lo. Com medo de
machucá-la. Meus
amigos no caminho. E então, quando eu estava finalmente pronto pra tomar a
forma que eu queria,
a ordem do meu líder. A ordem do Alpha. Se fossem apenas Quil e Embry ali
naquela noite, sem
Sam... eu seria capaz de matar o assassino, então?
Eu odeio quando Sam
impõe a lei desse jeito. Eu odeio o sentimento de não ter escolha. De
ter que obedecer.
E então eu tinha
consciência da platéia. Eu não estava sozinho nos meus pensamentos.
Tão absorvido consigo
mesmo, pensamento da Leah.
É, sem hipocrisia
aqui, Leah, pensei em resposta.
Posso, caras, Sam nos
disse.
Nós ficamos em
silêncio, e sentimos a reação de Leah pela palavra caras.
Tocante, como sempre.
Sam fingiu não
perceber. Onde estão Quil e Jared?
Quil estava com
Claire. Ele a está levando pros Clearwater.
Bom. Sue vai ficar
com ela.
Jared estava indo pra
casa da Kim, Embry pensou. Há chances dele não ter te ouvido.
Havia um resmungo
baixo no bando. Eu resmuguei junto. Quando Jared finalmente
apareceu, sem dúvida
ele ainda estava pensando em Kim. E ninguém queria saber o que eles
estavam fazendo.
Sam sentou-se sobre
suas patas e deu um outro uivo. Era um sinal e uma ordem ao mesmo
tempo.
O bando estava
reunido a alguns quilômetros a leste de onde eu estava. Eu girei na floresta
em direção a eles.
Leah, Embry e Paul estavam indo em direção a eles também. Leah estava perto
- logo eu conseguiria
ouvir os passos dela não muito longe das árvores. Continuamos em linha
paralela, escolhendo
não correr juntos.
Bem, não esperaremos
por ele o dia todo. Ele vai ter que saber depois.
O que foi, chefe?
Paul queria saber.
Eu senti os
pensamentos de Sam voltados pra mim - e não apenas os de Sam, mas os de
Seth, Collin e Brady
também. Collin e Brady - os garotos novos - estavam rondando com Sam
hoje, então eles
deviam saber tudo o que Sam sabia. Eu não sabia por que Seth já estava aqui, e
consciente. Não era a
vez dele.
Seth, diga a elas o
que você ouviu.
Eu acelerei, querendo
estar la. Eu ouvi Leah se mover mais rápido, também. Ela odiava ficar
pra trás. Ser a mais
veloz era a única coisa que ela reivindicava.
Reclame disso,
estúpido, ela assobiou, e então ela realmente acelerou. Eu afundei minhas
garras no chão e me
apressei.
Sam não parecia
animado a tolerar nossa competição. Jake, Leah, dêem um tempo.
Nenhum de nós
desacelerou.
Sam grunhiu, mas
deixou pra lá. Seth?
Charlie ligou pra
todo mundo até que encontrou Billy na minha casa.
É, eu falei com ele,
Paul completou.
Eu senti um solavanco
quando Seth pensou no nome de Charlie. Era isso. A espera tinha
acabado. Eu corri
mais rápido, me forçando a respirar, embora meus pulmões parecessem
paralizados.
Qual história seria?
Então, ele está
abalado. Acho que Edward e Bella voltaram pra casa semana passada, e...
Meu peito relaxou.
Ela estava viva. Ou
ela não estava morta morta, pelo menos.
Eu não percebia o
quão diferente aquilo seria pra mim. Eu pensei nela morta o tempo todo,
e eu via isso apenas
agora. Eu vi que eu nunca acreditei que ele a traria de volta com vida. Isso
não importava, porque
eu sabia o que estava por vir.
É, cara, e aqui estão
as más notícias. Charile falou com ela, disse que ela parecia mal. Ela
disse pra ele que
está doente. Carlisle pegou o telefone e disse que Bella pegou uma doença rara
na América do Sul.
Disse que ela está de quarentena. Charlie está ficando louco, por nem mesmo
ele tem permissão de
vê-la. Ele disse que não se importa em ficar doente, mas Carlisle não
concordaria. Sem
visitas. Disse a Charlie que era muito sério, mas que ele estava fazendo tudo
que podia. Charlie
soube disso há alguns dias, mas ele só ligou pra Billy agora. Ele disse que ela
parecia pior hoje.
O silêncio mental
quando Seth acabou foi profundo. Nós todos entendemos. Então ela
morreria dessa
doença, assim que Charlie saberia. Eles o deixaria ver o corpo? O pálido,
perfeitamente
congelado, e branco corpo? Eles o deixariam tocar a pele gélida - ele notaria
quão
dura ela estaria a
esse ponto. Eles teriam que esperar até que ela pudesse se controlar, pudesse
aguentar pra não
matar Charlie e os outros. Quanto tempo levaria?
Eles a enterrariam?
Ela se desenterraria sozinha ou os sugadores de sangue viriam ajudá-la?
Os outros ouviam
minhas especulações em silêncio. Eu pensava muito mais sobre isso do
que qualquer um
deles.
Leah e eu entramos na
clareira mais ou menos ao mesmo tempo. Ela estava certa que tinha
entrado primeiro. Ela
se sentou sobre suas patas ao lado de seu irmão enquanto eu marchava em
pra ficar ao lado da
mão direita de Sam. Paul circulou e me deixou ficar em meu lugar.
Ganhei de novo, Leah
pensou, mas eu mal pude ouví-la.
Eu imaginei porque eu
era o único que ainda estava de pé. Meu pêlo dos ombros se
levantou, mostrando a
minha impaciência.
Bem, o que nós
estamos esperando? Eu perguntei.
Ninguém disse nada,
mas eu senti a hesitação deles.
Oh, vamos! O acordo
está quebrado!
Nós não temos prova -
talvez ela esteja doente...
AH, POR FAVOR!
Okey, as evidências
são fortes. Mas... Jacob. O pensamento de Sam era lento, hesitante.
Você tem certeza de
que isso é o que você quer? De que é a coisa certa? Nós todos sabemos o
que ela queria.
O acordo não fala
nada da preferência da vítima, Sam!
Será que ela é mesmo
uma vítima? Você a considera mesmo dessa forma?
Sim!
Jake, Seth pensou,
eles não são nossos inimigos.
Cala a boca, menino!
Só porque você você tem uma adoração por aquele sugador de
sangue, isso não muda
a lei. Eles são nossos inimigos. Eles estão no nosso território. Nós os
tiramos daqui. Eu não
me importo se nós lutamos ao lado de Edward Cullen alguma vez na vida.
Então, o que você vai
fazer quando Bella lutar ao lado deles, Jacob? Hein? Seth perguntou.
Ela não é mais a Bella.
Você a mataria?
Eu não pude evitar de
arrepiar.
Não, você não faria.
Então, o que? Você vai querer que algum de nós faça? Então você
culparia algum de nós
por isso pra sempre?
Eu não faria...
O instinto me tomou e
eu me agachei, rosnando para o lobo cor de areia do outro lado do
círculo.
Jacob! Sam chamou a
atenção. Seth, cale-se por um instante.
Seth concordou com
sua cabeça grande.
Merda, o que foi que
eu perdi? Pensamento do Quil. Ele estava correndo para o local da
reunião a todo o gás.
Ouvi sobre a ligação do Charlie...
Nós estamos nos
aprontando pra ir, eu disse a ele. Por que você não passa na Kim e pega o
Jared com seus
dentes? Vamos precisar de todo mundo.
Venha diretamente pra
cá, Quil. Sam ordenou. Nós não decidimos nada ainda.
Eu grunhi.
Jacob, eu tenho que
pensar no que é melhor pra esse bando. Eu tenho pensar no jeito que
melhor protege todos
vocês. Os tempos mudaram desde que nossos ancestrais fizeram aquele
acordo. Eu... bem, eu
honestamente não creio que os Cullen sejam um perigo pra gente. E nós
sabemos que eles não
vão ficar aqui por muito mais tempo. Certamente, uma vez que eles
tenham contado a
história deles, eles vão sumir. Nossas vidas poderão voltar ao normal.
Normal?
Se nós os
desafiarmos, Jacob, eles vão se defeder.
Você está com medo?
Você está pronto pra
perder um irmão? Ele fez uma pausa. Ou uma irmã? Ele disse depois
de pensar um pouco.
Eu não estou com medo
de morrer.
Eu sei disso, Jacob.
Esta e uma razão pela qual eu questiono a sua opinião.
Eu olhei em seus
negros olhos. Você pretende honrar o acordo dos nossos pais ou não?
Eu honro o meu bando.
Eu faço o que é melhor pra eles.
Covarde.
O focinho dele se
contraiu, mostrando os seus dentes.
Já chega, Jacob. Você
passou dos limites. A voz mental de Sam mudou pra um estranho
timbre, que nós não
podíamos desobedecer. A voz do Alpha. Ele olhou pra cada lobo do círculo.
O bando não vai
atacar os Cullen sem ser provocado. O espírito do acordo permanece. Eles
não são perigosos pro
nosso povo, ou perigosos pro povo de Forks. Bella Swan fez uma escolha
consciente, e nós não
vamos puní-los pela escolha dela.
Entendido, entendido,
Seth disse, entusiasmado.
Eu pensei que tinha
dito pra você se calar, Seth.
Oops. Desculpe, Sam.
Jacob, onde você
pensa que vai?
Eu deixei o círculo,
indo diretamente pro oeste de modo que eu desse as costas pra ele. Eu
estou indo dizer
adeus ao meu pai. Aparentemente, não há mais razão pra que eu fique mais.
Oh, Jake - não faça
isso de novo!
Cale-se, Seth, muitas
vozes disseram juntas.
Nós não queremos que
você vá embora, Sam me disse, o pensamento dele mais suave que
antes.
Então me force a
ficar, Sam. Jogue fora minha vontade. Me escravize.
Você sabe que eu não
vou fazer isso.
Então não há nada
mais pra ser dito.
Eu corri deles,
tentando muito não pensar no que viria depois. Ao invés disso, me concentrei
em minhas memórias
dos longos meses como lobo, de deixar a humanidade em mim longe, até
que eu fosse mais
animal que humano. Vivendo o momento, comendo quando tinha fome,
dormindo quando
estava cansado, bebendo quando tinha sede, e correndo - correndo por correr.
Simples desejos,
simples respostas a esses desejos. A dor vinha em variadas formas. Dor de fome.
Dor do gelo sob suas
patas. Dor de senti suas garras se partirem porque seu jantar está agressivo.
Cada dor tinha uma
resposta fácil, uma ação fácil pra acabar com aquela dor.
Não como ser humano.
Enquanto eu encurtava
a distância pra minha casa, eu voltei ao meu corpo de humano. Eu
queria ser capaz de
ter alguma privacidade.
Eu desamarrei meus
shorts e os vesti, já correndo pra casa.
Eu fiz isso. Eu
escondi o que eu pensava e agora era tarde demais pra Sam me impedir. Ele
não podia me ouvir
agora.
Sam tinha feito uma
regra clara. O bando não atacaria os Cullen. Okay.
Ele não mencionou
nada sobre um ataque individual.
Não, o bando não ia
atacar ninguém hoje.
E eu ia.
9 – CERTO COMO O
INFERNO NÃO SABIA DAQUELA CHEGADA
Eu realmente não
pretendia dizer adeus pro meu pai.
Depois de tudo, uma
ligação pra Sam e a caça estaria ponta. Eles me interceptariam e me
trariam de volta.
Provavelmente tentariam me deixar nervoso, ou mesmo me machucar - de
alguma forma me
forçar a ouvir Sam ditar uma nova ordem. Mas Billy estava e esperando,
sabendo que eu
estaria meio atordoado. Ele estava no jardim, apenas sentado em sua cadeira de
rodas e seus olhos
exatamente no ponto onde eu apareceria através das árvores. Eu vi ele
olhando na minha
direção - diretamente da casa pra minha garagem.
- Tem um minuto,
Jake?
Eu parei por um
instante. Olhei pra ele diretamente da garagem.
- Venha, garoto. Ao
menos me ajude a entrar em casa.
Eu rangi dentes mas
decidi que era melhor pra não causar problemas pro Sam se eu não
mentisse pra ele por
alguns minutos.
- Desde de quando
você precisa de ajuda, velho?
Ele riu aquela sua
risada estrondosa. - Meus braços estão cansados. Eu me empurrei por
todo o caminho da
casa de Sue.
- É uma decida. Você
deslizou o tempo todo.
Eu girei a cadeira
dele pra cima da pequena rampa que eu fiz pra ele na sala de estar.
- Me pegou. Acho que
ultrapassei os sessenta quilômetros por hora. Foi bom.
- Você ainda vai
quebrar essa cadeira, você sabe. E aí você vai ter que se carregar pelos
cotovelos.
- Nem vem. O trabalho
de me carregar será todo seu.
- Você não irá a
muitos lugares.
Billy colocou suas
mãos nas rodas e se dirigiu à geladeira. - Ainda tem alguma coisa pra
comer?
- Me pegou. Paul
ficou aqui o dia todo, então, provavelmente não.
Billy suspirou. -
Tenho que começar a esconder as coisas se não quisermos morrer de fome.
- Diga a Rachel pra
ir pra casa dele.
O tom de piada do
Billy se desfez, e seus olhos ficaram mais ternos. - Nós a temos em casa
por apenas alguns
meses. É a primeira vez que ela fica por tanto tempo. É difícil - as garotas
são
mais velhas que você
quando a sua mãe morreu. Eles tem maiores problemas pra ficar nessa casa.
- Eu sei.
Rebecca não vinha em
casa desde que se casou, mas ela tinha uma desculpa. As passagens
de avião do Havaí
eram bem caras. Washington era bem perto então Rachel não tinha a mesma
desculpa. Ela pegava
turmas direto no semestre de verão, trabalhando turnos dobrados em algum
café no campus. Se
não fosse o Paul, ela provavelmente já teria voltado há algum tempo. Talvez
fosse por isso que
Billy ainda não o havia expulsado.
- Bem, eu vou
trabalhar em algumas coisas... - Eu fui pra porta de trás.
- Espere, Jake. Você
não vai me dizer o que aconteceu? Eu vou ter que ligar pro Sam pra
saber?
Eu fiquei de costas
pra ele, escondendo minha cara.
- Não aconteceu nada.
Sam está dando a eles a chance. Acho que agora somos adoradores
de sanguessuga.
- Jake...
- Eu não quero falar
sobre isso.
- Você está partindo,
filho?
O cômodo ficou quieto
por um longo tempo enquanto eu decidia como eu iria dizer aquilo.
- Rachel pode ficar
com o quarto dela de volta. Eu sei que ela odeia o colchão de ar.
- Ela preferiria
dormir no chão que perder você. Eu também.
Eu bufei.
- Jacob, por favor.
Se você precisa... de um tempo. Bem, tire um tempo. Mas não por tanto
tempo de novo. Volte.
- Talvez. Talvez eu
venha pros casamentos. Venha pro do Sam, depois, o da Rachel. Jared e
Kim devem vir logo
depois. Provavelmente eu devesse ter um terno ou algo do tipo.
- Jake, olhe pra mim.
Eu me virei
lentamente.
- O que?
Ele olhou nos meus
olhos por um longo minuto. - Pra onde você está indo?
- Eu não tenho um
lugar específico em mente.
Ele virou a cabeça
pro lado, olhos marejados. - Não tem?
Nós nos olhamos. Os
segundos passaram.
- Jacob - ele disse.
Sua voz estava forte. - Jacob, não. Não vale a pena.
- Não sei do que você
está falando.
- Deixa a Bella e os
Cullen. Sam está certo.
Eu olhei pra ele por
um instante, e então cruzei os cômodo em duas passadas largas. Peguei
o telefone e
desconectei o cabo do fone e do gancho. Peguei o fio cinza.
- Adeus, pai.
- Jake, espere - ele
me chamou, mas eu já tinha saído pela porta, correndo.
A moto não era tão
rápida quanto a minha corrida, mas era mais discreta. Eu pensei quanto
tempo levaria até que
Billy conseguisse chegar à loja e então ligar para alguém que pudesse dar o
recado à Sam. O
problema seria se Paul voltasse pra casa mais cedo. Ele poderia transformar-se
em um segundo e
avisar Sam sobre o que eu estava fazendo...
Eu não ia me
preocupar com isso. Eu iria o mais rápido que pudesse, se eles me
alcançassem, eu faria
o que devia ser feito.
Eu liguei a moto e
então estava descendo pelo terreno lamacento. Eu não olhei pra trás
quando passei pela
casa.
A rodovia estava
cheia de turistas; eu costurei pelos carros, ganhando um monte de
buzinadas e dedos.
Fiz o cortorno na 101 no quilômetro 110, sem olhar. Eu tive andar na linha por
um minuto pra evitar
que uma minivan me pegasse. Não que aquilo me mataria, mas me deixaria
mais lento. Quebraria
ossos- os maiores, pelo menos - levariam dias pra colar completamente, eu
tinha experiência
própria.
O caminho foi
liberado um pouco, e então eu coloquei a moto a mais de 120. Eu não toquei
nos freios até que eu
estivesse perto o suficiente; eu percebi que estava na clareira então. Sam
não viria tão longe
pra me impedir. Era tarde demais.
Não não estava até
aquele momento - quando eu estava certo que eu fiz - que eu comecei a
pensar no que eu
estava prestes a fazer agora. E diminuí pra quase 40, fazendo as curvas mais
cuidadosamente que o
necessário.
Eu sabia que eles me
ouviriam chegar, com ou sem moto, então, sem surpresas. Não havia
como desviar a
atenção. Edward ouviria o meu plano assim que eu estivesse perto o suficiente.
Talvez ele já até
pudesse ouvir. Eu ainda achava que iria funcionar, porque eu tinha o ego dele
ao
meu lado. Ele iria
querer lutar comigo sozinho.
Então, eu apenas
entrei, veria a preciosa evidência de Sam eu mesmo, e então desafiaria
Edward pra um duelo.
Eu bufei. O parasita
provavelmente dispensaria as teatralidades.
Quando eu tivesse
acabado com ele, eu pegaria quantos deles eu conseguisse antes deles
me pegarem. Hun - eu
imaginei se Sam consideraria minha morte uma provocação.
Provavelmente diria
que eu tive o que mereci. Eles não iriam ofender os melhores amigos de
infância
sanguessugas.
A estrada abriu uma
clareira, e o cheiro me atingiu como uma tomatada na cara. Ugh.
Vampios fedorentos.
Meu estômago começou a embrulhar. O fedor ficaria pior dali em diante -
exceto pelo cheiros
dos humanos que deviam ser de outra vez que eu fui ali - embora não pior
que o cheio pro meu
nariz de lobo.
Eu não tinha certeza
do que esperar, mas não havia sinais de vida pela grande cripta branca.
Claro que eles sabiam
que eu estava ali.
Eu desliguei a moto e
ouvi o silêncio. Agora eu podia ouvir a tensão, murmúios raivosos do
outro da porta. Tinha
alguém em casa. Eu ouvi o meu nome e sorri, feliz por estar causando
algum estresse.
Respirei fundo - isso
seria pior de fazer lá dentro - e subi as escadas da frente com um passo
só.
A porta se abriu
antes mesmo que eu a tocasse, e o doutor apareceu, seus olhos mórbidos.
- Oi, Jacob - ele
disse, mais calmo que o esperado. - Como vai você?
Eu respirei fundo de
novo, pela boca. O fedor que saía pela porta era muito forte.
Eu estava despontado
que fosse o Carlisle que tivesse atendido. Eu preferia que Edward tivesse
vindo atender a
porta, bufando. Carlisle era muito... humano ou algo assim. Talvez fossem os
atendimentos em casa
que ele fez na primavera passada quando eu estava destroçado. Mas foi
desconfortável olhar
pra ele e ver que eu pretendia matá-lo se pudesse.
- Eu ouvi que Bella
voltou pra casa viva - eu disse.
- Er, Jacob, não é
realmente uma boa hora. - O doutor pareceu desconfortável, também,
mas não do jeito que
eu esperava que ele estivesse. - Poderia ser outra hora?
Eu olhei pra ele
confuso. Ele estava me pedindo pra adiar a luta final pra um momento mais
propício?
E então, eu ouvi a
voz de Bella, quebrada e fraca, e eu não podia pensar em mais nada.
- Por que não? - ela
perguntava alguma coisa. - Vocês estão mantendo segredo pro Jacob
também? O que
importa?
A voz dela não estava
como eu esperava. Eu tentava me lembrar da voz dos vampiros mais
jovens com quem
lutamos na primavera passada, mas tudo o que eu registrei foram grunhidos.
Talvez os
recém-nascidos não tivessem a profundidade, a melodia dos mais velhos, também.
Talvez todos os novos
vampiros fossem roucos.
- Entre, por favor,
Jacob - Bella disse mais alto.
Os olhos de Carlisle
se apertaram.
Eu imaginei se Bella
estava com sede. Meus olhos se estreitaram, também.
- Com licença - eu
disse pro doutor enquanto entrava. Foi difícil - era contra todos os meus
instintos dar as
costas pra algum deles. Mas não impossível. Se havia algum vampiro gentil, era
o
estranho líder deles.
Eu ficaria longe do
Carlisle quando a luta começasse. Havia bastante deles pra matar antes
dele.
Eu entrei na casa,
mantendo minhas costas pra parede. Meus olhos percorreram a sala - não
me era familiar. A
última vez que eu estive ali, estava tudo pronto pra uma festa. Tudo estava
claro e pálido agora.
Incluindo os seis vampiros agrupados no sofá.
Eles estavam todos
ali, todos juntos, mas não foi aquilo que me fez congelar onde eu estava.
Era Edward. Era a
expressão que ele carregava.
Eu o havia visto com
raiva, e o havia visto sendo arrogante, e uma vez o vi sofrer. Mas isso -
era além da agonia.
Os olhos dele estavam meio lerdos. Ele não olhou pra cima pra me ver. Ele
olhou pra almofada ao
seu lado como se alguém o tivesse tacado fogo nele. Suas mãos eram
como garras ao seu
lado.
Eu não podia sequer
gostar de sua angústia. Eu só podia pensar em uma coisa que poderia
fazê-lo ficar daquele
jeito e meus olhos seguiram os dele.
Eu a vi no mesmo
instante que senti o seu cheiro.
Seu doce, quente e
humano cheiro.
Bella estava meio
escondida pelo braço do sofá, em uma posição fetal, seus braços ao redor
de seus joelhos. Por
um longo instante eu não pude ver nada além da Bella que eu amava, sua
pela ainda macia, cor
de pêssego, seus olhos ainda eram cor de chocolate. Meu coração pulsou
numa estranha,
quebrada batida, e eu pensei se estava sonhando e estava prestes a acordar.
Então, eu realmente a
vi.
Havia profundos
círculos roxos abaixo dos olhos dela, que se destacavam pelo seu rosto
fundo. Ela teria
emagrecido? Sua pele parecia mais esticada - como se seus ossos fossem
rasgá-la,
A maior parte do
cabelo dela estava presa em um nó, mas algumas mechas escorriam pela sua
testa e pescoço, pro
repledoroso suor que cobria sua pele. Havia um que de fragilidade em seus
pulsos e dedos que
era assustador.
Ela estava doente.
Muito doente.
Não era mentira. A
história que Charlie disse para Billy não era apenas uma história.
Enquanto eu olhava,
olhos esbugalhados, sua pele ficou meio esverdeada.
A sanguessuga loira -
a mais aparecida, Rosalie - estava ao lado dela, atrapalhando a minha
visão, ficando de um
estranho jeito protetor.
Isso estava errado.
Eu sabia que como Bella se sentia sobre quase tudo - seus pensamentos
erma muito óbvios;
algumas vezes era como se tivesse escrito em sua testa. Então ela nem
precisava me dizer os
detalhes pra eu saber. Eu sabia que Bella não gostava de Rosalie. Eu podia
ver em seus lábios
quando ela falava dela. Não era como se ela não gostasse dela. Ela tem medo
da Rosalie. Ou tinha.
Não havia medo no
olhar que Bella lançou pra ela. A expressão dela era de súplica... ou algo
assim. Então Rosalie
pegou uma bacia do hão e colocou embaixo do queixo de Bella bem a tempo
dela vomitar lá
dentro.
Edward ficou de
joelhos ao lado de Bella - os olhos dele pareciam de um torturado - e
Rosalie segurou a mão
dela, alertando-o pra ficar longe.
Nada fazia sentido.
Quando ela pôde levantar
a cabeça, Bella sorriu fraca pra mim, meio constrangida. -
Desculpe por isso -
ela sussurrou pra mim.
Edward grunhiu
quieto. A cabeça dele encostou-se aos joelhos de Bella, e ela colocou uma
das mãos em sua
bochecha. Como se estivesse confortando ele.
Eu não sei como
minhas pernas me levaram pra mais perto, até que Rosalie bufou pra mim,
de repente aparecendo
entre o sofá e eu. Ela era como uma pessoa numa tela de TV. Eu não me
importa que ela
estivesse ali. Ela não parecia real.
- Rose, não - Bella sussurrou.
- Está tudo bem.
A loira saiu da minha
frente, embora eu soubesse que ela detestou fazer isso. Fazendo cara
feia pra mim, ela
agachou-se perto de Bella, pronta pra pular. Ela era mais fácil de se ignorar
do
que eu tinha
imaginado.
- Bella, o que há de
errado? - Eu sussurrei. Sem pensar, eu me vi de joelhos também, caindo
sobre o sofá preto em
frente ao... marido dela. Ele pareceu não me ver, e eu mal olhei pra ele. Eu
alcancei sua mão
livre, segurando com as minhas duas.
A pele dela estava
gélida. - você está bem?
Pergunta estúpida.
Ela nem respondeu.
- Eu estou feliz que
você tenha vindo me ver hoje, Jacob - ela disse.
Embora eu soubesse
que Edward não podia ouvir os pensamentos dela, parecia que ele
tinha entendido algum
coisa que eu não tinha. Ele gemeu de novo, no cobertor que a cobria, e ela
acariciou sua
bochecha.
- O que é isso,
Bella? - Eu insisti, segurando firme suas frágeis mãos.
Ao invés de
responder, ela olhou pelo cômodo como se estivesse procurando alguma coisa,
em seu olhar,
insegurança e certeza. Seis pares de olhos ansiosos olharam pra ela. Ela
finalmente
disse pra Rosalie.
- Me ajude a
levantar, Rose? - Ela pediu.
Rosalie mordeu os
lábios, e ela olhou pra mim como se quisesse cortar a minha garganta. Eu
tinha certeza que era
exatamente isso que ela queria.
- Por favor, Rose.
A loira fez uma cara,
mas foi até ela de novo, perto de Edward, que não se moveu sequer
uma polegada. Ela pôs
os braços cuidadosamente embaixo dos ombros de Bella.
- Não - eu sussurrei.
- Não se levante... - Ela parecia muito fraca.
- Estou respondendo à
sua pergunta - ela retrucou, soando mais próximo ao jeito que ela
costumava falar
comigo.
Rosalie tirou Bella
do sofá. Edward ficou onde ele estava, escorregando até que seu rosto
caísse nas almofadas.
O cobertor caiu aos pés de Bella.
O corpo de Bella
estava inchado, seu tronco estava de um estranho jeito, parecendo um
balão. Estava
marcando a blusa cinza que ela vestia, que era grande demais para os seus
ombros
e braços. O restante
dela parecia mais magro, como se um grande volume tivesse sido sugado do
restante do corpo.
Levou um tempo até que eu percebe-se qual parte estava deformada - eu não
entendi até que ela
colocou as mãos ternamente sobre o seu estômago inchado, uma em cima e
uma embaixo. Como se
ela estivesse aninhando aquilo.
Eu vi aquilo, mas eu
ainda não conseguia acreditar. Eu a vi a menos de um mês atrás. Não
havia como ela estar
grávida. Não daquele jeito.
A menos que ela
estivesse.
Eu não queria ver
aquilo, não queria pensar naquilo. Eu não queria pensar nele dentro dela.
Eu não queria saber
que algo que eu odiava tanto tinha violado o corpo que eu amava. Meu
estômago revirou, e
eu tive que engolir o vômito.
Mas pior que aquilo,
muito pior. O corpo deformado dela, os ossos pressionando a pele do
rosto dela, eu só
podia imaginar que ela parecia daquele jeito - tão grávida, tão doente - porque
o
que quer que
estivesse dentro dela, ele estava sugando a vida dela pra alimentar a si
próprio...
Porque aquilo era um
monstro. Como o pai.
Eu sempre soube que ele
a mataria.
A cabeça dele
levantou-se quando ele ouviu as palavras dentro da minha. Um segundo e
estávamos ambos de
joelhos, e então ele estava de pé, altivo pra cima de mim. Os olhos dele
estavam bem negros,
os círculos em torno deles bem escuros.
- Lá fora, Jacob -
ele rosnou.
Eu me levantei
também. Olhando de cima pra ele agora. Era pra isso que eu estava ali.
- Vamos fazer isso -
eu concordei.
O maior, Emmet,
empurrou Edward pro outro lado, junto com o esfomeado, Jasper, logo
atrás dele. Eu
realmente não me importava.
Talvez o meu bando
limpasse a sujeira depois que eles tivessem acabado comigo. Talvez
não. Não importava.
Por um décimo de
segundo, meus olhos viram as duas figuras que estão atrás. Esme. Alice.
Mulheres pequenas e
que distraíam. Bem, eu estava certo que os outros me matariam depois que
eu tivesse resolvido.
Eu não queria matar garotas... mesmo garotas vampiras.
Embora eu pudesse
abrir uma exceção pra loira.
- Não - Bella disse,
e ela se moveu, desequilibrou-se, caindo nos braços de Edward. Rosalie
se moveu com ela,
como se tivesse uma corrente prendendo uma à outra.
- Eu só preciso falar
com ele, Bella - Edward disse com a voz baixa, falando apenas com ela.
Ele esticou-se para
tocar seu rosto, para acariciá-lo. Isso fez o cômodo ficar vermelho, me fez
pegar fogo - aquilo,
depois de tudo o que ele tinha feito pra ela, ele ainda podia tocá-la daquele
jeito. - Não se
desgaste - ele suplicava. - Por favor, descanse. Nós estaremos de volta em
alguns
minutos.
Ela olhou pra ele,
cuidadosamente. Então ela concordou e sentou-se novamente no sofá.
Rosalie ajudou a se
ajeitar nas almofadas. Bella olhou pra mim, tentando encontrar meus olhos.
- Comportem-se - ela
insistiu. - E então, voltem.
Eu não respondi. Eu
não faria promessas hoje. E desviei o olhar e então segui Edward pela
porta da frente.
Uma vozinha dentro da
minha cabeça percebeu que não foi difícil tirá-lo de perto do clã, não
é mesmo?
Ele continuou
andando, nunca olhando se eu estava prestes a atacar sua retaguarda
desprotegida. Eu
supus que ele não precisava olhar. Ele saberia se eu decidisse atacar. O que
significava que eu
teria que tomar a decisão bem rápido.
- Eu não estou pronto
pra que você me mate, Jacob Black - ele sussurrou assim que nós
estávamos longe o
suficiente da casa. - Você vai ter que ser um pouco paciente.
Como se eu me
importasse com a agenda dele. Eu respirei fundo, confiante.
- Paciência é a minha
especialidade.
Ele continuou
andando, por mais alguns metros pra longe da casa, comigo bem nos
calcanhares dele. Eu
estava todo quente, meus dedos queimando. No ponto, prontos e esperando.
Ele parou sem avisar
e virou o rosto pra mim. A expressão dele me congelou de novo.
Por um segundo, eu
era um garoto - um garoto que viveu toda a sua vida numa cidade
pequena. Só um
garoto. Porque eu sabia que eu teria que viver muito mais, sofrer muito mais,
pra
poder ao menos
entender o sofrimento e a agonia nos olhos de Edward.
Ele levantou a mão
como se fosse secar o suor de sua testa, mas seus dedos passaram pelo
seu rosto como se
fossem rasgar sua pelo de granizo. Os seus olhos negros queimaram em suas
órbitas, fora de
foco, ou vendo coisas que não estavam ali. A boca dele abriu como se ele fosse
gritar, mas nada
saiu.
Era como encarar um
homem que seria queimado vivo.
Por um momento, eu não
podia falar. Era muito real, aquele rosto - eu tinha visto uma
sombra daquilo na
casa, visto nos olhos dela, e nos dele, mas era o final. O último prego do
caixão
dela.
- Aquilo a está
matando, não é? Ela está morrendo. - E eu sabia quando eu disse que meu
rosto era um reflexo
do dele. Mais fraco, diferente, porque eu ainda estava em choque. Eu ainda
não tinha colocado a
minha cabeça no lugar - tinha sido muito rápido. Ele teve tempo pra digerir
tudo. E era diferente
porque eu já a havia perdido muitas vezes, de vários modos, na minha
cabeça. E diferente
porque ela nunca foi minha, de verdade.
E diferente porque
não era minha culpa.
- Minha culpa -
Edward sussurrou, e seus joelhos cederam. Ele se ajoelhou na minha frente,
vulnerável, o alvo
mais fácil que eu poderia imaginar.
Mas eu parecia frio
como a neve - não havia fogo em mim.
- Sim - ele gemeu pra
terra, como se estivesse confessando pra ela. - Sim, aquilo a está
matando.
Seu desamparo estava
me irritando. Eu queria uma briga, não uma execução. Onde estava
toda a presunção de
superioridade dele agora?
- Então por que
Carlisle não fez alguma coisa? - Eu rosnei. - Ele é médico, não? Tire isso
dela.
Ele olhou pra cima e
então me disse com uma voz cansada. Como se estivesse explicando
pra uma criança, pela
décima vez. - Ela não vai deixar.
Levou um minuto pra
palavras descerem. Deus, ela estava mesmo disposta a isso. Claro,
morrer por um
monstrinho. Isso era bem Bella.
- Você a conhece
melhor - ele sussurrou. - Quão rápido você acha... eu não vejo. Não em
tempo. Ela não
falaria comigo no caminho pra casa, não. Eu achei que ela estivesse com medo -
seria o natural. Eu
pensei que ela estivesse com raiva de mim por tê-la sujeitado a tal, por ter
colocado a vida dela
em perigo. De novo. Eu nunca imaginei que ela estava realmente pensando,
no que ela estava
resolvida a fazer. Não até que a minha família nos encontrou no aeroporto e ela
correu pros braços de
Rosalie. Os braços de Rosalie! E então, eu ouvi o que Rosalie estava
pensando. Eu não
entendi até que ouvi. Até você percebeu depois de um segundo... - Ele desviou
o olhar, rosnando.
- Voltando um
instante. Ela não vai deixar você. - O sarcasmo estava ácido na minha língua.
- Você já parou pra
pensar que ela é tão forte quanto qualquer outra garota de 50 quilos? Quão
estúpidos são vocês
vampiros? Segurem-na e nocauteiem-na com remédios.
- Eu quis fazer isso
- ele suspirou. - Carlisle teria feito...
O que, eles eram tão
nobres assim?
- Não. Não nobres. A
guarda costas dela complicou as coisas.
Oh. A história dele
não fez muito sentido antes, mas agora sim. Então era isso que a loira
estava fazendo. O que
ela queria? A rainha da beleza queria tanto que Bella morresse?
- Talvez - ele disse.
- Rosalie não vê as coisas bem desse jeito.
- Então, tire a loira
do caminho primeiro. Sua espécie pode se regenerar não? Faça dela um
quebra-cabeças e
cuide da Bella.
- Emmett e Esme estão
tomando conta dela. Eles nunca nos deixariam... e Carlisle não me
ajudaria com Esme
contra isso... - Ele aprou, sua voz desaparecendo.
- Você devia ter
deixado a Bella comigo.
- Sim.
Era um pouco tarde
pra isso. Talvez ele devesse ter pensado nisso antes que eles fizessem o
monstrinho sugador de
vida.
Ele olhou pra mim de
dentro do seu inferno particular, e eu podia ver que ele concordava
comigo.
- Nós não sabíamos -
ele disse, palavras calmas como um suspiro. - Eu nunca pensei nisso.
Nunca houve algo como
Bella e eu antes. Como nós poderíamos saber que uma humana poderia
conceber uma criança
com um de nós –
- Quando as mulheres
deviam ser rasgadas ao meio no processo?
- Sim - ele concordou
num suspiro tenso. - Eles não eram daqui, os sádicos, incubus e
succubus. Eles
existem. Mas a sedução é meramente um prelúdio pra festa. Ninguém sobrevive. -
Ele balançou a cabeça
como se a idéia o revoltasse. Como se ele fosse muito diferente. - Mesmo
você, Jacob, Black,
pode me odiar tanto quanto eu me odeio.
Errado, eu pensei,
nervoso demais pra falar.
- Me matar agora não
vai salvá-la - ele disse devagar.
- Então, o que a
salva?
- Jacob, você tem que
fazer uma coisa pra mim.
À merda, que eu faço,
parasita!
Ele se manteve
olhando pra mim com aqueles olhos cansados e transtornados.
- Por ela?
Eu fechei meus dentes
com força. - Eu fiz o que eu pude pra mantê-la longe de você. Tudo o
que eu pude. É tarde
demais.
- Você a conhece,
Jacob. Você está ligado a ela de um jeito que eu não posso sequer
entender. Ela não vai
me ouvir, porque ela acha que eu a estou subestimando. Ela acha que é
forte o suficiente
pra isso... - Ele respirou e engoliu seco. - Ele pode escutar você.
- Por que ela
escutaria?
Ele se balançou, seus
olhos queimando mais brilhantes que antes, selvagens. Eu imaginei se
ele estava mesmo
ficando louco. Poderiam vampiros perder a cabeça?
- Talvez - ele
respondeu ao meu pensamento. - Eu não sei. Parece que sim. - Ele balançou a
cabeça. - Eu tenho
que tentar esconder isso na frente dela, porque o estresse faz com que ela
fique mais fraca. Ela
não pode ficar mais fraca. Eu tenho que me compor; Eu não posso fazer isso
ser mais difícil. Mas
não importa agora. Ela tem que te escutar!
- Eu não posso dizer
nada que você já não tenha dito. O que você quer que eu faça? Diga a
ela que ela é
estúpida? Ela provavelmente já sabe disso. Diga que ela vai morrer? Aposto que
ela
já sabe, também.
- Você pode
oferecê-la o que ela quer.
Não estava fazendo
sentido. Parte da loucura?
- Eu não me importo
com mais nada, a não ser mantê-la viva - ele disse, de repente focado
no assunto. - Se são
crianças o que ela quer, ela pode ter. Ela pode ter meia dúzia deles. Tudo o
que ela quiser. - Ele
parou por um instante. - Ela pode ter filhotes, se é o que é preciso.
Ele encontrou o meu
olhar por um momento e o rosto dele estava preso por um fio de
controle. Eu
desfranzi minha testa enquanto processava as palavras dele, e senti a minha boca
abrir em choque.
- Mas não desse jeito
- ele gritou antes que eu pudesse me recuperar. - Não essa coisa que
está sugando a vida
dela enquanto eu fico aqui, de mãos atadas! Assistindo-a adoecer e
enfraquecer. Vendo
isso machucando-a. - Ele respirou fundo rapidamente, como se alguém o
tivesse socado no
estômago. - Você tem que fazê-la ver, Jacob. Ela não vai mais me ouvir. Rosalie
está sempre ali,
alimentando essa loucura - encorajando-a. Protegendo-a. Não, protegendo aquilo.
A vida da Bella não
significa muita coisa pra ela.
O barulho da minha
garganta soava como se eu estivesse sufocando.
O que é que ele
estava dizendo? Que a Bella deveria o que? Ter um bebê? Comigo? O que? Ele
estava desistindo
dela? Ou ele pensou que ela não se importaria em ser dividida?
- Qualquer coisa.
Qualquer coisa que a mantenha viva.
- Essa é a coisa mais
louca que você já disse - eu resmunguei.
- Ela ama você.
- Não o bastante.
- Ela está prestes a
morrer pra ter um filho. Talvez ela aceite algo menos extremo.
- Você não a conhece
não?
- Eu sei, eu sei. Vai
ter que ser bem convincente. É por isso que eu preciso de você. Você
sabe como ela pensa.
Faça-a ver.
Eu não conseguia
pensar no que ele estava sugerindo. Era demais. Impossível. Errado.
Doentio. Pegar Bella
pra um fim de semana e depois devolvê-la como um filme na locadora?
Terrível.
Tão tentador.
Eu não queria
considerar, não queria nem mesmo imaginar, mas as imagens vinham. Eu
fantasiei Bella,
várias vezes, de volta onde ainda havia uma possibilidade de nós, e mesmo
depois
de ter desfeito essas
fantasias, elas permaneciam feridas abertas, porque não havia possibilidade,
no mais. Eu não tinha
sido capaz de evitar. Eu não podia me impedir agora. Bella nos meus
braços, Bella
suspirando o meu nome... Ainda pior, essa nova imagem que eu não tinha tido
antes, uma que não
tinha sequer existido pra mim. Até agora. Uma imagem que eu sabia que eu
não teria sofrido por
anos se ele não tivesse enfiado na minha cabeça. Mas estava lá, tecendo
teias no meu cérebro
como ervas daninhas - venenosas e imortais. Bella, saudável e brilhante,
bem diferente de
agora, mas algo era o mesmo: o corpo dela, não deformado, modificado de
modo mais natural.
Protegendo meu filho.
Eu tentei escapar da
rede venenosa na minha cabeça. - Fazer a Bella ver? Em qual universo
você vive?
- Ao menos tente.
Balancei minha cabeça
rapidamente. Ele esperou, ignorando uma resposta negativa porque
ele podia ouvir o
conflito na minha cabeça.
- De onde veio toda
essa besteira? Você está fazendo isso pra que?
- Eu não tenho pensando
em mais nada, a não ser maneiras de salvá-la desde que eu
percebi o que ela
estava planejando. Pelo que ela pretendia morrer. Mas eu não sabia como falar
com você. Eu sei que
você não atenderia se eu ligasse. Eu teria que achar um jeito se você não
tivesse vindo aqui
hoje. Mas é difícil deixá-la, mesmo que por alguns minutos. A condição dela...
muda muito rápido.
Essa coisa... está crescendo. Depressa. Eu não posso ficar longe dela agora.
- O que é aquilo?
- Nenhum de nós tem
idéia. Mas é mais forte que ela. Já.
Eu pude de repente
ver então - ver o monstrinho na minha cabeça, destruindo-a de dentro
pra fora.
- Me ajude a acabar
com isso - ele sussurrou. - Me ajude a impedir que isso aconteça.
- Como? Oferecendo os
meus serviços? - Ele não pareceu se aborrecer com o que eu disse,
mas eu sim. - Você é
realmente doente. Ela nunca vai ouvir isso.
- Tente. Não há nada
a perder agora. Vai doer fazer isso?
- Doeria em mim. Eu
não tive doses de rejeição suficiente da Bella não?
- Um pouquinho de dor
pra salvá-la? É um custo muito alto?
- Mas não vai
funcionar.
- Talvez não. Talvez
isso a deixe confusa. Talvez ela repense sua decisão. Um momento de
dúvida, é tudo o que
eu preciso.
- E então você volta
atrás na oferta? - estava brincando, Bella?
- Se ela quer um filho,
é isso que ela vai ter. Eu não vou voltar atrás.
- Eu não podia
acreditar nem mesmo que eu estava pensando sobre isso. Bella me socaria -
não que eu me
importasse muito com isso, mas ela provavelmente quebraria a mão de novo. Eu
não devia ter deixado
ele falar comigo, confundindo a minha cabeça. Eu devia era matá-lo agora.
- Não agora - ele
suspirou. - Não ainda. Certo ou errado, isso vai matá-lo, e você sabe disso.
Não é necessário ser
apressado. Se ela não te escutar, você terá sua chance. No momento em que
o coração da Bella
parar de bater, eu vou implorar pra que você me mate.
- Você não vai
precisar implorar muito.
A insinuação de um
sorriso pareceu brotar-lhe no canto dos lábios. - Eu estou contando com
isso.
- Então, temos um
trato.
Ele concordou e me
estendeu sua mão fria e dura.
Engolindo minha
repugnância, eu estendi a minha mão e alcancei a dele. Meus dedos
apertaram a rocha, e
eu balancei uma vez.
- Temos um trato -
ele concordou.
10 – POR QUE EU
SIMPLESMENTE NÃO FUI EMBORA? OH CERTO, PORQUE EU
SOU UM IDIOTA
Eu me senti como −
como não sei o que. Como se isso não fosse real. Como se eu tivesse
em uma versão gótica
de um sitcom ruim. Ao invés de ser o jogador de basquete que estava
prestes a pedir pra
capitã das animadoras de torcida pra ir ao baile, eu era o lobisomem que
acabou-em-segundo-lugar
que estava prestes a pedir a esposa do vampiro pra procriar. Legal.
Não, eu não faria
isso. Era confuso e errado. Eu ia esquecer tudo o que ele tinha dito.
Mas eu iria falar com
ela. Eu iria tentar fazer ela me escutar.
E ela não iria ouvir.
Como sempre.
Edward não respondeu
ou comentou os meus pensamentos enquanto guiava o caminho de
volta pra casa. Eu
imaginei o lugar que ele escolheu parar. Era longe o suficiente da casa para
que
os outros não ouvissem
seus sussurros? Era essa a questão?
Talvez. Quando nós
entramos a porta, os olhos dos outros Cullen estavam suspeitos e
confusos. Ninguém
pareceu enojado ou ultrajado. Então eles não devem ter escutado nenhum dos
favores que Edward me
pediu.
Eu hesitei na
entrada, sem certeza do que fazer. Estava bem melhor ali, com um pouquinho
de ar respirável
assoprando de fora pra dentro.
Edward andou no meio
da desordem, ombros rígidos. Bella o olhou ansiosa, e então seus
olhos caíram em mim
por um segundo. Então ela estava o olhando de novo.
Seu rosto se tornou
um cinza pálido, e eu pude ver o que ele quis dizer sobre o estresse
fazer ela se sentir
pior.
- Nós vamos deixar
Jacob e Bella conversar com privacidade - Edward disse. Não havia
inflexão em sua voz.
Robótica.
- Só por cima das
minhas cinzas - Rosalie assobiou a ele. Ela ainda estava pairando a cabeça
de Bella, uma de suas
mãos geladas situada possessivamente na bochecha amarela dela.
Edward não olhou pra
ela. – Bella - ele disse naquele mesmo tom vazio. - Jacob quer
conversar com você.
Você está com medo de ficar sozinha com ele?
Bella olhou pra mim,
confusa. Então olhou pra Rosalie.
- Rose, está tudo
bem. Jake não vai nos machucar. Vá com o Edward.
- Pode ser um truque
- a loira avisou.
- Eu não vejo como -
Bella disse.
- Carlisle e eu
sempre estaremos na sua vista, Rosalie - Edward disse. A voz sem emoção
estava quebrando,
mostrando a raiva por entre ela. - Somos nós que ela tem medo.
- Não - Bella
sussurrou. Seus olhos brilhando, seus cílios molhados. - Não, Edward. Eu não...
Ele sacudiu sua
cabeça, sorrindo um pouco. O sorriso era doloroso de olhar. - Eu não quis
dizer nessa maneira,
Bella. Eu estou bem. Não se preocupe comigo.
Doentio. Ele estava
certo − ela estava se batendo por machucar seus sentimentos. A garota
era um clássico
mártir. Ela nasceu totalmente no século errado. Ela deveria ter vivido quando
ela
poderia ter sido
comida de leão por uma boa causa.
- Todo mundo - Edward
disse, sua mão duramente apontando para a porta. - Por favor.
A postura que ele
tentava manter por Bella era trêmula. Eu podia ver o quanto ele estava
perto daquele homem
que ele foi lá fora. Os outros viram, também. Silenciosamente, eles se
moveram pela porta
enquanto eu saía do caminho. Eles se moviam rápido; meu coração bateu
duas vezes e o cômodo
estava vazio exceto por Rosalie, hesitando no meio do quarto, e Edward,
ainda esperando na
porta.
- Rose - Bella disse
silenciosamente. - Eu quero que você vá.
A loira olhou pra
Edward então gesticulou pra ele ir primeiro. Ele desapareceu pela porta. Ela
me deu um longo olhar
de aviso, e depois desapareceu, também.
Uma vez que estávamos
sozinhos, eu cruzei o cômodo e sentei no chão ao lado de Bella. Eu
peguei suas duas mãos
nas minhas, as esfregando cuidadosamente.
- Obrigada, Jake. Isso
é bom.
- Eu não vou mentir,
Bells. Você está horrível.
- Eu sei - Ela
suspirou. - Eu pareço assustadora.
- Coisa do brejo
assustadora. - Eu concordei.
Ela riu. - É tão bom
tê-lo aqui. É bom sorrir. Eu não sei quando mais de drama eu posso
agüentar.
Eu rolei os olhos.
- Okay, okay - Ela
concordou. - Eu mesma o causo.
- É, você mesma. O
que você está pensando, Bella? Sério!
- Ele pediu pra você
gritar comigo?
- Mais ou menos. Mas
não sei porque ele pensa que você iria me escutar. Você nunca
escutou.
Ela suspirou.
- Eu te disse− Eu
comecei a dizer.
- Você sabia que o
“Eu te disse” tem um irmão, Jacob? - Ela perguntou, me cortando. - Seu
nome é “Cala a boca.”
- Boa.
Ela sorriu. Sua pele
se esticou pelos seus ossos. - Eu não posso levar o crédito − eu tirei de
uma maratona de The
Simpsons.
- Perdi essa.
- Foi engraçado.
Nós não conversamos
por um minuto. Suas mãos estavam começando esquentar um pouco.
- Ele realmente pediu
pra você conversar comigo?
Eu afirmei com a
cabeça. - Pra tentar botar algum juízo em você. Esta é uma batalha
perdida mesmo antes
de começar.
- Então por que você
concordou?
Eu não respondi. Eu
não estava certo de que sabia.
Eu sabia disso − cada
segundo que eu passei com ela só ia acrescentar à dor que eu teria
que sofrer mais
tarde. Como um viciado com estoque limitado. O dia da conta estava chegando
pra mim. Quanto mais
doses eu tomava agora, mais difícil seria quando meu estoque acabasse.
- Vai funcionar, sabe
- Ela disse depois de um minuto silencioso. - Eu acredito nisso.
Aquilo me fez ver
vermelho de novo. - Demência é um dos seus sintomas? - Eu falei.
Ela riu, mas minha
raiva era tão real que minhas mãos estavam tremendo em volta das dela.
- Talvez - ela disse.
- Não estou dizendo que as coisas vão funcionar fácil, Jake. Mas como
eu posso ter vivido
tudo o que eu vivi e não acreditar em mágica nesse ponto?
- Mágica?
- Especialmente pra
você. - Ela disse. Estava sorrindo. Ela puxou uma de suas mãos longe
das minhas e apertou
contra minha bochecha. Mais quente que antes, mas a senti gelada contra
minha pele, como a
maioria das coisas era. - Mais do que ninguém, você tem alguma mágica
esperando pras coisas
darem certo pra você.
- O que você está
tagarelando agora?
Ainda sorrindo. -
Edward me disse uma vez como era − a coisa da impressão. Ele disse que
era parecido com
Sonho de uma noite de verão, igual mágica. Você vai encontrar quem você
realmente está
encontrando, Jacob, e talvez então tudo isso fará sentido.
Se ela não tivesse
tão frágil eu estaria gritando.
Assim como foi, eu
rosnei a ela.
- Se você pensa que a
impressão pode fazer sentido nessa insanidade... - Eu briguei por
palavras. - Você
realmente acha que só por eu poder um dia ter uma impressão em algum
estranho faria isso
certo? - Eu apontei com um dedo em direção ao seu corpo inchado. - Me diga
de que adiantou
então, Bella! De que adiantou eu amar você? De que adiantou você amando ele?
Quando você morrer −
as palavras eram um rosnado− como isso é certo de novo? De que
adiantou toda a dor?
Minha, sua, dele! Você vai matá-lo também, não que eu ligue. - Ela
estremeceu, mas eu
continuei. - Então de que adiantou a sua confusa história de amor, no final?
Se tivesse algum
sentido, por favor me mostre, Bella, porque eu não o vejo.
Ela suspirou. - Eu
não sei ainda, Jake. Mas eu só... sinto... que isso tudo está indo pra algum
lugar bom, difícil de
ver como está agora. Eu acho que você pode chamar isso de fé.
- Você está morrendo
por nada, Bella! Nada!
Sua mão caiu do meu
rosto para seu estomago, o acariciando. Ela não precisava dizer nada
pra eu saber o que
ela estava pensando. Ela estava morrendo por aquilo.
- Eu não vou morrer -
ela disse por entre dentes, e eu pude dizer que ela estava repetindo
coisas que ela já
tinha dito antes. - Eu vou fazer meu coração continuar a bater. Eu sou forte o
suficiente pra isso.
- Isso é um monte de
porcaria, Bella. Você está tentando segurar o super-natural por muito
tempo. Nenhuma pessoa
normal pode fazê-lo. Você não é forte o suficiente. - Eu segurei seu rosto
com minha mão. Eu não
tinha que me lembrar de ser gentil. Tudo sobre ela parecia ser quebrável.
- Eu posso fazer
isso. Eu posso fazer isso - ela murmurou, soando como aqueles livros de
criança sobre o
pequeno motor que podia.
- Não parece isso pra
mim. Então qual é seu plano? Espero que você tenha um.
Ela afirmou, não
encontrando meus olhos. - Você sabia que Esme pulou de um penhasco?
Quando era humana,
quero dizer.
- E...?
- E que ela estava
perto o bastante de morrer que eles nem se importaram de levá-la pra
sala de cirurgia −
eles a levaram direto pro necrotério. Seu coração ainda estava batendo, quando
Carlisle a
encontrou...
Era isso o que ela
quis dizer, sobre manter seu coração batendo.
- Você não está
planejando a sobreviver isso humana - Eu afirmei estupidamente.
- Não, eu não sou
idiota. - Ela encontrou meus olhos a encarando. - Eu acho que você
provavelmente deve
ter sua própria opinião sobre isso.
- Vampirização de
emergência. - Eu murmurei.
- Funcionou com Esme.
E Emmett e Rosalie, e até Edward. Nenhum deles estavam em uma
boa forma. Carlisle
só os transformou porque era aquilo ou morte. Ele não termina com as vidas,
ele as salva.
Eu senti uma ponta de
culpa sobre o bom vampiro doutor, como antes. Eu mandei o
pensamento embora e
comecei a implorar.
- Me escute, Bells.
Não faça isso desse jeito. - Como antes, quando a ligação de Charlie tinha
vindo, eu podia ver a
diferença que realmente fez em mim. Eu percebi que precisava dela pra
continuar vivo, de
algum jeito. De qualquer jeito. Eu respirei bem fundo. - Não espere até que
seja
tarde, Bella. Não
desse jeito. Viva. Okay? Só viva. Não faça isso comigo. Não faça isso com ele.
-
Minha voz ficou mais
pesada, alta. - Você sabe o que ele vai fazer quando você morrer. Você já viu
antes. Você quer que
ele volte praqueles Italianos assassinos? - Ela se encolheu no sofá.
Eu deixei de lado a
parte de como isso não seria necessário agora.
Lutando pra fazer
minha voz mais macia, eu perguntei - Lembra quando eu me machuquei
por causa daqueles
recém-nascidos? O que você me disse?
Eu esperei, mas ela
não respondeu. Ela apertou seus lábios juntos.
- Você me disse pra
ser bom e pra ouvir Carlisle - eu li sua mente. - E o que eu fiz? Eu ouvi o
vampiro. Por você.
- Você ouviu porque
era a coisa certa a fazer.
- Okay − escolha
qualquer uma das razões.
Ela respirou fundo. -
Não é a coisa certa agora. - Seu olhar tocou seu grande estomago
redondo e ela
sussurrou por baixo da respiração - Eu não vou matá-lo.
Minhas mãos tremeram
de novo. - Oh, eu não tinha ouvido as novidades. Um bebê pulante,
huh? Deveria ter
trazido alguns balões azuis.
Seu rosto ficou rosa.
A cor era tão bonita− mexeu meu estomago como se fosse uma faca.
Uma faca de serra
enferrujada.
Eu ia perder isso. De
novo.
- Eu não sei se é um
menino - ela admitiu, um pouco envergonhada. - O ultra-som não
funcionou. A membrana
em volta do bebê é muito grossa− igual sua pele. Então ele é um
mistério. Mas eu
sempre vejo um garoto na minha mente.
- Não é um bebê
bonitinho aí dentro, Bella.
- Vamos ver - ela disse.
Quase presunçosa.
- Você não - Eu
disse.
- Você é muito
pessimista, Jacob. Há uma chance que eu talvez escape disso.
Eu não pude
responder. Eu olhei pra baixo e respirei fundo e devagar, tentando diminuir
minha fúria.
- Jake - ela disse, e
mexeu no meu cabelo, roçou minha bochecha. - Vai ficar tudo bem. Shh,
Tudo bem.
Eu não olhei pra
cima. - Não. Não vai ficar tudo bem.
Ela limpou algo
molhado da minha bochecha. - Shh.
- Qual é o trato,
Bella? - eu olhei pro carpete pálido. Meus pés estavam sujos, deixando
marcas. Bom. - Eu
achei que o centro de tudo era que você queria seu vampiro mais que tudo. E
agora você está
simplesmente desistindo dele? Isso não faz nenhum sentido. Desde quando você
está desesperada pra
ser uma mãe? Se você quisesse tanto isso, por que você casou com um
vampiro?
Eu estava perto de
fazer aquela oferta que ele queria que eu fizesse. Eu podia ver as
palavras me levando
desse jeito, mas eu não podia mudar suas direções.
Ela suspirou. - Não é
desse jeito. Eu não dava a mínima pra ter um bebê. Eu nem pensava
nisso. Não é só ter
um bebê. É... bem... esse bebê.
- É um assassino,
Bella. Olhe pra você mesma.
- Ele não é. Sou eu.
Eu só sou uma humana fraca. Mas eu posso fazer isso, Jake, eu posso−
- AW, vamos lá! Cale
a boca, Bella. Você pode falar isso pro seu sugador de sangue, mas
você não está me
enganando! Você sabe que não vai conseguir.
Ela me olhou. - Eu
não sei disso. Eu estou preocupada com isso, claro.
- Preocupada com isso
- Eu repeti por entre meus dentes.
Ela segurou seu
estomago. Minha fúria desapareceu como uma luz sendo apagada.
- Eu estou bem - ela
disse. - Não é nada.
Mas eu não ouvi, suas
mãos tinham puxado seu moletom de lado, e eu olhei, horrorizado, a
pele que estava
exposta. Seu estomago parecia como se tivesse sido pintado com grandes bolas
de tinta roxo-preto.
Ela viu meu olhar, e
então puxou o tecido de volta pro lugar.
- Ele é forte, é
isso. - Ela disse na defensiva.
As bolas de tinta
eram hematomas.
Eu quase engasguei, e
entendi o que ele tinha dito, sobre ficar vendo aquilo a machucar.
Então, eu me senti um
pouco louco.
- Bella - Eu disse.
Ela ouviu a mudança
na minha voz. Ela olhou pra cima, parada respirando pesadamente,
seus olhos confusos.
- Bella, não faça
isso.
- Jake−
- Me ouça. Não se dê
por vencida ainda. Okay? Só ouça. E se...?
- E se o que?
- E se isso não fosse
um negócio de uma chance? E se não fosse tudo ou nada? E se só
ouvisse Carlisle como
uma boa garota, e ficasse viva?
- Eu não−
- Eu não acabei ainda.
Você fica viva. Aí você pode começar de novo. Se isso não funcionar.
Tente de novo.
Ela fez uma carranca.
Levantou uma mão e tocou onde minhas sobrancelhas se juntavam.
Seus dedos alisou
minha testa por um momento enquanto ela tentava entender.
- Eu não entendo... O
que você quer dizer, tentar de novo? Você não pode achar que
Edward deixaria
eu...? E que diferença ia fazer? Eu tenho certeza que qualquer bebê−
- Sim - Eu disse. -
Qualquer tipo de bebê dele seria do mesmo jeito.
Seu rosto cansado só
ficou mais confuso. - O que?
Mas eu não pude dizer
mais. Não tinha porquê. Eu nunca seria capaz de salvá-la de si
mesma. Eu nunca
consegui fazer isso.
Então ela piscou, e
eu pude ver que ela entendeu.
- Oh. Ugh. Please,
Jacob. Você acha que eu devo matar meu bebe e o substituir com algum
substituto genérico?
Inseminação artificial? - Ela estava brava agora. - Por que eu iria querer ter
o
bebê de um estranho?
Eu acho que não faria diferença? Qualquer bebê serve?
- Eu não quis dizer
isso - Eu murmurei. - Não um estranho.
Ela foi um pouco pra
frente. - Então o que você está dizendo?
- Nada. Não estou
dizendo nada. Como sempre.
- De onde aquilo
veio?
- Esqueça, Bella.
Ela carrancou,
suspeita. - Ele pediu pra você dizer isso?
Eu hesitei, surpreso
que ela entendeu tão rápido. - Não.
- Foi ele, não foi?
- Não, realmente. Ele
não disse nada sobre artificial, que seja.
Seu rosto ficou mais
suave, então ela afundou nas almofadas, parecendo exausta. Ela olhou
pros lados quando ela
falou, não falando comigo nem um pouco.
- Ele faria qualquer
coisa por mim. E eu estou o machucando demais... Mas o que ele está
pensando? Que eu
trocaria isto − sua mão traçou sua barriga − pelo de algum estranho... - Ela
murmurou a última
parte, e então sua voz quebrou. Seus olhos estavam molhados.
- Você não precisa o
machucar - Eu sussurrei. Queimou como veneno na minha boca por ter
que implorar por ele,
mas eu sabia que desse ângulo era mais provável eu mantê-la viva. Ainda
com poucas chances. -
Você podia fazê-lo feliz, Bella. E eu realmente acho que ele está perdendo.
Honestamente, eu
acho.
Ela parecia não estar
ouvindo; sua mão fazia pequenos círculos em seu estômago enquanto
mordia seus lábios.
Eu fiquei quieto por
um longo tempo. Eu imaginei se os Cullen estavam muito longe. Eles
estavam ouvindo
minhas patéticas tentativas de raciocinar com ela?
- Um estranho não? -
ela murmurou pra si mesma. Eu estremeci. - O que exatamente
Edward disse pra
você? - ela perguntou com a voz baixa.
- Nada. Ele só achou
que você me ouviria.
- Não isso. Sobre
tentar de novo.
Seus olhos se
trancaram nos meus, e eu pude ver que eu já tinha entregado muito.
- Nada.
Sua boca abriu um
pouquinho. - Wow.
Ficou silencioso por
algumas batidas de coração. Eu olhei pros meus pés de novo, incapaz de
encontrar seu olhar.
- Ele realmente faria
qualquer coisa, não faria? - ela sussurrou.
- Eu disse que ele
estava ficando louco. Literalmente, Bells.
- Estou surpresa que
você não o delatou logo de cara. Coloca-lo em problemas.
Quando olhei pra
cima, ela estava dando um sorriso forçado.
- Eu pensei nisso. -
Tentei sorrir de volta, mas o sorriso se desfez no meu rosto.
Ela sabia o que eu
estava oferecendo, e ela não ia nem pensar duas vezes sobre isso. Eu sabia
que ela não ia.
- Não há muita coisa
que você não faria por mim, também, há? - ela sussurrou. - Eu
realmente não sei
porque você se importa. Eu não mereço nenhum de vocês dois.
- Mas não faz
diferença, faz?
- Dessa vez não. -
Ela suspirou. - Eu queria poder explicar pra você certo pra que você
entenda. Eu não posso
machucá-lo − ela apontou pro estomago − não mais do que pegar uma
arma e atirar em
você. Eu o amo.
- Por que você sempre
tem que amar as coisas erradas, Bella?
- Eu não acho.
Eu limpei o nó na
minha garganta para que minha voz saísse forte do jeito que eu queria. -
Acredite.
Eu comecei a
levantar.
- Onde você está
indo?
- Eu não vou fazer
nenhum bem aqui.
Ela levantou sua mão
magra, implorando. - Não vá.
Eu pude sentir o
vício me sugando, tentando fazer eu ficar perto dela.
- Eu não pertenço
aqui. Eu preciso voltar.
- Por que você veio
hoje? - ela perguntou, ainda sem firmeza.
- Só pra ver se você
estava viva. Eu não acreditei que você estava doente como Charlie
dizia.
Eu não pude dizer
pelo rosto dela se ela acreditou nessa ou não.
- Você vai voltar?
Antes...
- Eu não vou voltar e
ficar vendo você morrer, Bella.
Ela estremeceu. -
Você está certo, você está certo. Você deveria ir.
Eu fui para a porta.
- Tchau - ela
sussurrou atrás de mim. - Amo você, Jake.
Eu quase voltei.
Quase voltei pra cair de joelhos e começar a implorar. Mas eu sabia que
tinha que desistir de
Bella, desistir de sua frieza, antes que ela me matasse, do mesmo jeito que
ela ia matá-lo.
- Claro, claro. - Eu
murmurei na minha saída.
Eu não vi nenhum dos
vampiros. Eu ignorei minha moto, toda sozinha no meio do mato. Não
era rápida o
suficiente pra mim agora. Meu pai estaria maluco − Sam, também. O que o bando
ia
fazer sobre o fato de
eles não terem ouvido eu me transformar? Iam pensar que os Cullen me
pegaram antes de eu
ter pelo menos uma chance? Tirei minhas roupas, sem ligar pra quem talvez
tivesse olhando, e
comecei a correr. Eu me tornei lobo em meio aos passos.
Eles estavam
esperando. É claro que estavam. Jacob, Jake, oito vozes falaram em alívio.
Venha pra casa agora,
a voz Alfa ordenou. Sam estava furioso.
Eu ouvi Paul
desaparecer, e eu soube que Billy e Rachel estavam esperando pra ouvir o que
aconteceu comigo.
Paul estava ansioso demais pra dar as notícias que eu não havia sido mascado
por vampiros, que nem
ouviu a história toda.
Eu não tive que dizer
pro bando que eu estava a caminho− eles podiam ver a floresta
passando por mim
enquanto eu ia pra casa. Também não precisava dizer que eu estava quase
louco. As coisas
doentias na minha cabeça eram óbvias.
Eles viram todo o
horror− o estomago deformado de Bella, sua voz fraca; ele é forte, é isso.
o homem sofrendo no
rosto de Edward: Assistir ela doente e desperdiçando tudo... Assistir aquilo
machucar ela− e por
uma vez, ninguém tinha nada pra dizer.
O choque deles era um
silêncio na minha cabeça. Sem palavras.
Eu estava a meio
caminho de casa quando todo mundo se recuperou. Então todos correram
ao meu encontro.
Estava quase escuro−
as nuvens cobriram o pôr-do-sol completamente. Eu arrisquei
violentamente cruzar
a estrada sem ser visto.
Nós nos encontramos
há 16 km de La Push, em uma clareira. Era fora do caminho, no meio
das montanhas, onde
ninguém ia nos ver. Paul os achou quando eu achei, então o bando estava
completo.
A tagarelação na
minha cabeça era um total caos. Todo mundo gritando ao mesmo tempo.
O rosto de Sam virou
para cima e ele rosnava uma inquebrável corrente. Paul e Jared se
moveram como sombras
atrás dele, suas orelhas murcharam do lado de suas cabeças. O círculo
estava agitado, em pé
e soltando rosnados baixos.
Primeiro sua raiva
era indefinida, e eu pensei que era por minha causa. Eu estava muito
confuso pra ligar pra
isso. Eles podiam fazer o que quisessem comigo pra dar ordens.
Então a confusão sem
foco de pensamentos começaram a se mover juntas.
Como isso pode ser? O
que significa? O que vai ser?
Não é seguro. Não é
certo. Perigoso.
Não é natural.
Monstruoso. Uma abominação.
Nós não podemos
permitir.
O bando estava
pensando andando e pensando sincronizados agora, todos menos eu e um
outro. Eu sentei do
lado do irmão, muito atordoado para olhar nem com a minha mente nem com
meus olhos pra ver
quem estava do meu lado, enquanto o bando fazia um circulo a nossa volta.
O acordo não cobre
isso.
Isso põe todo mundo
em perigo.
Eu tentei entender as
vozes que faziam espirais, tentei seguir o caminho que o pensamento
deles estava indo,
mas não fazia sentido. As imagens no pensamento deles eram as minhas
imagens− as piores.
Os hematomas de Bella, o rosto de Edward angustiado.
Eles têm medo
daquilo, também.
Mas eles não farão
nada sobre isso.
Protegendo Bella
Swan.
Não podemos deixar
que isso nos influencie.
A segurança da nossa
família, de todo mundo aqui, é mais importante que um humano.
Se eles não vão
matá-lo, nós teremos que matá-lo.
Proteger a tribo.
Proteger nossas
famílias.
Nós temos que matá-lo
antes que seja tarde.
Outra de minhas
memórias, nas palavras de Edward dessa vez: A coisa está crescendo.
Bastante.
Eu lutei pra me
concentrar, para ouvir as vozes individualmente.
Não há tempo a
perder, Jared pensou.
Vai significar uma
luta, Embry avisou. Uma ruim.
Nós estamos prontos
Paul insistiu.
Nós vamos precisar a
surpresa do nosso lado, Sam pensou.
Se nós pegarmos eles
divididos, nós podemos derrubá-los separadamente. Vai aumentar
nossas chances de
vitória, Jared pensou, começando a formar estratégias agora.
Eu balancei minha
cabeça, levantando devagar. Eu me senti instável ali− como se o círculo
me fizesse ficar
tonto. O lobo ao meu lado ficou em pé, também. Seu ombro estava contra o meu,
me ajudando.
Esperem, eu pensei.
O bando parou por um
segundo, e então eles estavam andando de novo.
Há pouco tempo, Sam
disse.
Mas− o que você está
pensando? Você não queria atacar eles por quebrar o acordo esta
tarde. Agora você
está planejando uma aniquilação, quando o acordo ainda está intacto?
Isso não é algo que o
acordo já antecipou, Sam disse. Esse é um perigo pra cada humano
na área. Nós não
sabemos que tipo de criatura os Cullen criaram, mas sabemos que é forte e que
cresce rápido. E vai
ser muito jovem pra seguir qualquer acordo. Lembra dos recém nascidos que
nós lutamos? Loucos,
violentos, além de qualquer regra ou restrição. Imagine um igual a esses,
mas protegido pelos
Cullen.
Nós não sabemos − eu
tentei interromper.
Nós não sabemos, ele
concordou. E nós não podemos ter chances com o desconhecido
nesse caso. Nós só
podemos deixar os Cullen existir quando nós tivermos absoluta certeza de que
eles não causaram
nenhum dano. Isso... essa coisa não pode ser confiável.
Eles não gostam
daquilo mais do que nós.
Sam lembrou do rosto
de Rosalie, sua concha protetora, de minha mente e mostrou pra todo
mundo.
Alguns estão prontos
pra lutar por isso, não importa o que.
É só um bebê, pelo
amor de Deus.
Não por muito tempo,
Leah sussurrou.
Jake, isso é um
grande problema. Quil disse. Nós não podemos simplesmente ignorar isso.
Vocês estão fazendo
muito mais do que isso é. Eu argumentei. A única que está em perigo
aqui é a Bella.
De novo por sua
própria escolha, Sam disse. Mas essa vez sua escolha afeta todos nós.
Eu não acho isso.
Nós não podemos
contar com isso. Nós não permitiremos um bebedor de sangue assombrar
nossas terras.
Então fale pra eles
irem embora, o lobo que ainda estava me apoiando disse. Era Seth.
Claro.
E deixar a ameaça pra
outros? Quando bebedores de sangue cruzam nossa terra, nós os
destruímos, não
importa onde eles planejam caçar. Nós protegemos todos que conseguimos.
Isso é doido, eu
disse. Essa tarde você estava com medo de pôr o bando em perigo.
Essa tarde eu não
sabia que nossas famílias estavam em risco.
Eu não acredito
nisso! Como vocês vão matar a criatura sem matar Bella?
Não houve palavras,
mas o silencio era cheio de significados.
Eu uivei. Ela é humana
também! Nossa proteção não se aplica a ela?
Ela está morrendo de
qualquer jeito, Leah pensou. Nós só vamos encurtar o processo.
Isso bastou. Eu
desviei de Seth, em direção à sua irmã, com meus dentes aparecendo. Eu
estava prestes a
pegá-la quando eu senti os dentes de Sam cortando, me puxando de volta.
Eu uivei de dor e
fúria e me virei pra ele.
Pare! ele ordenou no
timbre duplo do Alfa.
Minhas pernas
pareciam ter se afivelado embaixo de mim. Eu fiquei parado.
Ele virou seu olhar
pra longe de mim. Você não vai ser má com ele, Leah ele a comandou. O
sacrifício de Bella é
um preço pesado e todos nós iremos reconhecer isso. Vai contra tudo o que
nós apoiamos, acabar
com a vida de um humano. Fazer uma exceção a esse código é uma coisa
nula. Nós todos estaremos
de luto pelo que nós vamos fazer hoje à noite.
Hoje à noite? Seth
repetiu, chocado. Sam− eu acho que nós deveríamos falar sobre isso um
pouco mais. Consultar
os Anciões, pelo menos. Você não pode falar sério para nós−
Nós não podemos
continuar com a sua tolerância pelos Cullen agora. Não há tempo pra
debater. Você vai
fazer o que for lhe dito, Seth.
Os joelhos de Seth se
dobravam, e sua cabeça foi pra frente embaixo do peso do comando
do Alfa.
Sam andou em um
pequeno circulo em volta de nós dois.
Nós precisamos do
bando inteiro pra isso. Jacob, você é o nosso lutador mais forte. Você vai
lutar conosco hoje à
noite. Eu entendo que isso é difícil pra você, então você vai se concentrar nos
lutadores deles−
Emmett e Jasper Cullen. Você não precisa ser envolvido no... na outra parte.
Quil
e Embry vão lutar com
você.
Meus joelhos
tremeram; eu lutei pra me segurar em pé enquanto a voz do Alfa acabava com
o meu desejo.
Paul, Jared e eu
vamos pegar Edward e Rosalie. Eu acho, pela informação que Jacob trouxe,
que eles vão ser quem
vai guardar Bella. Carlisle e Alice também vão estar perto, talvez Esme.
Brady, Collin, Seth,
e Leah vão se concentrar neles. Quem tiver uma chance−nós todos o ouvimos
mentalmente gaguejar
o nome de Bella−com a criatura, vai pegá-la. Destruir a criatura é nossa
prioridade.
O bando concordou
fervorosamente. A tensão levantou os pêlos de todo mundo. O andar
estava mais rápido e
o som das garras no chão era mais grosso, unhas batendo no solo.
Só Seth e eu
estávamos parados, o olho no centro da tempestade de dentes e orelhas
sensíveis. O nariz de
Seth estava quase tocando o solo, curvado nos comandos de Sam. Eu senti a
dor dele pela
deslealdade. Pra ele, isso era uma traição− durante aquele dia de aliança,
lutando ao
lado de Edward
Cullen, Seth realmente se tornou amigo do vampiro.
Não havia resistência
nele, mesmo assim. Ele ia obedecer não importava o quanto
machucasse ele. Ele
não tinha escolha.
E que escolha eu
tinha? Quando o Alfa falou, o bando seguiu.
Sam nunca levou sua
autoridade tão longe assim antes; eu sei que ele honestamente odiava
ver Seth ajoelhando
em sua frente como se fosse um escravo no pé de seu mestre. Ele não ia
forçar isso se ele
não acreditasse que tivesse outra opção. Ele não podia mentir pra gente assim
quando nossas mentes
estivessem ligadas do jeito que estão. Ele realmente acreditava que nosso
dever era destruir
Bella e o monstro que ela carregava. Ele realmente acreditava que nós não
tínhamos tempo a perder.
Ele acreditava que era o bastante até pra morrer por isso.
Eu vi que ele iria
enfrentar Edward; a habilidade de Edward de ler mentes o fez a maior
ameaça na mente de
Sam. Sam não deixaria outra pessoa correr esse perigo.
Ele viu Jasper como o
segundo-melhor oponente, por isso ele o deu pra mim. Ele sabia que
eu teria uma chance
melhor do que qualquer um do bando de ganhar essa luta. Ele deixou os
alvos mais fáceis
pros lobos mais novos e Leah. A pequena Alice não era perigo sem sua visão do
futuro pra guiá-la, e
nós sabíamos desde a aliança que Esme não lutava. Carlisle seria mais que
um desafio, mas seu
ódio de violência iria rendê-lo.
Eu me senti mais mal
que Seth enquanto via Sam planejar, tentando trabalhar com os
ângulos para dar a
cada membro do bando a melhor chance de sobrevivência.
Tudo estava armado.
Essa tarde, eu estaria a ponto de atacá-los. Mas Seth estava certo− não era
uma luta a qual eu
estava pronto pra lutar. Eu me ceguei com esse ódio.
Eu não tinha me
permitido a olhar cuidadosamente pra tudo, porque eu sabia o que eu veria
se fizesse isso.
Carlisle Cullen.
Olhando pra ele sem aquele ódio que anuviava meus olhos, eu não pude
negar que matar ele
era assassinato. Ele era bom. Bom como qualquer humano que nós
protegíamos. Talvez
melhor. Os outros, também. Eu supus, mas eu não senti firmeza sobre eles.
Eu não os conhecia
tão bem. Era Carlisle que odiava lutar, mesmo pra salvar sua própria vida. É
por isso que nós
poderíamos matá-lo− porque ele não ia querer nós, seus inimigos, morressem.
Isso era errado.
E não era só porque
matar Bella parecia como me matar, como suicídio.
Se recomponha, Jacob,
Sam ordenou A tribo vem em primeiro.
Eu estava errado hoje,
Sam.
Seus motivos eram
errados. Mas agora nós temos um trabalho pra fazer.
Eu fixei-me Não.
Sam rosnou e parou de
andar na minha frente. Ele encarou meus olhos e um profundo
rosnado escorregou
por entre seus dentes.
Sim, o Alfa decretou,
sua voz dupla mexendo com o calor da autoridade. Não há buracos
hoje. Você, Jacob,
irá lugar com os Cullen com nós. Você, com Quil e Embry, vão tomar conta de
Jasper e Emmett. Você
é obrigado a proteger a tribo. É por isso que você existe. Você irá cumprir
com a sua obrigação.
Meus ombros
encurvaram enquanto o discurso me encontrava. Minhas pernas sucumbiram,
e eu estava em minha
barriga embaixo dele.
Nenhum membro do
bando podia recusar o Alfa.
11 – AS DUAS COISAS
NO TOPO DA MINHA LISTA DE COISAS-QUE-EU-NUNCAQUERIA-
FAZER
Sam começou a se
mover com os outros em formação enquanto eu ainda estava no chão.
Embry e Quil estavam
dos meus dois lados, esperando que eu me recuperasse e ficasse no ponto.
Eu podia sentir a
força, a necessidade, de ficar de pé e lidera-los. A compulsão cresceu, e eu
lutei com ela
inutilmente, me agarrando ao chão onde eu estava.
Embry choramingou
baixinho no meu ouvido. Ele não queria pensar nas palavras, com medo
de trazer a atenção
de Sam para mim novamente. Eu senti seu rogo silencioso para que eu
levantasse, para que
eu parasse logo e acabasse logo com isso.
O bando estava
amedrontado, não tanto por nós mesmos, mas por todo o conjunto. Nós não
tínhamos idéia de que
iríamos sair vivos dessa noite. Que irmãos nós íamos perder? Que mentes
iam nos deixar para
sempre? Que famílias pesarosas estaríamos consolando pela manhã?
Minha mente começou a
trabalhar com a deles, a pensar como uma só, enquanto lidávamos
com esses medos.
Automaticamente eu me ergui do chão e sacudi meus pêlos. Embry e Quil
ronronaram de alívio.
Quil tocou o nariz no meu lado uma vez.
As mentes deles
estavam cheias com o nosso desafio, nossa tarefa. Nós lembramos juntos
das noites em que
observamos os Cullen praticando para a noite com os recém-nascidos. Emmett
Cullen era o mais forte,
mas Jasper seria o mais problemático. Ele se movia como um trovão –
poder e velocidade e
morte juntos. Quantos séculos de experiência será que ele tinha? O
suficiente para os
outros Cullen olharem para ele como um guia.
Eu fico com a ponta,
você fica com o resto, Quil ofereceu. Havia mais excitação na mente
dele do que na
maioria dos outros. Quando Quil observou as instruções de Jasper naquelas
noites,
ele ficou morrendo
pra testar as habilidades dele contra a dos vampiros. Para ele, isso ia ser um
concurso. Mesmo
sabendo que a vida dele estava por um fio, era assim que ele via. Paul estava
assim também, e as
crianças que nunca estiveram numa batalha, Collin e Brady. Seth
provavelmente estaria
se sentindo da mesma forma – se os oponentes não fossem amigos dele.
Jake? Quil me
cutucou. O que você quer fazer?
Eu só balancei a
minha cabeça. Eu não conseguia me concentrar – a compulsão de seguir
ordens me fazia
sentir como se eu fosse um marionete movimentado por cordas. Um pé para a
frente, agora o
outro.
Seth estava atrás de
Collin e Brady – Leah estava assumindo posição lá. Ela ignorou Seth
enquanto fazia planos
com os outros, e eu podia ver que ela preferiria deixá-lo fora da briga.
Havia algo de
maternal nos sentimentos que ela tinha pelo irmão. Ela queria que Sam o
mandasse
pra casa. Seth não
registrou os pensamentos de Leah. Ele também estava se ajustando às cordas
de marionete.
Talvez se você
parasse de resistir..., Embry cochichou.
Fique focado na nossa
parte. As partes importantes. Nós podemos vencê-los. Eles pertencem
a nós! Quil estava se
preparando – como uma preparação para um jogo importante.
Eu podia ver o quanto
isso seria fácil – pensar em nada a não ser a minha parte. Não era
difícil me imaginar
atacando Emmett e Jasper. Nós já estivemos perto disso antes. Eu pensei neles
como inimigos por
muito tempo. Eu podia fazer isso de novo agora.
Eu só tinha que
esquecer que eles estavam protegendo a mesma coisa que eu ia proteger.
Eu tinha que esquecer
a razão pela qual eu podia querer que eles vencessem...
Jake, Embry avisou.
Mantenha a cabeça no jogo.
Meus pés se moveram
desajeitados, tentando se soltar da força das cordas.
Lutar não adianta
nada, Embry cochichou de novo.
Ele estava certo. Eu
acabaria fazendo o que Sam queria, se ele quisesse me forçar. E ele
queria. Obviamente.
Essa era uma boa
razão para a autoridade Alpha. Mesmo um bando forte como o nosso não
tinha muita força sem
nosso líder. Nós tínhamos que nos mover juntos, para conseguir ser
efetivos. E isso
pedia que um corpo ainda tivesse cabeça.
Então, de que
importava se Sam estivesse errado agora? Não havia nada que ninguém
pudesse fazer.
Ninguém que pudesse questionar sua decisão.
Exceto.
E foi isso – um
pensamento que eu nunca, nunca achei que quisesse ter. Mas agora, com as
minhas pernas
amarradas, eu reconheci essa exceção com alívio – mais que alívio, uma alegria
tremenda.
Ninguém podia
questionar a decisão do Alpha – exceto eu.
Eu não mereci nada.
Mas haviam coisas que tinham nascido em mim, coisas que eu deixei
intocadas.
Eu nunca quis liderar
o bando. Eu não queria fazer isso agora. Eu não queria a
responsabilidade por
todos os nossos destinos nos meus ombros. Sam era melhor nisso do que eu
jamais seria.
Mas essa noite ele
estava errado.
E eu não nasci para
me ajoelhar pra ele.
Os nós se desfizeram
do meu corpo assim que eu aceitei meu direito de nascença. Eu podia
senti-lo se juntando
em mim, liberdade e também algo estranho, poder vazio. Vazio porque o
poder de um Alpha
vinha do seu bando, e eu não tinha bando. Por um segundo, a solidão me
dominou.
Agora eu não tinha
mais bando.
Mas eu estava de
ereto e forte quando caminhei para onde Sam estava, fazendo planos com
Paul e Jared. Ele se
virou pelo som do meu avanço, e seus olhos pretos se estreitaram.
Não, eu disse a ele
de novo.
Ele ouviu
imediatamente, ouviu a escolha que eu tinha feito e o som da voz Alpha em meus
pensamentos.
Ele deu um pulo para
trás com um com chocado.
Jacob? O que você
fez?
Eu não vou seguir
você, Sam. Não em uma coisa tão errada.
Ele me encarou,
pasmo. Você... você escolheria seus inimigos à sua família?
Eles não são – eu
balancei a cabeça, limpando-a – Eles não são nossos inimigos. Eles nunca
foram. No entanto, eu
só fui perceber isso quando pensei em destruí-los.
Isso não é sobre
eles, ele rosnou pra mim. Isso é sobre Bella. Ela nunca foi a pessoa certa
pra você, ela nunca
te escolheu, mas você continua destruindo sua vida por ela!
Aquelas eram palavras
duras, mas eram palavras verdadeiras. Eu deu uma grande aspirada
de ar, absorvendo-as.
Talvez você esteja
certo. Mas você vai destruir o bando por causa dela, Sam. Não importa
quantos deles
sobrevivam esta noite, eles sempre terão um assassinato nas mãos.
Nós temos que
proteger as nossas famílias! Eu sei o que você decidiu, Sam. Mas você já não
decide mais por mim.
Jacob – você não pode
dar as costas para a nossa tribo.
Eu ouvi o eco duplo
do comando Alpha dele, mas dessa vez ele não teve peso nenhum. Ele
já não se aplicava
mais a mim. Ele apertou a mandíbula, tentando me forçar a responder às
palavras dele.
Eu olhei dentro de
seus olhos furiosos. O filho de Ephraim Black não nasceu para seguir o
filho de Levi Uley.
É isso então, Jacob
Black? O pescoço dele levantou e seus lábios se ergueram sobre os
lábios. Paul e Jared
rosnaram e se puseram ao lado dele. Mesmo que você possa me derrotar, o
bando nunca vai te
seguir!
Agora eu dei um passo
pra trás, um gemido de surpresa escapando de minha garganta.
Derrotar você? Eu não
vou lutar com você, Sam.
Então qual é o seu
plano? Eu não vou sair do caminho para que você proteger aqueles
vampiros às custas da
tribo.
Eu não estou te
dizendo pra sair do caminho.
Se você ordenar que
eles te sigam –
Eu nunca tiraria o
livre arbítrio de ninguém.
O rabo dele balançou
pra frente e pra trás enquanto ele se refazia do julgamento nas minhas
palavras. Ele deu um
passo à frente até que estávamos cara a cara, seus dentes expostos a
centímetros dos meus.
Até esse momento eu não tinha reparado que tinha ficado mais alto que
ele.
Não pode haver mais
de um Alpha. O bando me escolheu. Você vai nos separar essa noite?
Vai dar as costas aos
seus irmãos? Ou vai esquecer essa insanidade e se juntar a nós de novo?
Cada palavra estava
coberta de comando, mas elas não me tocaram.
Sangue Alpha forte
corria em minhas veias.
Eu podia ver porque
nunca havia mais de um macho Alpha em um bando. Meu corpo estava
respondendo ao
desafio dele. Eu podia sentir o instinto de defender o que era meu crescendo em
mim.
O lado mais primitivo
do meu ‘eu’ lobisomem ficou tenso pela batalha da supremacia.
Eu foquei toda a minha
energia em controlar essa reação. Eu não ia me meter numa briga
sem noção, destrutiva
com Sam. Ele ainda era meu irmão, mesmo que eu estivesse rejeitando ele.
Só há um macho Alpha
nesse bando. Eu não estou contestando isso. Eu estou apenas
escolhendo o meu
próprio caminho.
Você pertence a um
grupo agora, Jacob?
Eu enrijeci.
Eu não sei, Sam. Mas
eu sei isso –
Ele foi para trás
quando sentiu o peso do meu tom Alpha. Ele o afetava mais do que o dele
afetava a mim. Porque
eu nasci para ser líder.
Eu vou ficar entre
você e os Cullen. Eu não vou simplesmente ficar olhando enquanto o
bando mata pessoas –
era difícil aplicar essa palavra para vampiros, mas era a verdade. inocentes.
O bando é melhor que
isso. Lide-os na direção certa, Sam.
Eu dei as costas para
ele, e um coro de uivos cortou o ar ao meu redor.
Enterrando minhas
garras na terra, eu corri do tumulto que causei. Eu não tinha muito
tempo. Pelo menos
Leah era a única que conseguia me vencer numa corrida, e eu tinha saído
antes dela.
Os uivos foram sumindo
com a distância, e eu me senti confortável enquanto o som
continuou a invadir a
noite silenciosa. Eles ainda não estavam atrás de mim.
Eu tinha que avisar
os Cullen antes que o bando pudesse se unir e me impedir. Se os Cullen
estivessem
preparados, talvez isso desse a Sam uma chance de repensar antes que fosse
tarde
demais. Eu corri em
direção à casa branca que eu ainda odiava, deixando a minha casa pra trás.
Uma casa a qual eu
não pertencia mais. Eu tinha dado as costas a ela.
Hoje começou como
qualquer outro dia. Eu fui pra casa com a patrulha com o nascer do sol
chuvoso, café da
manhã com Billy e Rachel, televisão de má qualidade, briga com Paul. Como foi
que tudo mudou tão
completamente, ficou tão surreal? Como tudo ficou tão bagunçado e fora do
lugar até que eu vim
parar aqui, sozinho, Alpha sem querer, separado dos meus irmãos,
escolhendo vampiros e
não eles?
O som que eu estive
temendo de tirou dos meus pensamentos – era o leve impacto de patas
grandes contra o
chão, me perseguindo. Eu me atirei para a frente, voando pela floresta negra
como um foguete. Eu
só tinha que chegar perto o suficiente pra que Edward ouvisse o aviso na
minha cabeça. Leah
não seria capaz de me impedir sozinha.
E então eu ouvi o
humor dos pensamentos atrás de mim. Não raiva, mas entusiasmo... Não
me perseguindo, mas
me seguindo.
Minha corrida parou.
Eu tropecei dois passos antes de começar a correr novamente.
Espere. Minhas pernas
não são tão longas quanto as suas.
SETH! O que você tá
FAZENDO? VÁ PRA CASA!
Ele não respondeu, mas
eu podia sentir a excitação dele enquanto ele continuava atrás de
mim. Eu podia ver
através dos olhos dele, assim como ele podia ver através dos meus. O cenário
noturno estava vazio
pra mim – cheio de desespero. Para ele estava cheio de esperança.
Eu não me dei conta
que estava diminuindo de velocidade, mas de repente ele estava nos
meus calcanhares,
correndo ao meu lado.
Eu não estou
brincando, Seth! Isso não é lugar pra você. Dá o fora daqui.
O grande lobo de cor
enferrujada rosnou. Eu to contigo, Jacob. Eu acho que você está certo.
E eu não vou ficar
atrás de Sam quando –
Ah, sim, você vai
ficar atrás de Sam sim! Leve a sua bunda peluda de volta pra La Push e
faça o que Sam te
disser pra fazer.
Não.
Vai, Seth!
Isso é uma ordem,
Jacob?
A pergunta dele me
pegou de surpresa. Eu parei imediatamente, minhas garras fazendo
buracos na terra.
Eu não estou
ordenando que ninguém faça nada. Eu só estou te dizendo o que você já sabe.
Ele se sentou ao meu
lado. Eu vou te dizer o que eu sei – Eu sei que isso aqui tá quieto
demais. Você reparou?
Eu pisquei. Meu rabo
balançou nervosamente enquanto eu me dava conta do que ele estava
pensando por baixo
daquelas palavras. Se certa forma, não estava quieto. Uivos enchiam o ar, a
oeste.
Eles não se
transformaram de volta, Seth disse.
Isso eu sabia. O
bando devia estar em alerta vermelho agora. Eles estariam usando a ligação
entre as mentes para
ver todos os lados com clareza. Mas eu não podia ouvir o que eles estavam
pensando. Eu só podia
ouvir Seth. Ninguém mais.
Pra mim parece que
bandos separados não tem essa ligação. Huh. Acho que nunca ouve
motivos pros nossos
pais saberem disso antes. Porque nunca houve motivo pra separar os bandos
antes. Nunca houveram
lobos suficientes para haver dois bandos. Wow. Está muito quieto. É meio
estranho. Mas até que
é legal, você não acha? Eu aposto que era mais fácil, assim, para Ephraim,
Quil e Levi. Não há
muita tagarelice só entre três. Ou dois.
Cala a boca, Seth.
Sim, senhor.
Para com isso! Não
tem dois bandos. Tem O bando, e tem eu. Isso é tudo. Então você pode
voltar pra casa
agora.
Se não existem dois
bandos, então porque podemos ouvir um ao outro, e não o resto? Eu
acho que quando você
deu as costas pra Sam, esse foi um passo muito significante. Uma
mudança. E quando eu
segui você, eu acho que isso foi significante também.
Você tem razão, eu
concedi. Mas o que muda uma vez pode mudar de novo.
Ele levantou e
começou a correr para o leste. Não temos tempo agora. Nós devíamos estar
nos movendo agora
antes que Sam...
Nessa parte ele estava
certo. Não havia tempo para essa discussão. Eu comecei a correr
novamente, mas sem me
esforçar tanto. Seth ficou nos meus calcanhares, ficando na tradicional
Segunda posição no
meu lado direito.
Eu posso correr para
algum outro lugar, ele pensou, seu nariz baixando um pouco. Eu não te
segui pra conseguir
uma promoção.
Corra pra onde você
quiser. Não faz diferença pra mim. Não havia som de perseguição, mas
nós apertamos um
pouco o passo ao mesmo tempo. Agora eu estava preocupado. Se eu não
conseguisse espiar na
mente do bando, isso ia dificultar mais as coisas. Eu não teria mais sorte no
ataque que os Cullen.
Vamos fazer
patrulhas, Seth sugeriu.
E o que fazemos se o
bando nos desafiar? Meus olhos se apertaram. Atacar nossos irmãos?
Sua irmã?
Não – a gente dá o
alarme e se manda.
Boa resposta. Mas e
depois? Eu não acho...
Eu sei, ele
concordou. Menos confiante agora. Eu também não acho que a gente consiga
lutar com eles. Mas
eles não estarão mais felizes com a idéia de nos atacar do que nós estaremos
com a idéia de
atacá-los. Isso pode ser o suficiente para impedi-los. Além do mais, agora eles
são
apenas oito.
Deixe de ser tão...
Eu levei um minuto para decidir qual era a palavra certa. Otimista. Está
me deixando nervoso.
Sem problema. Você
quer que eu seja totalmente negativo, ou eu só calo a boca?
Só cale a boca.
Isso eu posso fazer.
Mesmo? Não é o que
parece.
Finalmente ele ficou
quieto.
E então estávamos ao
lado da estrada e nos movendo ao redor da floresta que cercava a
casa dos Cullen.
Edward já podia nos ouvir?
Talvez devêssemos
estar pensando algo como “viemos em paz”.
Vá em frente.
Edward? Ele chamou o
nome com hesitação. Edward, você tá aí? Okay, agora eu me sinto
meio estúpido.
Você está soando
estúpido também.
Acha que ele pode nos
ouvir?
Estávamos a menos de
dois quilômetros de distância agora. Eu acho que sim. Hey, Edward.
Se você conseguir me
ouvir – aparece aí, sugador de sangue. Você tem um problema.
Nós temos um
problema, Seth corrigiu.
Então atravessamos as
árvores que davam para o grande jardim. A casa estava escura, mas
não vazia. Edward
estava na varanda com Emmett e Jasper. Eles era brancos como neve na luz
pálida.
- Jacob? Seth? O que
está acontecendo?
Eu diminuí de
velocidade e então dei uns passos pra trás. O cheiro era tão forte com esse
nariz que
honestamente parecia estar me queimando. Seth gemeu baixinho, hesitando, e
então
voltou pra trás de
mim.
Para responder a
pergunta de Edward, eu deixei minha mente correr pelo confronto com
Sam, vendo tudo de
trás pra frente. Seth pensou comigo, preenchendo as lacunas, mostrando a
cena de outro ângulo.
Nós paramos na parte sobre a “aberração” porque Edward rosnou
furiosamente e saiu
da varanda.
- Eles querem matar
Bella? - Ele rugiu simplesmente.
Emmett e Jasper, sem
ter ouvido a primeira parte da conversa, tomaram a pergunta ríspida
dele como um fato. Em
um flash, os dois estavam ao lado dele, dentes expostos enquanto eles se
moviam para nós.
Hey, agora, Seth
pensou, indo para trás.
- Em, Jazz – não
eles! Os outros. O bando está vindo.
Emmett e Jasper
pararam imediatamente; Emmett se virou para Edward enquanto Jasper
mantinha os olhos
grudados em nós.
- Qual o problema
deles? - Emmett quis saber.
- O mesmo que o meu -
Edward assobiou. - Mas eles têm seu próprio plano pra agüentar.
Chame os outros.
Ligue pra Carlisle! Ele e Esme têm que voltar aqui agora.
Eu lamentei. Eles
estavam separado.
- Eles não estão
longe - Edward disse na mesma voz morta de antes.
Eu vou dar uma
olhada, Seth disse. Correr pro perímetro do oeste.
- Você vai ficar em
perigo, Seth? - Edward perguntou.
Seth e eu trocamos um
olhar.
Acho que não, nós
pensamos juntos. E então eu adicionei Mas talvez eu deva ir, só por via
das dúvidas...
É menos provável que
eles me desafiem Seth apontou. Eu sou só uma criança pra eles.
Você é uma criança
pra mim, criança.
To fora adqui. Você
precisa se coordenar com os Cullen.
Ele se virou e se
enfiou na escuridão. Eu não ia dar ordens pra Seth, então eu o deixei ir.
Edward e eu ficamos
parados nos olhando na escuridão. Eu podia ouvir Emmett
murmurando em seu
telefone. Jasper estava olhando o lugar onde Seth tinha desaparecido nas
árvores. Alice
apareceu na varanda e então, depois de me olhar ansiosamente, ela se virou pro
lado de Jasper. Eu
adivinhei que Rosalie estava lá dentro com Bella. Ainda a guardando- dos
perigos errados.
- Essa não é a
primeira vez que eu te devo minha gratidão, Jacob - Edward sussurrou. - Eu
nunca ia te pedir
isso.
Eu pensei no que ele
me pediu mais cedo naquele dia. Quando se tratasse de Bella, não
haviam linhas que ele
não fosse cruzar. Sim, pediria.
Ele pensou nisso e
balançou a cabeça. - Eu acho que nisso você está certo.
Eu suspirei
pesadamente. Bem, essa não é a primeira vez que eu não faço isso por você.
- Certo - ele
murmurou.
Me desculpe por não
ter ajudado hoje. Eu te disse que ela não ia me ouvir.
- Eu sei. Eu nunca
acreditei que ela ouviria. Mas...
Você precisava
tentar. Eu entendo. Ela está melhor?
A voz e os olhos dele
ficaram vazios. - Pior - ele respirou.
Eu não queria que
essa palavra me alcançasse. Eu me senti agradecido quando Alice falou.
- Jacob, você se
importaria em se transformar? - Alice pediu. - Eu quero saber o que está
acontecendo.
Eu balancei a cabeça
ao mesmo tempo que Edward respondeu.
- Ele precisa manter
contato com Seth.
- Bem, então será que
você podia fazer a gentileza de me contar o que está acontecendo?
Ele explicou em
frases curtas, sem emoção. - O bando acha que Bella se tornou um
problema. Eles vêem
problemas futuros no... no que ela está carregando. Eles sentem que é seu
dever remover o perigo.
Jacob e Seth debandaram do bando pra nos avisar. O resto está
planejando um ataque
esta noite.
Alice rosnou, se
afastando de mim. Emmett e Jasper trocaram um olhar, e seus olhos
procuraram entre as
árvores.
Não há ninguém por
aí, Seth avisou. Está tudo quieto no lado oeste.
Isso pode mudar.
Eu vou pro outro
lado.
- Carlisle e Esme
estão chegando. - Emmett disse. - Vinte minutos no máximo.
- Devíamos tomar uma
posição defensiva - Jasper disse.
Edward balançou a
cabeça. - Vamos pra dentro.
Eu vou vasculhar o
perímetro com Seth. Se eu me afastar demais e você não me ouvir, fique
alerta pro meu uivo.
- Vou ficar.
Eles voltaram para a
casa, os olhos vasculhando todos os lugares. Antes deles terem
entrado, eu virei e
comecei a correr para o oeste.
Eu ainda não estou
achando muita coisa, Seth me disse.
Eu vou fazer um meio
círculo. Mova-se rápido – nós não queremos que eles tenham uma
chance de passar por
nós.
Seth se lançou em
frente numa explosão repentina de velocidade.
Nós corremos em
silêncio, e os minutos se passaram. Eu ouvi os barulhos ao redor dele,
fazendo uma checagem
dupla no julgamento dele.
Hey – alguma coisa
está se aproximando rápido! Ele me avisou depois de quinze minutos de
silêncio.
To a caminho!
Fique onde está – eu
não acho que seja o bando. O som é diferente.
Seth –
Mas ele sentiu o
cheiro do que se aproximava na brisa, e eu li na mente dele.
Vampiro. Aposto que é
Carlisle
Seth, fique pra trás.
Pode ser outra pessoa.
Não, são eles. Eu
reconheço o cheiro. Espere, eu vou me transformar pra explicar pra eles.
Seth, eu não acho –
Mas ele já tinha ido.
Ansiosamente, eu
corri pela borda do lado oeste. Não seria maravilhoso se Seth se só por
uma noite eu não
precisasse tomar conta de Seth? E se alguma coisa acontecesse com ele no meu
turno? Leah ia me
fazer em pedacinhos.
Pelo menos o garoto
não demorou muito. Menos de dois minutos depois eu o senti na minha
cabeça.
É, Carlisle e Esme.
Cara, eles ficaram surpresos demais em me ver! Provavelmente eles já
estão lá dentro
agora. Carlisle agradeceu.
Ele é um cara legal.
É. Um dos motivos
pelos quais estamos certos nisso.
Espero que sim.
Porque você tá tão
pra baixo, Jake? Eu aposto que Sam não vai trazer o bando hoje. Ele não
vai se meter numa
missão suicida.
Eu suspirei. De
qualquer maneira, não parecia importar.
Oh. Isso não tem
muito a ver com Sam, tem?
Eu fiz a volta no
final da patrulha. Eu senti o cheiro de Seth vindo do lugar onde ele tinha
passado. Não
estávamos deixando nada passar.
Você acha que Bella
vai morrer do mesmo jeito, Seth sussurrou.
Sim, ela vai.
Pobre Edward. Ele
deve estar louco.
Literalmente.
O nome de Edward fez
outras memórias virem à superfície. Seth as leu impressionado.
E então ele estava
uivando. Oh, cara! Sem essa! Você não fez isso! Isso foi simplesmente
um lixo, Jake! E você
também sabe disso! Eu não acredito que você disse que o mataria. O que foi
isso? você precisa
dizer a ele que não.
Cala a boca, cala a
boca, seu idiota! Eles vão pensar que o bando está vindo!
Oops! Ele parou na
metade do uivo.
Eu virei e comecei a
correr em direção à casa. Fique fora disso, Seth. Vigie o círculo inteiro
agora.
Seth resmungou, e eu
o ignorei.
Alarme falso, alarme
falso, eu pensei enquanto corria mais pra perto. Desculpa. Seth é
jovem. Ele esquece as
coisas. Ninguém está atacando. Alarme falso.
Quando eu cheguei na
clareira eu pude ver Edward olhando pra fora por uma janela escura.
Eu corri pra dentro,
querendo ter certeza que ele tinha entendido a mensagem.
Não tem nada aqui
fora – você ouviu?
Ele balançou a cabeça
uma vez.
Isso seria muito mais
fácil se a comunicação não fosse unilateral. Mas também, eu estava
meio feliz por não
estar na mente dele.
Ele olhou por cima do
ombro, pra dentro da casa, e eu vi seu corpo inteiro estremecendo.
Ele me dispensou com
um aceno sem olhar na minha direção novamente e saiu da minha vista.
O que está
acontecendo?
Como se eu fosse
receber uma resposta.
Eu fiquei imóvel na
clareira e escutei. Com esses ouvidos, eu quase conseguia ouvir os
passos suaves de
Seth, quilômetros fora da floresta. Era fácil ouvir qualquer som de dentro da
casa escura.
- Foi alarme falso -
Edward estava explicando numa voz morta, só repetindo o que eu tinha
dito. - Seth estava
nervoso com alguma outra coisa, e esqueceu que estávamos esperando o sinal.
Ele é muito jovem.
- Bom ter totós
guardando o forte - uma voz mais profunda murmurou. Emmett, eu pensei.
- Eles nos fizeram um
grande serviço esta noite, Emmett - Carlisle disse. - Um grande
sacrifício pessoal.
- É, eu sei. Só estou
com inveja. Eu queria estar lá fora.
- Seth não acha que
Sam vai atacar agora - Edward disse mecanicamente. - Não com a
gente de sobreaviso,
e sem dois membros do bando.
- O que Jacob acha? -
Carlisle perguntou.
- Ele não está tão
otimista.
Ninguém falou. Houve
um som baixinho de algo pingando que eu não pude divisar. Eu ouvi
a respiração baixa
deles – e eu conseguia separar a de Bella das restantes. Era mais ríspida,
trabalhosa. Ela
assobiava e se quebrava em ritmos estranhos. Eu podia ouvir seu coração.
Parecia... rápido
demais. Eu o comparei com as minhas próprias batidas, mas eu não sabia se era
uma boa medição. Não
era como se eu fosse normal.
- Não toque nela!
Você vai acordá-la - Rosalie sussurrou.
Alguém suspirou.
- Rosalie - Carlisle
murmurou.
- Não comece comigo,
Carlisle. Deixamos você fazer o que queria mais cedo, mas isso é só o
que nós deixamos.
Parecia que Bella e
Rosalie agora estavam sempre falando no plural. Como se agora elas
formassem seu próprio
bando.
Eu andei rapidamente
pela frente da casa. Cada passada me levava um pouco mais pra
perto. Janelas
escuras eram como uma televisão ligada em alguma sala de espera chata – era
impossível manter os
olhos longe delas por muito tempo.
Alguns minutos mais,
algumas passadas mais, e meu pêlo já estava roçando na varanda
enquanto eu passava.
Eu podia ver através
das janelas – ver o topo das paredes e os tetos, o candelabro apagado
que tinha lá. Eu era
alto o suficiente para apenas ter que erguer meu pescoço um pouquinho... e
talvez uma pata na
beira na varanda...
Eu dei uma espiada na
grande sala aberta da frente, esperando ver algo muito similar à cena
desta tarde. Mas tudo
tinha mudado tanto que no início eu fiquei confuso. Por um segundo eu
achei que estava
olhando para a sala errada.
A parede de vidro
tinha sumido – ela parecia feita de metal agora. E todos os móveis haviam
sido tirados do
caminho, com Bella encurvada de forma estranha sobre uma cama estreita no
centro do espaço
aberto. Não era uma cama normal – mas uma com rodinhas, como aquelas de
hospital. Assim como
num hospital, também haviam monitores plugados em seu corpo, os tubos
enfiados em sua pele.
As luzes no monitor brilhavam, mas não havia som. O barulho de algo
pingando vinha de uma
intra-venosa plugada no braço dela – algum fluido que era grosso e
branco, não
transparente.
Ela tossiu um pouco
em seu sono agitado, e tanto Edward quanto Rosalie se inclinaram para
observá-la. O corpo
dela se contorceu e ela gemeu. Rosalie alisou a testa de Bella com as mãos. O
corpo de Edward
enrijeceu – ele estava de costas pra mim, mas a expressão dele deve ter sido
interessante porque
Emmett se colocou entre os dois antes que houvesse tempo para piscar. Ele
ergueu as mãos para
Edward.
- Esta noite não,
Edward. Temos outras coisas pra nos preocupar.
Edward deu as costas
pra eles, e ele parecia estar queimando novamente. Os olhos dele
encontraram os meus
por um minuto, e então eu sai da janela.
Eu voltei correndo
para a floresta, correndo pra me juntar a Seth, fugindo do que estava
atrás de mim.
Pior. Sim, ela estava
pior.
12 – ALGUMAS PESSOAS
NÃO ENTENDEM O CONCEITO DE ‘‘NÃO DESEJADO’’
Eu estava quase
dormindo.
O sol havia saído por
trás das nuvens há uma hora atrás – a floresta estava cinza agora, ao
invés de escura. Seth
tinha se enrolado e desmaiado por volta de 1 hora, e eu o acordei de
madrugada para a
troca. Mesmo depois de correr a noite toda, eu estava lutando para fazer meu
cérebro se calar o
bastante para poder dormir, mas o ritmo da corrida de Seth estava ajudando.
Uma, dois-três,
quatro, um, dois-três, quatro – dum, dum, dum, dum – estúpida pancada de pata
contra a terra úmida,
repetidamente enquanto ele fazia o longo circuito por volta da terra dos
Cullen. Nós já
estávamos deixando pegadas no chão. Os pensamentos de Seth estavam vazios,
apenas uma mancha
verde e cinza quando o mato voava para cima dele.
Estava tranqüilo.
Isso ajudou a encher minha mente com as coisas que ele via, ao invés de
deixar minhas
próprias imagens tomarem conta.
E então o perfurante
uivo de Seth quebrou o silêncio da manhã.
Eu me inclinei do
chão, minhas patas dianteiras se arrastando rapidamente, antes de minhas
patas traseiras
saírem do chão. Eu corri ao lugar em que Seth estava congelado, ouvindo com ele
os passos de patas
vindo em nossa direção.
Bom dia, garotos.
Um choro abalado se
quebrou através dos dentes de Seth. E então nós dois rangemos os
dentes conforme
ouvíamos os novos pensamentos.
Oh, cara! Vá embora,
Leah! Seth rugiu.
Eu parei quando
cheguei até Seth, cabeça para trás, pronto para uivar novamente – desta
vez para reclamar.
Pare o barulho, Seth.
Certo! Ugh! Ugh! Ugh!
Ele choramingou e bateu no chão, raspando dobra na sujeira.
Leah apareceu, seu
pequeno corpo cinza mostrando-se através dos arbustos.
Pare de choramingar,
Seth. Você é só um bebê.
Eu rosnei para ela,
minhas orelhas achatadas contra minha cabeça. Ela saltou um passo para
trás automaticamente.
O que pensa que está
fazendo, Leah?
Ela bufou um suspiro
pesado. É muito óbvio, não é? Eu estou entrando na porcaria do seu
pequeno e renegado
bando. Os cães de guarda dos vampiros. Ela latiu uma baixa e sarcástica
risada.
Não, você não está.
Volte antes que eu arranque um de seus tendões.
Como se você pudesse
me pegar. Ela riu e se abaixou para correr. Quer competir, ó corajoso
líder?
Eu respirei fundo,
enchendo meus pulmões até que meus lados se destacassem. Então
quando tive certeza
de que não iria gritar, soltei o ar com um sopro forte.
Seth, vá contar aos
Cullen que é somente sua estúpida irmã – Eu pensei nas palavras o mais
cruelmente possível.
Eu cuido disso.
É pra já! Seth era o
único feliz demais para partir. Ele desapareceu em direção à casa.
Leah lamentou, e o
olhou. O pêlo em seus ombros levantando. Você está deixando-o ir até
os vampiros sozinho?
Estou certo de que
ele preferia que eles o levassem do que passar mais um minuto aqui com
você.
Cala a boca, Jacob.
Oops, me desculpe – quero dizer, cala a boca, maior poderoso Alfa.
Por que diabos você
está aqui?
Você acha que vou
ficar sentada em casa enquanto meu irmãozinho se é voluntário como
brinquedo de mastigar
dos vampiros?
Seth não quer ou
precisa de sua proteção. Na verdade, ninguém te quer aqui.
Ohhh, ai, isso vai
deixar uma grande marca. Ha,ela latiu. Diga quem me quer por perto, e eu
partirei.
Então isso não tem
nada a ver com Seth, tem?
Lógico que tem. Estou
apenas apontando que ser indesejada não é um princípio pra mim.
Não é um fator
motivador, se você entende o que quero dizer.
Eu cerrei os dentes e
tentei pensar direito.
Sam te mandou?
Se eu estivesse aqui
em missão de Sam, você não estaria disposto a me ouvir. Minha aliança
está longe de ser com
ele.
Eu escutei
cuidadosamente aos pensamentos misturados as palavras. Se isso fosse uma
distração ou um
truque, eu teria que ser alerto o suficiente para enxergá-los. Mas não havia
nada.
Sua declaração não
era nada, senão a verdade. Relutante, quase desesperadora verdade.
Você é leal a mim
agora? Eu perguntei com profundo sarcasmo. Uh-huh. Certo.
Minhas escolhas são
limitadas. Estou trabalhando com as opções que tenho. Confie em mim, não
estou gostando disso
mais que você.
Isso não era verdade.
Tinha um irritável tipo de excitamento na mente dela. Ela não estava
contente com isso,
mas ela também estava montando em alguma estranha altura. Eu procurei sua
mente, tentando
entender.
Ela se enfureceu,
ofendendo-se pela invasão. Eu normalmente tentava direcionar Leah – eu
nunca tentei achar
lógica nela antes.
Nós fomos
interrompidos por Seth, pensando em sua explicação de Edward. Leah
resmungou
ansiosamente. O rosto de Edward, formado na mesma janela da noite passada, não
mostrou reação às
novidades. Era um rosto vazio, sem vida.
Wow, ele parece mal.
Seth murmurou para si mesmo. O vampiro não mostrou reação àquele
pensamento também.
Ele desapareceu pela casa. Seth se posicionou e voltou para onde
estávamos. Leah
relaxou um pouco.
O que está
acontecendo? Leah perguntou. Me alcance para correr.
Não há desculpas.
Você não vai ficar.
Na verdade, Sr. Alfa,
eu vou. Porque desde que aparentemente eu tenho que pertencer a
alguém – e não pense
que eu não tenha tentado partir sozinha, você bem sabe por si mesmo que
isso não funciona. –
eu escolho você.
Leah, você não gosta
de mim. Eu não gosto de você.
Obrigada, Capitão
Óbvio. Isso não importa para mim. Eu estou com Seth.
Você não gosta de
vampiros. Não acha que é um pequeno conflito de interesses bem ali?
Você também não gosta
de vampiros.
Mas eu estou
comprometido à esta aliança. Você não.
Eu manterei distância
deles. Eu posso fazer rondas por aqui, da mesma forma que Seth.
E eu deveria
acreditar nisso?
Ela esticou seu
pescoço, se inclinando até os dedos dos pés, tentando ser tão alta quanto eu
para me olhar nos
olhos. Eu não trairei meu bando.
Eu queria inclinar a
cabeça e uivar, como Seth havia feito antes. Este não é o seu bando!
Isto nem mesmo é um
bando! Este só sou eu, apodrecendo sozinho! O que vocês têm,
Clearwatters? Por que
não me deixam sozinho?
Seth, aparecendo por
trás de nós agora, choramingou; Eu o ofendi. Ótimo.
Eu tenho sido
prestativo, não tenho, Jake?
Você não fez mais do
que se chatear, garoto, mas se você e Leah são um pacote – se a
única maneira de me
livrar dela é te mandar pra casa... Bem, você pode me culpar por querer que
você vá?
Ugh, Leah, você
destruiu tudo!
Sim, eu sei, ela
disse a ele, e o pensamento estava carregado com o peso de seu desespero.
Eu senti a dor nas
três pequenas palavras, e era mais do que eu poderia adivinhar. Eu não
queria sentir isso.
Eu não queria me sentir mal por ela. Claro, o bando era duro com ela, mas ela
trouxe tudo isso com
a amargura que a manchou a cada pensamento, e fez sua mente ser um
pesadelo.
Seth estava se sentindo
culpado também. Jake... você não vai mesmo me mandar embora,
vai? Leah não é má.
Sério. Quero dizer, com ela aqui nós podemos pressionar o perímetro por
mais tempo. E isso
coloca Sam abaixo de sete. Não há maneira de ele montar um ataque com
número maior. É
provavelmente uma coisa boa...
Sabe, eu não quero
liderar um bando, Seth.
Então não nos lidere.
Leah ofereceu.
Eu bufei. Parece
perfeito pra mim. Vão pra casa agora.
Jake. Seth pensou. Eu
pertenço aqui. Eu gosto de vampiros. Dos Cullen. Eles são pessoas
para mim, e eu os
protegerei, porque é isso que nós deveríamos fazer.
Talvez você pertença,
garoto, mas sua irmã não. E ela irá para o lugar que você estiver...
Eu parei brevemente,
porque vi alguma coisa quando disse isso. Algo que Leah estava
tentando não pensar a
respeito. Leah não ia para lugar algum.
Pensei que isso era
sobre Seth, eu pensei de mal humor.
Ela hesitou. Claro
que estou aqui por Seth.
E para ficar longe de
Sam.
Seus dentes
trincaram. Eu não tenho que me explicar para você. Só tenho que fazer o que
me disseram. Eu
pertenço ao seu bando. Fim.
Eu andei para longe
dela, rosnando.
Merda. Eu nunca iria
me livrar dela. O tanto que ela não gostava de mim, o tanto que ela
detestava os Cullen,
o tanto que ela ficaria feliz ao matar todos os vampiros agora, o quanto ela
estava irritada por
ter de protegê-los ao invés disso – tudo isso não era nada comparado no
quanto ela se sentia
livre de Sam.
Leah não gostava de
mim, então não era uma tarefa desejar que ela desaparecesse.
Ela amava Sam. Ainda.
E tendo o desejo dele de que ela desaparecesse, era mais doloroso do que
ter vontade de viver
com ele, agora que ela tinha uma escolha. Ela teria escolhido qualquer outra
opção. Mesmo se isso
significasse se mudar com os Cullen, como seu cãozinho.
Eu não sei se iria
tão longe, ela pensou. Ela tentou fazer as palavras soares duras,
agressivas, mas
tinham grandes confusões em sua declaração. Tenho certeza que eu me mataria
por algumas
tentativas antes...
Olhe, Leah...
Não, você olhe,
Jacob. Pare de argumentar comigo, porque isso não fará bem algum. Eu
ficarei longe de seu
caminho, ok? Eu farei qualquer coisa que você quiser. Exceto voltar ao bando
de Sam e ser a
patética ex-namorada de Sam, a qual ele não consegue ficar longe. Se você
quiser
que eu vá... – ela
sentou e olhou em meus olhos –você terá que me fazer ir.
Eu resmunguei por um
longo, raivoso minuto. Estava começando a sentir alguma simpatia
por Sam, a despeito
do que ele tinha feito comigo, com Seth. Sem perguntar se ele estava sempre
ordenando o bando por
aí. De que outro jeito você teria feito qualquer outra coisa?
Seth, você ficará
bravo comigo se eu matar sua irmã?
Ele fingiu pensar por
um minuto. Bem... sim, provavelmente.
Eu suspirei.
Ok então, senhora
faço-tudo-que-você-quiser. Porque você não faz algo de útil, e nos conta
tudo o que sabe? O
que aconteceu depois que nós partimos noite passada?
Muitos uivos. Mas
você provavelmente ouviu esta parte. Eram tão altos que nos levou tempo
para descobrir que
não podíamos ouvir nenhum de vocês mais. Sam estava...
As palavras falharam,
mas nós podíamos ver em sua mente. Eu e Seth nos encolhemos.
Depois disso, ficou
bem claro que nós teríamos de repensar as coisas. Sam estava
planejando falar com
o outro ancião a primeira coisa esta manhã. Nós deveríamos nos encontrar,
e descobrir um plano
de jogo. Eu poderia dizer que ele não estava montando um novo ataque
agora mesmo, pelo
menos. Suicídio neste ponto, com você e Seth fugidos e os sugadores de
sangue prevenidos.
Não estou certa sobre o que eles farão, mas eu não ficaria perambulando pela
floresta sozinha, se
fosse um parasita. É estação de caça nos vampiros agora.
Você decidiu fugir do
encontro esta manhã? eu perguntei.
Quando nós
fracassamos na ronda a noite passada, eu pedi permissão para ir para casa, e
contar a minha mãe o
que tinha acontecido.
Merda, você contou a
mamãe? Seth rosnou.
Seth, segure essa
coisa de irmãos por um segundo. Continue, Leah.
Então, uma vez
humana, eu tirei um minuto para pensar nas coisas. Bem, na verdade eu
tirei a noite toda. Aposto
que os outros pensaram que eu adormeci. Mas toda a coisa de doisbandos-
separados,
dois-bandos-de-mentes-separadas, me deu muito o que filtrar. No fim, eu
decidi pela segurança
de Seth e, em, os outros benefícios contra a idéia de virar traidora, e cheirar
fedor de vampiro por
quem sabe quanto tempo. Você sabe o que decidi. Deixei um bilhete para
minha mãe. Espero que
nós ouçamos quando Sam descobrir...
Leah inclinou seu
ouvido para o oeste.
É, eu espero que sim,
concordei.
Ela e Seth me olharam
esperançosamente.
Este era o tipo de
coisa que eu não queria ter que fazer.
Acho que nós temos
que ficar de olho por agora. Isso é tudo que podemos fazer. Você
provavelmente deveria
tirar um cochilo, Leah.
Você dormiu tanto
quanto eu.
Pensei que fosse
fazer o que lhe disserem para fazer?
Certo. Isso vai ser
longo, ela resmungou e bocejou. Bem, tanto faz. Eu não ligo.
Eu fico na fronteira,
Jake. Não estou nem um pouco cansado. Seth estava tão feliz que eu
não tinha os forçado
a ir pra casa, ele estava pulando de alegria.
Claro, claro. Eu
estou indo checar com os Cullen.
Seth se retirou sob o
novo percurso gasto pela terra úmida. Leah o observou
pensativamente.
Talvez uma volta ou
duas antes de eu bater... Hey Seth, quer ver quantas vezes eu consigo
te lamber?
NÃO!
Latindo baixas
risadas, Leah disparou na floresta atrás dele.
Eu rosnei em vão.
Muito por paz e tranqüilidade.
Leah estava tentando
– por Leah. Ela manteve seus zumbidos baixos enquanto corria pelo
caminho, mas era
impossível não notar seu humor satisfeito. Eu pensei em todas as “duas
companhias” falando.
Eu não apliquei realmente, porque uma era abundante em minha mente.
Mas se tinha que ser
três de nós, era difícil pensar em alguém para quem eu não a comercializaria.
Paul? ela sugeriu.
Talvez, eu permiti.
Ela riu para si
mesma, tensa demais para se sentir ofendida. Eu me perguntei quanto tempo
duraria o cochicho de
se esquivar da piedade de Sam.
Isso será minha
vitória, então – ser menos irritante do que Paul.
Sim, trabalhe nisso.
Eu mudei para minha
outra forma quando estava a poucos metros do gramado. Eu não tinha
planejado passar
tanto tempo como humano aqui. Mas eu não tinha planejado ter Leah em minha
mente também. Eu
puxei meu short áspero, e comecei a atravessar o gramado.
A porta se abriu
antes de eu chegar até lá, e fiquei surpreso ao ver Carlisle ao invés de
Edward andando ao
lado de fora para me encontrar – seu rosto parecia exausto e derrotado. Por
um momento, meu
coração congelou. Eu hesitei ao parar, incapaz de falar.
- Você está bem,
Jacob? - Carlisle perguntou.
- Bella está? - eu
sufoquei.
- Ela está... como na
noite passada. Eu te assustei? Me desculpe. Edward disse que você
estava vindo em sua
forma humana, e eu vim para lhe receber, já que ele não quis deixá-la. Ela
está acordada.
- E Edward não quis
perder tempo com ela, porque ele não tem muito tempo a perder. -
Carlisle não quis
dizer as palavras em voz alta, mas talvez ele também tivesse.
Já tinha passado um
tempo desde que eu adormeci – desde antes da minha última ronda.
Eu realmente poderia
sentir isso agora. Eu segui em frente, sentei na varanda, e caí sob o
corrimão.
Se movendo suavemente
e silenciosamente como somente um vampiro poderia fazer,
Carlisle se sentou no
mesmo lugar, encostando-se ao outro corrimão.
- Eu não tive a
chance de te agradecer a noite passada, Jacob. Você não sabe o quanto eu
aprecio sua...
compaixão. Sei que seu objetivo era proteger a Bella, mas eu devo a você a
segurança do resto de
minha família também. Edward me disse o que você teve que fazer...
- Não mencione isso -
eu murmurei.
- Se você prefere.
Nós sentamos em
silêncio. Eu podia ouvir os outros dentro de casa. Emmett, Alice e Jasper,
falando em vozes
baixas e sérias no andar de cima. Esme sussurrando desafinada em outro
quarto. Rosalie e
Edward respirando próximos a – eu não poderia dizer qual era qual, mas eu
podia ouvir a
diferença no esforço de Bella ofegando. Eu podia ouvir seu coração também. Ele
parecia... irregular.
Era como se o destino
me mandasse fazer tudo eu sempre jurei que não faria no curso de
24 horas. Aqui estava
eu, de bobeira, esperando-a morrer.
Eu não queria ouvir
mais. Falar era melhor do que ouvir.
- Ela é família para
você? - perguntei a Carlisle. Eu tinha notado isso antes, quando ele disse
que eu tinha ajudado
o resto de sua família também.
- Sim. Bella já é uma
filha para mim. Uma filha querida.
- Mas você vai
deixá-la morrer.
Ele ficou quieto
tanto tempo que eu ergui os olhos. Seu rosto estava muito, muito cansado.
Eu sabia como ele se
sentia.
- Posso imaginar que
você pensa que estou fazendo isso - finalmente ele disse. - Mas eu não
posso ignorar a
vontade dela. Não seria certo fazer uma escolha por ela, forçá-la.
Eu queria ficar bravo
com ele, mas ele fazia isso ser difícil. Era como se ele jogasse minhas
próprias palavras de
volta à mim, dispersas. Elas soariam certas antes, mas não poderiam estar
certas agora. Não com
Bella morrendo. Ainda...
Eu me lembrei de como
me senti quebrado no chão sob Sam – de não ter escolha, mas de
estar envolvido no
assassinato de alguém que eu amava. Não era o mesmo, apesar disso. Sam
estava errado. E
Bella amava coisas que ela não deveria.
- Você acha que
existe alguma chance dela fazer isso? Digo, como um vampiro e tudo mais.
Ela disse sobre...
sobre Esme.
- Eu diria que ainda
tem uma chance neste ponto - ele respondeu calmamente. - Eu tenho
visto veneno de
vampiros fazer milagres, mas tem situações que nem o veneno pode superar. Seu
coração está
trabalhando demais agora; se ele falhar... não haverá nada que eu possa fazer.
A batida do coração
de Bella bateu e hesitou, dando uma agonizante ênfase às palavras
dele.
Talvez o planeta
tivesse começado a regredir. Talvez isso explicasse como tudo estava ao
contrário do que
havia sido ontem – como eu poderia esperar pelo que tivesse parecido uma vez
com a pior coisa do
mundo.
- O que aquela coisa
está fazendo com ela? - eu murmurei. - Ela estava bem pior noite
passada. Eu vi... os
tubos e tudo mais. Pela janela.
- O feto não é
compatível com o corpo dela. Forte demais para uma coisa, mas ela
provavelmente pode
resistir por um tempo. O maior problema é que ele não a permitirá ingerir as
substâncias que ela
precisa. Seu corpo está rejeitando qualquer forma de nutrição. Estou tentando
alimentá-la
introvenosamente, mas ela não está absorvendo. Tudo sobre sua condição é
acelerada. Eu estou a
observando – não apenas ela, mas também o feto – faminto pela hora. Não
posso parar isso, e
não posso fazer com que vá devagar. Não consigo descobrir o que o feto quer.
- Sua aborrecida voz
se quebrou ao final.
Me senti do mesmo
jeito de ontem, quanto vi as manchas pretas pelo seu estômago –
furioso, e um pouco
louco.
Eu apertei minhas
mãos contra os pulsos, para controlar o tremor. Odiava a coisa que a
estava machucando.
Não era suficiente para o monstro bater nela do lado de dentro. Não, estava
a comendo também.
Provavelmente procurando por alguma coisa para penetrar seus dentes –
uma garganta para
sugar. Já que não era grande o bastante para matar alguém ainda, ele estava
decidido a sugar a
vida de Bella.
Eu poderia contar a
eles exatamente o que o ele queria: morte e sangue, sangue e morte.
Minha pele estava
toda quente e espinhosa. Eu respirei lentamente, me focando nisso para
me acalmar.
- Eu gostaria de
poder ter uma idéia melhor do que isso exatamente é - Carlisle murmurou. -
O feto é bem
protegido. Eu não consegui produzir uma imagem de ultra-som. Duvido que exista
algum jeito de enfiar
uma agulha pela bolsa amniótica, mas Rosalie não concordará em me deixar
tentar, de forma
alguma.
- Uma agulha? - eu
resmunguei. - Que bem isso faria?
- Quanto mais eu
sabia sobre o feto, melhor eu conseguia estimar do que ele seria capaz de
fazer. O que eu não
daria por um pouco de líquido amniótico. Se eu soubesse que até mesmo os
cromossomos contam...
- Você está me
perdendo, Doutor. Você pode calar isso?
Ele riu uma vez,
mesmo que sua risada parecesse exausta. - Ok. Quanto de biologia você
viu? Você estudou
pares de cromossomos?
- Acho que sim. Nós
temos vinte e três, certo?
- Humanos sim.
Eu pisquei. - Quantos
vocês têm?
- Vinte e cinco.
Eu franzi as
sobrancelhas olhando para os meus punhos por um segundo. - O que isso quer
dizer?
- Eu pensei que isso
significasse que nossa espécie era quase completamente diferente.
Menos próxima do que
um leão e uma casa de gato. Mas esta nova vida, bem, sugere que nós
somos mais
geneticamente compatíveis do que pensei. - Ele suspirou tristemente. - Eu não
sabia
para alertá-los.
Eu suspirei também.
Tinha sido fácil odiar Edward pela mesma ignorância.
- Talvez ajudaria
saber que contagem era, se o feto estava mais próximo à nós ou à ela.
Saber o que esperar.
- Então ele encolheu os ombros. - E talvez isso não ajudaria em nada. Acho
que só gostaria de
ter alguma coisa para estudar, qualquer coisa para fazer.
- Me pergunto como
são os cromossomos - Eu murmurei aleatoriamente. Pensei naqueles
testes olímpicos de
esteróides novamente. Eles tinham DNA?
Carlisle confessou
autoconsciência. - Você tem vinte e quarto pares, Jacob.
Eu virei
vagarosamente para encará-lo, erguendo minhas sobrancelhas.
Ele olhou embaraçado.
- Eu estava… curioso. Eu tomei a liberdade quando estava cuidando
de você, junho
passado.
Eu pensei sobre isso
por um segundo. - Eu acho que sair, mas eu não me importo.
- Me desculpe. Eu
deveria ter perguntado.
- Tudo bem, Doutor.
Você não quis fazer nenhum mal.
- Não, eu prometo a
você que não pretendia lhe fazer mal. É só que... eu acho sua espécie
fascinante. Eu
suponho que os elementos da natureza de vampiro parecem rotina para mim
através dos séculos.
A divergência de sua família da humanidade é muito mais interessante.
Mágica, quase.
- Bibbidi-Bobbidi-Boo
- Eu resmunguei. Ele era igual a Bella com aquela porcaria de magia.
Carlisle deu outro
riso cansado.
Então nós ouvimos a
voz de Edward dentro da casa, e ambos paramos para ouvi-lo.
- Eu já venho, Bella.
Eu quero falar com Carlisle por um momento. Na verdade, Rosalie, você
se importaria de me
acompanhar? - Edward soava diferente. Tinha um pouco de vida em sua voz
morta. A fagulha de
alguma coisa. Não exatamente esperança, mas talvez o desejo de esperança.
- O que foi, Edward?
- Bella perguntou roucamente.
- Nada com que você
precise se preocupar, amor. Só levará um segundo. Por favor, Rose?
- Esme? - Rosalie
chamou. - Você pode tomar conta de Bella pra mim?
Eu ouvi o murmúrio do
vento enquanto Esme descia as escadas.
- Claro - Ela disse.
Carlisle se mexeu, se
contorcendo para olhar a porta na espera. Edward passou pela porta
primeiro, com Rosalie
bem atrás. Sua expressão estava como sua voz, não mais morta. Ele parecia
intensamente focado.
Rosalie parecia desconfiada.
Edward fechou a porta
por trás dela.
- Carlisle - ele
murmurou.
- O que foi, Edward?
- Talvez nós
estejamos lidando com isso da maneira errada. Eu estava escutando você e
Jacob agora, e quando
vocês estavam falando sobre o que o.... feto quer, Jacob teve um
pensamento
interessante.
Eu? O que eu havia
pensado? Além do meu ódio óbvio pela coisa? Ao menos eu não estava
sozinho nisso. Eu
poderia dizer que Edward tinha dificuldade em dizer um termo tão moderado
como feto.
- Nós não tínhamos
nos concentrado neste ângulo - Edward continuou. - Nós temos tentado
dar a Bella o que ela
precisa. E seu corpo está aceitando isso tão bem quanto qualquer um dos
nossos aceitaria.
Talvez nós devêssemos nos concentrar no que o.... feto precisa primeiro. Talvez
se nós o
satisfazermos, poderíamos ajudá-la mais efetivamente.
- Não entendi o que
quer dizer, Edward. - Carlisle disse.
- Pense nisso,
Carlisle. Se aquela criatura é mais vampira do que humana, você não pode
adivinhar o que ela
quer – o que ela não está tendo? Jacob adivinhou.
Adivinhei? Eu pensei
na conversa, tentando lembrar que pensamentos mantive guardados.
Me lembrei ao mesmo
tempo que Carlisle entendeu.
- Oh - ele disse em
um tom de surpresa. - Você acha que ele está... com sede?
Rosalie assobiou
através de sua respiração. Ela não estava mais desconfiada. Seu rosto
perfeito revoltado
estava iluminado, seus olhos completos de excitação. - Claro - ela murmurou. -
Carlisle, nós temos
todo tipo de O negativo economizado para Bella. É uma boa idéia - ela
adicionou, sem olhar
para mim.
- Hmm - Carlisle pôs
as mãos em seu queixo, perdido em pensamento. - Eu me pergunto... e
então, qual seria a
melhor maneira de administrar...
Rosalie sacudiu a
cabeça. - Nós não temos tempos para ser criativos. Eu diria que nós
deveríamos começar
com o modo tradicional.
- Espere um minuto -
eu sussurrei. - Esperem. Vocês – vocês estão falando sobre fazer Bella
beber sangue?
- Foi idéia sua,
cachorro - Rosalie disse, me olhando de cara feia sem nunca ter me olhado
muito.
Eu a ignorei e
observei Carlisle. O mesmo fantasma de esperança que tinha na expressão de
Edward agora estava
nos olhos do Doutor. Ele apertou os lábios, especulando.
- Isso é... - Eu não
podia encontrar a palavra certa.
- Monstruoso? -
Edward sugeriu. - Repulsivo?
- Demais.
- Mas e se isso
ajudá-la? - ele murmurou.
Eu sacudi a cabeça
irritadamente. - O que vocês farão, enfiar um tubo pela garganta dela?
- Eu planejo
perguntar o que ela acha. Eu só quis falar com Carlisle primeiro.
Rosalie acenou. - Se
você contar a ela que isso pode ajudar o bebê, ela estará disposta a
qualquer coisa. Mesmo
se nós tivermos que os alimentar com um tubo.
Eu percebi então
quando ouvi o quanto sua voz estava romântica quando ela disse a palavra
bebê, que a loira
concordaria com qualquer coisa que ajudasse ao pequeno monstro de vidasugadora.
Isso era o que estava
acontecendo, o fator misterioso que estava ligando os dois a eles?
Rosalie queria a
criança?
Do canto do olho, eu
vi Edward acenar uma vez, distraidamente, sem olhar em minha
direção. Mas eu sabia
que ele estava respondendo minhas perguntas.
Huh. Eu não teria
pensado que a Barbie fria como o gelo teria um lado maternal. Tão grande
para proteger Bella –
Rosalie provavelmente colocaria o tubo na garganta de Bella ela mesma.
A boca de Edward se
amassou em uma linha, e eu sabia que estava certo novamente.
- Bem, nós não temos
tempo de sentar por aí discutindo isso - Rosalie disse
impacientemente. - O
que você acha, Carlisle? Podemos tentar?
Carlisle respirou
fundo, e então se levantou - Perguntaremos a Bella.
A loira sorriu
orgulhosa – certeza que, se fosse para Bella, ela daria seu jeito.
Eu me arrastei pelas
escadas, e os segui para dentro da casa. Não sabia porque. Mórbida
curiosidade, talvez.
Era como um filme de terror. Monstros e sangue por todo lugar.
Talvez eu não pudesse
resistir a outra dose do meu escasso estoque de drogas.
Bella deitada na cama
de hospital, sua barriga uma montanha embaixo do cobertor. Ela
parecia cera – sem
cor e um pouco transparente. Você pensaria que ela já estava morta, exceto
pelo pequeno
movimento de seu tórax, sua respiração fraca.
E então seus olhos,
seguindo nós quatro com exaustiva suspeita.
Os outros já estavam
ao lado dela, voando através da sala com movimentos repentinos. Era
horripilante de
assistir. Eu caminhei até eles com passos lentos.
- O que está havendo?
- Bella demandou em um sussurro arranhado. Sua mão raspada
debatia-se para cima
– como se ela estivesse tentando proteger seu estômago em forma de balão.
- Jacob teve uma
idéia que pode te ajudar - Carlisle disse. Eu desejei que ele me deixasse
fora disso. Eu não
tinha sugerido nada. Dê o crédito ao seu marido sugador de sangue, onde isso
pertencia. - Não
será.... prazeroso, mas –
- Mas isso ajudará o
bebê - Rosalie interrompeu avidamente. - Nós pensamos em uma
maneira melhor de
alimentá-lo. Talvez.
As pálpebras de Bella
se agitaram. E ela tossiu uma fraca risada. - Não prazeroso? - ela
sussurrou. - Deus,
isso será uma grande mudança. - Ela olhou ao tubo preso em sua mão e tossiu
de novo.
A loira riu para ela.
A garota olhou como
se ela tivesse somente algumas horas, e tivesse que sofrer, mas ela
estava brincando.
Então Bella. Tentando acalmar a tensão, fez isso melhor do que qualquer um.
Edward andou ao redor
de Rosalie, nenhum humor tocando sua intensa expressão. Eu
estava feliz por
isso. Ajudou, só um pouco, que ele estivesse sofrendo mais do que eu. Ele pegou
a mão dela, não a que
estava protegendo sua barriga inchada.
- Bella, amor, nós
vamos te pedir para fazer algo monstruoso - ele disse, usando os mesmos
adjetivos que havia
me oferecido. - Repulsivo.
Bem, ao menos ele
estava sendo honesto.
Ela tomou um fraco,
palpitante fôlego. - Quão ruim?
Carlisle respondeu. -
Nós achamos que o feto possa ter um apetite mais próximo ao nosso
do que ao seu.
Achamos que está com sede.
Ela piscou. - Oh. Oh.
- Sua condição – a
condição de ambos – está se deteriorando rapidamente. Nós não temos
tempo a perder, para
conseguir maneiras mais saborosas de fazer isso. O jeito mais rápido de
testar a teoria –
- Eu tenho que beber
sangue - ela sussurrou. Ela acenou levemente. – energia difícil o
suficiente para uma
pequena cabeça. - Eu posso fazer isso. Praticar para o futuro, certo? - Seus
lábios sem cor
esticados em um sorriso frouxo enquanto ela olhava para Edward. Ele não sorriu
de
volta.
Rosalie começou a
bater seus dedos, impacientemente. O som era realmente irritante. Eu
me perguntei o que
ela faria se eu a atirasse contra a parede agora.
- Então, quem vai
pegar para mim um urso marrom? - Bella sussurrou.
Carlisle e Edward
trocaram uma rápida olhada. Rosalie parou de fazer barulho.
- O que? - Bella
perguntou.
- Será um teste mais
efetivo se nós não ultrapassarmos as normas, Bella - Carlisle disse.
- Se o feto está
desejando sangue - Edward explicou - Não é sangue animal.
- Não fará diferença
pra você, Bella. Não pense sobre isso - Rosalie encorajou.
Os olhos de Bella se
alargaram. - Quem? - ela respirou, e seu olhar parou em mim.
- Eu não estou aqui
como um doador, Bells - eu resmunguei. - Além disso, é sangue humano
que essa coisa quer,
e eu não acho que o meu se aplica –
- Nós temos sangue em
mãos - Rosalie contou a ela, falando por cima de mim, antes que eu
terminasse, como se
eu não estivesse ali. - Para você – só pra garantir. Não se preocupe com
nada disso. Tudo
ficará bem. Eu tenho um bom sentimento sobre isso, Bella. Acho que o bebê
ficará muito melhor.
A mão de Bella passou
por seu estômago.
- Bem - ela disse,
mal audível. - Estou faminta, então aposto que ele também está. -
Tentando fazer outra
piada. - Vamos nessa. Meu primeiro ato de vampiro.
13 – QUE BOM QUE EU
TENHO ESTÔMAGO FORTE
Carlisle e Rosalie
saíram em um flash, indo pro andar de cima. Eu podia ouvir eles
debatendo se eles
deveriam esquentar o sangue pra ela. Ugh. Eu imaginei quais eram todas as
coisas de
“casa-de-horror” que eles guardavam aqui. Geladeira cheia de gelo, checado. O
que
mais? Câmara de
tortura? Quarto de caixão?
Edward ficou,
segurando a mão de Bella. Seu rosto estava morto de novo. Ele não parecia
ter energia nem para continuar
com aquela pequena pista de esperança que ele tinha antes. Eles
olhavam se olhavam
nos olhos, mas não de uma maneira boba. Parecia que eles estavam
conversando. Meio que
me lembrou Sam e Emily.
Não, não era bobo,
mas aquilo só fez ser mais difícil assistir.
Eu sabia que era
assim pra Leah, tendo que ver aquilo todo o tempo. Tendo que ouvir na
cabeça de Sam. É
claro que eu me sentia mal por ela, nós não éramos monstros - nesse sentido,
de qualquer jeito.
Mas eu acho que a gente a culpou pelo jeito que ela agüentou isso.
Descontando em todo
mundo, tentando fazer todos nós tristes assim como ela estava.
Eu nunca mais ia
culpá-la. Como podia servir de ajuda espalhar esse tipo de tristeza por aí?
Como podiam não
tentar deixar as coisas mais fáceis descontando um pedacinho em alguma outra
pessoa?
E se isso significava
que eu teria que ter um banco, como eu podia culpá-la por escolher a
minha liberdade? Eu
faria o mesmo. Se tivesse um jeito de escapar dessa dor, eu aceitaria,
também.
Rosalie veio pro
andar de baixo depois de um segundo, voando pelo cômodo como se fosse
uma brisa, levantando
um cheiro inflamável. Ela parou dentro da cozinha, e então ouvi o clique de
uma porta de armário.
- Não claro, Rosalie.
- Edward murmurou. Ele virou os olhos.
Bella olhou curiosa,
mas Edward apenas balançou a cabeça pra ela.
Rosalie assoprou de
volta pelo cômodo e desapareceu de novo.
- Isso foi sua idéia?
- Bella sussurrou, sua voz rouca enquanto ela tentava fazer sua voz ficar
alta o suficiente pra
mim ouvir. Esquecendo que eu podia ouvir muito bem. Eu meio que gostava
como, muitas vezes,
ela parecia esquecer que eu não era completamente humano. Eu fui mais
perto, para que ela
não tivesse que trabalhar tão duro.
- Não me culpe por
essa. Seu vampiro estava só pegando alguns fragmentos de comentários
na minha cabeça.
Ela sorriu um
pouquinho. - Eu não esperava te ver de novo.
- Yeah, nem eu. - Eu
disse.
Parecia estranho
simplesmente ficar parado aqui, mas os vampiros tinham empurrado todos
os móveis fora do
caminho pra todas as coisas de médico. Eu imaginei que não importava pra eles
- sentar ou ficar em
pé não fazia tanta diferença quando você é uma pedra. Não importaria pra
mim também, exceto
que eu estava muito exausto.
- Edward me disse o
que você teve que fazer. Eu sinto muito.
- Tudo bem. Era só
uma questão de tempo eu não obedecer a algo que Sam queria que eu
fizesse. - Eu menti.
- E Seth - ela
sussurrou.
- Ele está feliz em
ajudar.
- Eu odeio te causar
problemas.
Eu dei risada uma vez
- mais um latido do que risada.
Ela respirou um
suspiro fraco. - Eu acho que isso não é nada novo, é?
- Não, não muito.
- Você não tem que
ficar e assistir isso - ela disse, quase não pronunciando as palavras.
Eu poderia ir embora.
Era provavelmente uma boa idéia. Mas se eu fosse, do jeito que ela
está parecendo agora,
eu poderia estar perdendo os últimos 15 minutos de sua vida.
- Eu realmente não
tenho onde mais ir - eu disse a ela, tentando tirar a emoção da minha
voz. - Esse negócio
de lobo é bem menos apelativo desde que Leah se juntou a nós.
- Leah? - ela ofegou.
- Você não disse a
ela? - Eu perguntei a Edward.
Ele só discordou sem
mover seus olhos do rosto de Bella. Eu podia ver que não eram
novidades muito
excitantes pra ele, não uma novidade que valia a pena dividir com os coisas mais
importantes
acontecendo.
Bella não levou numa
boa. Parecia ser novidades ruins pra ela.
- Por quê? - ela
respirou.
Eu não quis entrar na
versão estendida da história. - Pra ficar de olho no Seth.
- Mas Leah nos odeia
- ela sussurrou.
Nós. Legal. Eu pude ver
que ela estava com medo, por fim das contas.
- Leah não vai
importunar ninguém - Só eu. - Ela está no meu bando - eu fiz uma careta -
então ela segue
minhas ordens. - Ugh.
Bella não pareceu
convencida.
- Você tem medo de
Leah, mas você é melhor amiga da loira psicopata?
Ouvi um assobio no
andar de cima. Legal, ela me ouviu.
Bella carrancudo pra
mim. - Não. Rose... entende.
- Yeah - eu
resmunguei. - Ela entende que você vai morrer e ela não se importa, até que ela
tenha o mutante são e
salvo fora do negócio.
- Pare de ser um
idiota, Jacob. - Ela sussurrou.
Ela parecia fraca
demais pra ficar brava. Eu tentei sorrir. - Você diz isso como se fosse
possível.
Bella tentou não
sorrir de volta por um segundo, mas no final ela não conseguia controlar;
seus lábios fracos se
curvaram nos cantos.
E então Carlisle e a
psicopata estavam lá. Carlisle tinha um copo plástico em sua mãodaquelas
com tampa e
canudinho. Oh-não claro, agora eu entendi. Edward não queria que Bella
tivesse que pensar
mais do que o necessário no que ela estivesse fazendo. Você não podia ver o
que tinha no copo de
jeito nenhum. Eu podia sentir o cheiro.
Carlisle hesitou, a
mão com o copo estendida pela metade. Bella olhou, ficando assustada de
novo.
- Nós podemos tentar
por outro método - Carlisle disse silenciosamente.
- Não - Bella
sussurrou. - Não, eu vou tentar isso antes. Nós não temos tempo...
Primeiro eu pensei
que ela finalmente teve uma pista a estava preocupada com si mesma,
mas então sua mão
flutuou sobre seu estômago.
Bella se esticou e pegou
o copo dele. Sua mão tremeu um pouco, e então eu pude ouvir o
barulho de dentro.
Ela tentou ficar apoiada em seu cotovelo, mas ela mal conseguia levantar sua
cabeça. Um sussurro
de calor desceu na minha espinha enquanto eu via o quanto ela ficou frágil
em menos de um dia.
Rosalie colocou seu
braço em volta dos ombros de Bella, apoiando sua cabeça, também,
como se fazia com um
recém-nascido. A loira só pensava no bebê.
- Obrigada - Bella
sussurrou. Seus olhos mudavam pra cada um de nós. Ainda muito
consciente. Se ela
não tivesse tão drenada, aposto que ela estaria corada.
- Não ligue pra eles
- Rosalie murmurou.
Isso me fez sentir
estranho. Eu devia ter saído quando Bella me deu a chance. Eu não
pertencia aqui,
fazendo parte disso. Eu pensei em sair de fininho, mas então eu percebi que um
movimento que nem
esse só ia fazer isso ser mais difícil pra Bella- fazer ficar mais difícil pra
ela
continuar com isso.
Ela ia adivinhar que eu estava muito enojado pra ficar. O que era quase
verdade.
Parado. Enquanto eu
não ia tomar responsabilidade por essa idéia, eu não queria azará-la
também.
Bella levantou o copo
pro seu rosto e chupou o fim do canudo. Ela estremeceu, e então fez
uma cara.
- Bella, querida, nós
podemos achar uma maneira mais fácil - Edward disse, levantando sua
mão pra pegar o copo.
- Tampe seu nariz -
Rosalie sugeriu. Ela olhou pra mão de Edward como se ela fosse tirar
um pedaço. Eu desejei
que ela tirasse. Eu duvido que Edward não ia levar isso sentado, e eu ia
amar a Loira levando
uma surra.
- Não, não é isso. É
só - Bella respirou bem fundo. - Cheira bem - ela admitiu em uma
pequenina voz.
Eu engoli duramente,
tentando tirar o nojo do meu rosto.
- Isso é uma boa
coisa - Rosalie falou pra Bella. - Isso significa que nós estamos no caminho
certo. Dá uma
tentativa. - Pela nova expressão da Loira, eu fiquei surpreso que ela não saiu
tendo
uma dança da vitória.
Bella colocou o
canudinho em seus lábios, fechou os olhos bem apertados, e torceu o nariz.
Eu podia ouvir o
sangue no copo enquanto ela o balançava. Ela engoliu por um segundo, e então
gemeu silenciosamente
com seus olhos ainda fechados.
Edward e eu andamos
em direção à ela ao mesmo tempo. Ele tocou seu rosto. Eu coloquei
minhas mãos atrás nas
minhas costas.
- Bella, amor-
- Eu estou bem - ela
sussurrou. Ela abriu os olhos e o encarou. Sua expressão estava...
apologética.
Implorando. Assustada. - Tem um sabor bom, também.
O ácido virou no meu
estômago, ameaçando a transbordar. Eu juntei meus dentes.
- Isso é bom - Loira
repetiu, ainda feliz. - Um bom sinal.
Edward só pressionou
sua mão contra a bochecha de Bella, curvando seus dedos na forma
dos seus ossos
frágeis.
Bella suspirou e
colocou seus lábios no canudo de novo. Ela tomou um bom gole agora. A
ação não era tão
fraca quanto o resto dela. Como se um instinto tivesse tomado conta.
- Como está o seu
estômago? Você se sente com náuseas? - Carlisle perguntou.
Bella balançou a
cabeça. - Não, eu não me sinto mal - ela sussurrou. - Essa é a primeira, eh?
Rosalie suspirou. -
Excelente!
- Eu acho que é um
pouco cedo pra isso, Rose - Carlisle murmurou.
Bella engoliu mais
uma boca cheia de sangue. Então ela deu uma olhada em Edward. - Isso
ferra o meu total? -
Ela sussurrou. - Ou nós vamos contar depois que eu virar uma vampira?
- Ninguém está
contando, Bella. Em nenhum caso, ninguém morreu por isso. - Ele sorriu
sem vida. - Seu
histórico ainda está limpo.
Eles me fizeram me
perder.
- Eu vou explicar
depois - Edward disse, tão baixo que as palavras eram só um suspiro.
- O que? - Bella
sussurrou.
- Só falando comigo
mesmo - ele mentiu.
Se ele continuasse
com isso, se Bella vivesse, Edward não ia ser capaz de se safar tanto
quando seus sentidos
tivessem fortes. Ele teria que trabalhar na base da honestidade.
Os lábios de Edward
se torceram, brigando com um sorriso.
Bella respirou
olhando pra janela atrás de nós. Provavelmente fingindo que nós não
estávamos aqui. Ou
então só eu. Ninguém mais nesse grupo estaria enojado pelo o que ela estava
fazendo. Justamente o
contrário- eles provavelmente estariam tendo um tempo ruim, em não
pegar o copo da mão
de Bella pra eles mesmos.
Edward virou os
olhos.
Jesus, como qualquer
um agüentava viver com ele? Realmente era muito ruim que ele não
podia ouvir os
pensamentos de Bella. Então ele a irritaria bastante, também, e ela estaria
cansada
dele.
Edward gargalhou uma
vez. Bella olhou pra ele imediatamente, e deu uma meia-risada pelo
humor no rosto dele.
Eu acho que isso não foi uma coisa que ela via freqüentemente agora.
- Alguma coisa
engraçada? - ela respirou.
- Jacob - ele respondeu.
Ela olhou com um
sorriso pra mim. - Jake é um boboca - ela concordou.
Ótimo, agora eu era o
palhaço. - Bada bing. - Eu murmurei grossamente.
Ela sorriu de novo, e
então tomou mais um gole do copo. Eu estremeci quando o canudo
puxou o ar, fazendo um
som de sugador.
- Eu consegui - ela
disse, parecendo satisfeita. Sua voz estava mais clara- rouca, mas não
mais um suspiro pela
primeira vez do dia. - Se eu continuar com isso, Carlisle, você tira as agulhas
de mim?
- O quanto antes eu
puder - Ele prometeu. - Honestamente, elas não estão fazendo muito
no lugar que estão.
Rosalie acariciou a
testa de Bella, e então elas trocaram um olhar esperançoso.
E todo mundo pode
ver- o copo cheio de sangue humano fez uma diferença imediata. Sua
cor estava mudando- tinha
uma pequena insinuação de rosa em suas bochechas de cera. Agora
ela parecia não
precisar do apoio de Rosalie tanto quanto antes. Sua respiração estava mais
fácil,
e eu podia jurar que
as batidas do seu coração estavam mais fortes, mais claras.
Tudo acelerou.
O fantasma de
esperança nos olhos de Edward virou a coisa de verdade.
- Você quer mais? -
Rosalie pressionou.
Bella ergueu os
ombros.
Edward olhou pra
Rosalie antes de falar com Bella. - Você não precisa beber mais agora.
- Yeah, eu sei.
Mas... eu quero - ela admitiu.
Rosalie colocou seus
finos dedos por entre os cabelos de Bella. - Você não precisa ficar
envergonhada por
causa disso, Bella. Seu corpo precisa. Todos nós entendemos isso. - Seu tom
estava calmo
primeiramente, mas depois ela acrescentou duramente - Qualquer um que não
entende, não deveria
estar aqui.
Foi pra mim, claro,
mas eu não ia deixar a Loira me atingir. Eu estava feliz que Bella estava
melhor. E se tudo me
deixava enojado? Eu nem disse nada.
Carlisle pegou o copo
da mão de Bella. - Eu já venho.
Bella olhou pra mim
enquanto ele desaparecia.
- Jake, você está
horrível. - Ela disse.
- Olha quem está
falando.
- Sério- qual foi a
última vez que você dormiu?
Eu pensei sobre isso
por um segundo. - Huh, eu não sei direito.
- Aw, Jake. Agora eu
estou mexendo com a sua saúde também. Não seja burro.
Eu juntei meus
dentes. Ela estava permitida de se matar por um monstro, mas eu não
estava permitido de
perder algumas noites de sono pra vê-la?
- Descanse, por favor
- ela continuou. - Tem algumas camas lá em cima- você é bem-vindo
em qualquer uma.
O olhar no rosto de
Rosalie deixou claro que eu não era bem-vindo à nenhuma cama. Me fez
pensar pra que a Bela
Adormecida precisava de uma cama, de qualquer jeito. Ela era tão
possessiva sobre suas
coisas?
- Obrigado, Bells,
mas eu prefiro dormir no chão. Longe do fedor, sabe.
Ela riu. - Certo.
Carlisle estava de
volta então, e Bella pegou o copo de sangue, sem pensar, como se ela
estivesse pensando em
outra coisa. Com a mesma expressão de distração, ela começou a tomar.
Ela realmente estava
parecendo melhor. Ela foi pra frente, sendo cuidadosa com os tubos e
ficou em uma posição
sentada. Rosalie se inclinou, pronta pra pegar Bella se ela caísse. Mas Bella
não precisava dela.
Respirando bem fundo nos intervalos dos goles, Bella terminou o segundo
copo bem rápido.
- Como você se sente?
- Carlisle perguntou.
- Não estou mal. Um
pouco faminta... só que eu não sei se eu estou com fome ou se estou
com sede... sabe?
- Carlisle, olhe pra
ela - Rosalie murmurou, tão presunçosa que ela devia ter penas de
canários na boca. -
Obviamente é isso o que o corpo dela quer. Ela devia beber mais.
- Ela ainda é humana,
Rosalie. Ela precisa de comida, também. Vamos dar um tempo pra ela
pra ver como isso irá
afetá-la, e então talvez poderemos dá-la um pouco de comida de novo.
Alguma coisa parece
particularmente bom pra você, Bella?
- Ovos - ela disse
imediatamente, e então ela mudou o olhar e sorriu pra Edward. Seu
sorriso era frágil,
mas tinha um pouco mais de vida em seu rosto agora.
Eu pisquei então, e
quase esqueci de como abrir meus olhos de novo.
- Jacob - Edward
murmurou. - Você realmente devia dormir. Como Bella disse, você
certamente é
bem-vindo às acomodações aqui, mesmo você provavelmente estando mais
confortável lá fora.
Não se preocupe com nada- eu prometo que vou procurá-lo se tiver
necessidade.
- Claro, claro. - Eu
murmurei. Agora que parecia que Bella tinha mais algumas horas, eu
podia escapar. Ir
dormir embaixo de uma árvore em algum lugar... Longe o suficiente para que o
cheiro deles não me
alcançasse. O sugador de sangue iria me acordar se tivesse algo errado. Ele
me devia.
- Eu devo - Edward
concordou.
Eu confirmei e então
coloquei minha mão na da Bella. As dela estavam geladas como gelo.
- Sinta-se melhor -
eu disse.
- Obrigada, Jacob. -
Ela virou sua mão e apertou a minha. Eu senti o aro do seu anel de
casamento rodar e
quase sair de seu dedo fino.
- Peguem um lençol
pra ela ou algo assim - Eu disse enquanto virava pra porta.
Antes de eu chegar
lá, dois uivos cortaram o ar da parada manhã. Não havia erro na
urgência do tom.
Nenhum desentendido essa vez.
- Droga - eu gani, e
me joguei pela porta. Eu me curvei na sacada e deixei o fogo me dividir
no meio do ar. Teve
um som de choro quando meu shorts se rasgou. Droga. Aquelas eram as
únicas roupas que eu
tinha. Não importava agora. Eu pousei nas minhas patas e fui para a
floresta.
O que é? eu gritei na
minha mente.
Estão vindo Seth
respondeu. Pelo menos três.
Eles se separaram?
Eu estou correndo de
volta pra Seth com a velocidade da luz. Leah prometeu. Eu pude sentir
o ar rufando em seus
pulmões enquanto ela corria em uma velocidade incrível. A floresta
chicoteava em volta
dela. Muito longe, nenhum ponto de ataque.
Seth, NÃO desafie
eles. Me espere.
Eles estão diminuindo
a velocidade. Ugh, é tão ruim não poder ouvir eles. Eu acho...
O que?
Eu acho que eles
pararam.
Esperando o resto do
bando?
Shh, você sente isso?
Eu absorvi suas
impressões. O som vislumbrado no ar.
Alguém está se
transformando?
Parece isso, Seth
concordou.
Leah voou no pequeno
espaço que Seth esperava. Ela fincou suas garras na terra, girando
como um carro de
corrida.
To na sua cola, mano.
Eles estão vindo Seth
disse nervosamente. Devagar. Andando.
Quase aí. eu disse a
eles. Eu tentava voar como Leah. Era horrível estar separado de Seth e
Leah com um potencial
perigo chegando mais perto deles do que de mim. Errado. Eu devia estar
com eles, no meio
deles não importasse o que tivesse vindo.
Olha só quem está
ficando todo paterno Leah pensou tortamente.
Cabeça no jogo, Leah.
Quatro, Seth decidiu.
A criança tem bons ouvidos. Três lobos, um homem.
Eu cheguei na
clareira então, me movendo imediatamente até o ponto. Seth suspirou em
alívio e então se
endireitou, logo do lado do meu ombro. Leah foi pro meu lado esquerdo com
menos entusiasmo.
Então agora eu fico
abaixo de Seth, ela gemeu pra si mesma.
Primeiro a chegar,
primeiro a servir, Seth pensou convencido. E outra, você nunca foi a
terceira do Alfa.
Ainda uma promoção.
Abaixo do meu irmão
mais novo não é uma promoção.
Shh! eu reclamei Eu
não ligo pra onde vocês estão. Calem a boca e fiquem preparados.
Eles ficaram à vista
uns poucos segundos depois, andando, como Seth pensou. Jared na
frente, humano, mãos
pra cima. Paul e Quil e Collin em quatro pernas atrás dele. Não havia
agressividade na
postura deles. Eles ficaram atrás de Jared, orelhas levantadas, alertas mas
calmos.
Mas... era estranho
que Sam fosse mandar Collin ao invés de Embry. Isso não seria o que eu
iria fazer se eu
tivesse mandando uma festa diplomata no território do inimigo. Eu não ia mandar
uma criança. Eu
mandaria um lutador experiente.
Uma diversão? Leah
pensou.
Estavam Sam, Embry e
Brady fazendo um ataque sozinhos? Isso não parecia muito provável.
Quer que eu cheque?
Eu posso correr pela linha e voltar em dois minutos.
Eu deveria avisar os
Cullen? Seth imaginou.
E se o ponto era nos
dividir? Eu perguntei Os Cullen já sabem. Eles estão prontos.
Sam não seria tão
burro... Leah sussurrou, o medo tomando sua mente. Ela imaginou Sam
atacando os Cullen só
com os outros dois ao seu lado.
Não, ele não seria.
Eu assegurei a ela, mesmo sentindo um pouco mal pela imagem na
mente dela, também.
Todo o tempo, Jared e
os outros três lobos nos encararam, esperando. Era estranho não
saber o que Quil e
Paul e Collin estavam dizendo um ao outro. As suas expressões estavam
limpas- ilegíveis.
Jared limpou sua
garganta, e então acenou pra mim com a cabeça. - Bandeira branca de
trégua, Jake. Nós
estamos aqui pra conversar.
Será que é verdade?
Seth perguntou.
Faz sentido, mas...
Yeah, Leah concordou.
Mas.
Nós não relaxamos.
Jared fez uma careta.
- Seria muito mais fácil conversar se nós pudéssemos ouvir vocês,
também.
Eu o encarei abaixo.
Eu não ia me transformar de volta até que eu me sentisse melhor sobre
essa situação. Até
que fizesse sentido. Por que Collin? Essa era a parte que me fazia mais
preocupado.
- Okay. Eu acho que
vou só falar, então - Jared disse. - Jake, nós queremos que você volte.
Quil soltou um baixo
lamento.
- Você fez partes de
nossa família. Não era pra ser desse jeito.
Eu não estava
realmente discordando disso, mas era difícil esse ponto. Havia algumas
diferenças não
resolvidas de opinião entre eu e Sam no momento.
- Nós sabemos que
você se sente... forte sobre a situação com os Cullen. Nós sabemos que
isso é um problema.
Mas isso é uma reação além dos limites.
Seth ganiu. Reação
além dos limites? E atacar nossos aliados sem aviso não é?
Seth, você já ouviu
sobre caras de poker? Calma.
Desculpa.
Os olhos de Jared
foram pra Seth atrás de mim. - Sam está implorando pra levar isso
devagar, Jacob. Ele
está calmo, conversou com os outros Anciões. Eles decidiram que ação
imediata não é nenhum
dos interesses maiores agora.
Tradução: Eles já
perderam o elemento da surpresa Leah pensou.
Era estranho como
nossa união estava distinta agora. O bando já era o banco de Sam, eles
já eram os “outros”
pra nós. Alguma coisa de fora e outra. Era especialmente estranho ter Leah
pensando desse jeito-
por ela ser uma parte sólida do “nós”.
- Billy e Sue
concordam com você, Jacob, que nós podemos esperar por Bella... estar
separada do problema.
Matar ela não é uma coisa que faça nós ficarmos confortáveis.
Mesmo que eu tenha
dado uma bronca em Seth, eu não pude segurar um pequeno rosnado
meu. Então eles não
se sentiam confortáveis com assassinato, huh?
Jared ergueu suas
mãos de novo. - Calma, Jake. Você sabe o que eu quis dizer. O ponto é,
nós vamos esperar e
repensar a situação. Decidir depois se há um problema com a... coisa.
Há, Leah pensou. Que
babaca.
Você não acredita?
Eu sei o que eles
estão pensando, Jake. O que Sam está pensando. Eles estão apostando
que a Bella vai
morrer de qualquer jeito. E então eles pensam que você vai ficar tão bravo...
Que eu mesmo vou
liderar o ataque. Minhas orelhas se pressionaram contra o meu crânio. O
que Leah estava
adivinhando era bastante estranho. E bastante possível, também. Quando... se
aquela coisa matasse
Bella, seria fácil esquecer como eu me sentia sobre a família de Carlisle
agora. Eles
provavelmente iam parecer como inimigos- como nada mais que sugadores de
sanguepra
mim, de novo.
Eu vou te lembrar,
Seth sussurrou.
Eu sei que você vai,
criança. A questão é se eu vou te ouvir.
- Jake? - Jared
perguntou.
Eu bufei um suspiro.
Leah, faça um
circuito- só pra ter certeza. Eu vou ter que conversar com ele, e eu quero ser
positivo de que não
há nada mais acontecendo enquanto eu estou transformado.
Dá um tempo, Jacob.
Você pode se transformar na minha frente. Mesmo com meus
melhores esforços, eu
já te vi pelado antes- não faz muita diferença pra mim, então não se
preocupe.
Eu não estou tentando
proteger a inocência dos seus olhos, eu estou tentando nos proteger.
Saia daqui.
Leah bufou uma vez e
depois se foi pela floresta. Eu podia ouvir suas patas entrando no
solo, ela ganhando
velocidade.
Nudez era uma
inconveniente mas inevitável parte da vida de bando. Nós não havíamos
pensado em nada antes
que Leah disse. Então ficou estranho. Leah não tinha muito controle
quando a questão era
seu temperamento - ela levou o tempo normal pra parar de explodir suas
roupas cada vez que
ficava nervosa. Nós todos tínhamos visto. E não era como se ela não valesse
a pena a olhar; é que
não valia a pena quando ela via você pensando sobre ela depois.
Jared e os outros
ficaram olhando para o lugar onde ela havia desaparecido no mato.
- Onde ela está indo?
- Jared perguntou.
Eu o ignorei,
fechando meus olhos, me colocando no lugar de novo. Eu senti o ar trêmulo
em minha volta,
mexendo em pequenas ondas. Eu me levantei sobre minhas pernas traseiras,
pegando o momento tão
bem até que eu estava totalmente reto quando eu voltei à forma
humana.
- Oh - Jared disse. - Hey, Jake.
- Hey, Jared.
- Obrigado por falar
comigo.
- Yeah.
- Nós queremos que
você volte, cara.
Quil lamentou de
novo.
- Eu não sei se isso
é fácil, Jared.
- Volte pra casa -
ele disse, indo pra frente. Implorando. - Nós podemos resolver isso. Você
não pertence aqui.
Deixe Seth e Leah voltarem pra casa, também.
Eu ri. - Certo. Como
se eu já não tivesse implorado pra que eles fizessem isso desde a
primeira hora.
Seth bufou atrás de
mim.
Jared entendeu isso,
seus olhos cuidadosos de novo. - Então o que, agora?
Eu pensei nisso por
um minuto enquanto ele esperava.
- Eu não sei. Mas eu
não estou certo que as coisas possam voltar ao normal, de qualquer
jeito, Jared. Eu não
sei como funciona- não é como se eu pudesse ligar essa coisa de Alfa e
desligar de acordo
com meu humor. É meio que permanente.
- Você ainda pertence
a nós.
Eu levantei minhas
sobrancelhas. - Dois Alfas não podem pertencer no mesmo lugar, Jared.
Lembra como ficou
perto ontem à noite? O instinto é muito competitivo.
- Então vocês vão
ficar com os parasitas pelo resto da vida? - ele exigiu. - Você não tem um
lar aqui. Você já
está sem roupas - ele apontou. - Você vai ficar lobo o tempo todo? Você sabe
que
Leah não gosta de
comer desse jeito.
- Leah pode fazer o
que ela quiser quando ela ficar com fome. Ela está aqui por sua própria
escolha. Eu não vou
dizer a ninguém o que fazer.
Jared suspirou. - Sam
está arrependido sobre o que ele fez com você.
Eu concordei. - Eu
não estou bravo agora.
- Mas?
- Mas eu não vou
voltar, não agora. Nós vamos esperar e ver como vai ser, também. E nós
vamos olhar os Cullen
até quando for necessário. Porque, mesmo você não acreditando, isso não é
só sobre Bella. Nós
estamos protegendo aqueles que devem ser protegidos. E isso se aplica aos
Cullen, também. -
Pelo menos um número justo deles, de qualquer jeito.
Seth latiu baixo em
concordância.
Jared carrancou. - Eu
acho que não tem nada que eu possa dizer pra você, então.
- Não agora. Nós
vamos ver como as coisas vão ser.
Jared virou seu rosto
pra Seth, concentrado nele agora, separado de mim. - Sue pediu pra
mim falar pra você-
não, pra implorar pra você- que volte pra casa. Ela está com o coração
partido, Seth.
Sozinha. Eu não sei como você e Leah podem fazer isso com ela. Abandoná-la
desse
jeito, quando seu pai
acabou de morrer-
Seth choramingou.
- Calma, Jared - Eu
avisei.
- Só deixando ele
saber como é.
Eu bufei. - Certo. -
Sue era mais forte do que qualquer um que eu conhecia. Mais forte que
meu pai, mais forte
que eu. Forte o suficiente pra brincar com seus filhos, se isso era o que faria
eles voltarem pra
casa. Mas não era justo brincar com Seth desse jeito. - Sue está sabendo disso
por quantas horas? E
a maior parte do tempo ela passou com Billy e Old Quill e Sam? Yeah, eu
tenho certeza que ela
está falecendo de solidão. É claro que você está livre pra ir, Seth. Você sabe
disso.
Seth fungou.
Então, um segundo
depois, ele virou uma orelha pro norte, Leah devia estar perto. Jesus,
ela é rápida. Duas
batidas, e Leah parou nas árvores um pouco longe. Ela cavalgou indo pra frente
de Seth. Ela deixou
seu nariz no ar, bem obviamente não olhando na minha direção.
Eu gostei daquilo.
- Leah? - Jared
perguntou.
Ela encontrou seu
olhar, sua boca um pouco puxada acima de seus dentes.
Jared não parecia
surpreso por sua hostilidade. - Leah, você sabe que você não quer estar
aqui.
Ela bufou pra ele. Eu
dei a ela um olhar de avisos que ela não viu. Seth choramingou e a
empurrou com seu ombro.
- Desculpa - Jared
disse. - Acho que eu não devo assumir. Mas você não tem nenhum laço
com os sugadores de
sangue.
Leah bem
deliberadamente olhou pro seu irmão e depois pra mim.
- Então você quer
olhar Seth, eu entendo isso - Jared disse. Seus olhos tocaram meu rosto e
voltaram pro dela.
Provavelmente imaginando sobre um segundo olhar- do mesmo jeito que eu
estava. - Mas Jake
não vai deixar nada acontecer com ele, e ele não tem medo de estar aqui. -
Jared fez uma cara. -
De qualquer jeito, por favor, Leah. Nós queremos que você volte. Sam quer
que você volte.
O rabo de Leah se
torceu.
- Sam me pediu pra
implorar. Ele me disse pra literalmente ficar de joelhos se precisasse. Ele
quer você em casa,
Lee-lee, onde você pertence.
Eu vi Leah estremecer
quando Jared usou o apelido que Sam a chamava. E então, quando
ele acrescentou as
últimas três palavras, seus pêlos se ergueram e então ela estava uivando por
entre seus dentes. Eu
não precisava estar em sua menta pra ouvir a maldição que ela estava
dando à ele, e nem
ele precisava. Você quase podia ouvir as palavras que ela estava usando.
Eu esperei até ela
acabar. - Eu vou ir pro limbo aqui e dizer que Leah pertence ao lugar que
ela quer ficar.
Leah gemeu, mas, como
ela estava olhando pra Jared, eu adivinhei que era pra concordar.
- Olha, Jared, nós
ainda somos família, okay? Nós vamos passar esse período, mas antes
que passemos, vocês
provavelmente vão querer ficar na terra de vocês. Assim não pode haver mal
entendidos. Ninguém
quer uma briga em família, certo? Sam não quer isso também, quer?
- É claro que não -
Jared respondeu. - Nós vamos ficar na nossa terra. Mas onde é a sua
terra Jacob? É a
terra dos vampiros?
- Não, Jared. Sem
teto no momento. Mas não se preocupe- isso não vai durar pra sempre. -
Eu tive que respirar.
- Não há tanto tempo assim... sobrando. Okay? Então os Cullen
provavelmente vão
embora e Seth e Leah vão voltar pra casa.
Leah e Seth
choramingaram juntos, o barulho vindo na minha direção em sincronização.
- E você, Jake?
- De volta pra
floresta, eu acho. Eu não posso ficar em La Push. Dois Alfas significam muita
tensão. E ainda, eu
estava desse jeito, de qualquer jeito. Antes dessa confusão.
- E se a gente
precisar conversar? - Jared perguntou
- Uive- mas cuidado
com a linha, okay? Nós viremos até vocês. E Sam não precisa mandar
tantos. Nós não
estamos procurando uma briga.
Jared juntou as
sobrancelhas, mas concordou. Ele não queria eu demandando condição pra
Sam. - Vejo você por
aí, Jake. Ou não - Ele acenou.
- Espere, Jared.
Embry está bem?
Surpresa cruzou seu
rosto. - Embry? Claro, ele está ótimo. Por quê?
- Só imaginando
porquê Sam mandou Collin.
Eu olhei sua reação,
ainda suspeito que algo estava acontecendo. Eu vi sabedoria em um
flash nos seus olhos,
mas não pareceu como a que eu esperava.
- Isso não é da sua
conta mais, Jake.
- Acho que não. Só
curioso.
Vi um movimento pelo
canto do meu olho, mas eu não me dei conta disso, porque eu não
queria dar Quil por
vencido. Ele estava reagindo ao assunto.
- Eu deixarei Sam
sabendo sobre suas... instruções. Tchau, Jacob.
Eu suspirei. - Yeah,
tchau, Jared. Hey, diga pro meu pai que eu estou bem, por favor? E que
eu sinto muito, e que
eu o amo.
- Eu vou passar isso
pra frente.
- Obrigado.
- Vamos, caras. -
Jared disse. Ele virou as costas pra nós, indo pra algum lugar que não
desse pra ver ele se
transformar, pois Leah estava aqui. Paul e Collin estavam logo atrás dele. Mas
Quil hesitou. Ele
choramingou fracamente, e eu dei um passo em sua direção.
- Yeah, eu sinto sua
falta também, mano.
Quil veio em minha
direção, sua cabeça pra baixo. Eu dei um tapinha no seu ombro.
- Vai ficar tudo bem.
Ele choramingou.
- Diga pra Embry que
eu sinto falta de ter vocês dois dos meus lados.
Ele concordou com a
cabeça e então pressionou seu nariz na minha testa. Leah bufou. Quil
olhou pra cima, mas
não pra ela. Ele olhou pra trás, por cima de seus ombros, por onde os outros
haviam sumido.
- Yeah, vá pra casa -
eu disse pra ele.
Quil choramingou de
novo e depois foi atrás dos outros. Eu aposto que Jared não estava
esperando com
paciência. Assim que ele tinha ido, e deixei o tremor tomar conta do meu corpo.
Eu estava em quatro
pernas de novo.
Eu pensei que você ia
dar uns amassos com ele, Leah disse.
Eu a ignorei.
Aquilo foi bem? eu
perguntei a eles. Me preocupava, falar por eles desse jeito, quando eu
não podia ouvir
exatamente o que eles estavam pensando. Eu não queria assumir nada. Eu não
queria ser como Jared
desse jeito. Eu disse alguma coisa que vocês não queriam que eu dissesse?
Eu não disse algo que
precisava dizer?
Você foi ótimo, Jake!
Seth encorajou.
Você podia ter batido
no Jared, Leah pensou. Eu não ia me importar com isso.
Eu acho que sabemos
porque Embry não estava permitido a vir, Seth pensou.
Jake, você viu Quil?
Ele está bem chateado, certo? Eu aposto dez pra uma que Embry está
ainda mais chateado.
E Embry não tem Claire. Não há jeito de Quil simplesmente se virar e sair
andando de La Push.
Embry talvez poderia. Então Sam não vai correr nenhum risco que Embry
faça isso. Ele não
quer nosso bando maior do que já está.
Sério? Você acha? Eu
duvido que Embry ligaria de matar alguns Cullens.
Mas ele é seu melhor
amigo, Jake. Ele e Quil prefeririam ficar ao seu lado a lutarem com
você.
Bem, eu estou feliz
que Sam deixou ele em casa, então. Esse bando está grande o
suficiente. eu
suspirei Okay, então. Nós estamos bem, por enquanto. Seth você se importaria de
ficar de olho nas
coisas por um tempo? Leah e eu precisamos dormir. Isso caiu no nível. Talvez
foi
uma distração.
Eu não estava tão
preocupado, mas eu me lembrei do compromisso de Sam. A total atenção
em destruir o que
perigo que ele tinha visto. Ele ia tirar vantagem do fato que ele podia mentir
pra
nós agora?
Não há problemas!
Seth estava empolgado pra fazer qualquer coisa que ele pudesse. Você
quer que eu explique
pros Cullen? Eles provavelmente estão um pouco tensos ainda.
Eu faço isso. Eu
quero chegar umas coisas, de qualquer jeito.
Eles entenderam as
imagens do meu cérebro frito.
Seth choramingou de
surpresa. EW.
Leah balançava a
cabeça como se quisesse tirar a imagem de sua cabeça. Essa é facilmente
a coisa mais nojenta
que eu ouvi na minha vida. Eca. Se tivesse algo no meu estômago, estaria
voltando agora.
Eles são vampiros, eu
acho. Seth permitiu depois de um minuto, compensando a reação de
Leah. Quero dizer,
faz sentido. E se ajuda Bella, é uma boa coisa, certo?
Eu e Leah olhamos pra
ele.
O que?
Mamãe derrubou ele
bastante quando ele era bebê. Leah disse.
De cabeça,
aparentemente.
Ele mordia as grades
do berço também.
Tinta?
Parece que sim. ela
pensou.
Seth bufou.
Engraçado. Por que vocês dois não calam a boca e dormem?
14 – "VOCÊ SABE
QUE AS COISAS VÃO MAL QUANDO VOCÊ SE SENTE CULPADO
POR TER SIDO RUDE COM
UM VAMPIRO"
Quando eu voltei para
a casa, não havia ninguém do lado de fora esperando notícias
minhas. Ainda em
alerta?
Está tudo legal, eu
pensei diretamente.
Meus olhos captaram
imediatamente uma pequena mudança na cena agora familiar. Havia
uma pilha de tecido
em cores claras no último degrau da varanda. Eu me aproximei para
investigar. Segurando
a respiração, já que o cheiro de vampiros estava grudado na roupa de
forma inacreditável,
eu cutuquei a pilha com o nariz.
Alguém havia
emprestado roupas. Huh. Edward devia ter captado o meu momento de
irritação enquanto eu
estava na porta. Bom, isso foi legal... e estranho.
Eu peguei as roupas
com os dentes cuidadosamente – ugh – e as carreguei até as árvores.
Só pro caso disso ser
uma piada daquela loira psicopata e eu tinha um monte de coisas pra
garotas aqui. Mas ela
teria adorado dar uma olhada na minha cara de humano enquanto eu fiquei
ali, nu, segurando
uma roupa de verão.
Escondido pelas
árvores, eu joguei as roupas no chão e me transformei em humano. Eu
balancei as roupas,
batendo-as contra uma árvore para tirar um pouco do cheiro delas. Elas
definitivamente eram
roupas de homem – calças meio marrons e uma blusa branca de botões.
Nenhuma delas era
longa o suficiente, mas parecia que elas iam caber em mim. Deviam ser de
Emmett. Eu rolei os
punhos das mangas da camisa, mas não houve muito o que fazer e relação às
calças. Oh, bem.
Eu precisava admitir,
eu me sentia melhor usando roupas, mesmo sendo fedorentas e eu
não cabendo muito bem
nelas. Era difícil não ser capaz de simplesmente correr até em casa e
pegar outro par de
calças de moletom quando eu precisava. A coisa de ‘sem teto’ de novo – não
ter nenhum lugar para
o qual voltar. Nada de coisas suas também, o que não estava me
incomodando tanto
agora, mas provavelmente ia ficar chato em breve.
Exausto, eu caminhei
lentamente até os degraus da varanda dos Cullen nas minhas roupas
chiques de segunda
mão mas eu hesitei quando cheguei na porta. Eu batia? Estúpido, já que eles
sabiam que eu estava
aqui. Eu me perguntei porque ninguém se dava conta disso – ou me dizia
entre ou se manda.
Que seja. Eu ergui os ombros e entrei sem convite.
Mais mudanças. A sala
havia voltado ao normal – quase – no últimos vinte minutos. A
grande televisão de
tela plana estava ligada, num volume baixo, mostrando alguma coisa
afeminada que ninguém
parecia estar assistindo. Carlisle e Esme estavam de pé perto das janelas
do fundo, que estavam
abertas para o rio novamente. Alice, Jasper, e Emmett estavam fora de
vista, mas eu os ouvi
murmurando no andar de cima. Bella estava no sofá como ontem, com
apenas um tubo ainda
plugado nela, e uma intra-venosa pendurada atrás do encosto do sofá. Ela
estava enrolada como
um burrito em duas colchas grossas, então pelo menos eles tinham me
ouvido antes. Rosalie
estava sentada de pernas cruzadas perto da cabeça dela. Edward estava
sentado na outra
ponta do sofá com os pés enrolados de Bella em seu colo. Ele olhou pra cima
quando eu entrei e
sorriu pra mim – só uma pequena curva na boca dele – como se alguma coisa
agradasse ele. Bella
não me ouviu. Ela apenas olhou pra cima quando ele olhou, e então sorriu
também. Com
verdadeira energia, todo o rosto dela se iluminou. Eu não podia lembrar da
última
vez quando ela
pareceu tão feliz em me ver.
Qual era o problema
dela? Pra começo de história, ela era casada! e feliz no casamento
também – não havia
dúvidas de que ela estava tão apaixonada por aquele vampiro que
ultrapassava as
barreiras da sanidade. E com uma enorme barriga de grávida, ainda por cima.
Então porque ela
tinha que estar tão feliz em me ver? Como se eu tivesse melhorado todo o
dia dela só em ter
passado pela porta.
Se ela simplesmente
não ligasse... Ou mais que isso – se realmente não me quisesse por
perto. Seria muito
mais fácil me manter longe.
Edward parecia
concordar com os meus pensamentos – ultimamente nós estávamos tanto
na mesma sintonia que
era uma loucura. Ele estava fazendo uma careta agora, lendo o rosto dela
enquanto ela se
derretia pra mim.
- Eles só querem
conversar - eu murmurei com a minha voz se arrastando de exaustão. -
Nada de ataques no
horizonte.
- Sim - Edward
respondeu. - Eu ouvi a maior parte.
Isso me acordou um
pouco. Nós estávamos a uns bons seis quilômetros de distância.
- Como?
- Eu estou te ouvindo
com mais clareza – é uma questão de familiaridade e concentração.
Além do mais, seus
pensamentos são um pouco mais fáceis de entender quando você está na
forma humana. Então
eu ouvi boa parte do que aconteceu fora daqui.
- Oh. - Isso me
incomodou um pouco, mas não foi por nenhum motivo especial, então eu
deixei pra lá. - Bom.
Eu odeio ficar me repetindo.
- Eu te diria pra ir
dormir um pouco - Bella disse - mas eu acho que você vai desmaiar no
chão em cerca de seis
segundos, então não há nenhuma necessidade.
Eu estava
impressionado de ver o quanto ela parecia melhor, quanto ela parecia mais
forte.
Eu senti cheiro de
sangue fresco e vi que o copo estava nas mãos dela de novo. Quanto sangue
mais seria necessário
para mantê-la bem? Em algum ponto, eles começariam a matar os vizinhos?
Eu caminhei até a
porta, contanto os segundos para ela enquanto andava. - Um Mississipi...
dois Mississipi...
- Onde está o
incêndio, totó? - Rosalie murmurou.
- Você sabe como
afogar uma loira, Rosalie? - Eu perguntei sem parar e sem me virar pra
ela. - Cole um
espelho no fundo de uma piscina.
Eu ouvi Edward
gargalhar enquanto eu fechava a porta. O humor dela parecia melhorar em
co-relação com a
saúde de Bella.
- Eu já ouvi essa
antes - Rosalie disse atrás de mim.
Eu degraus escadas
abaixo, meu único objetivo era o de chegar até as árvores onde o ar
seria puro novamente.
Eu planejava me livrar das roupas a uma distância conveniente da casa
para usá-las no
futuro, ao invés de ter que prende-las na minha perna, para que eu também não
precisasse ficar
cheirando elas. Eu mexi nos botões da camisa nova, eu pensei vagamente em
como os botões nunca
estariam na moda para os vampiros.
Eu ouvi as vozes
enquanto andava pelo gramado.
- Onde você vai? -
Bella perguntou. - Tem uma coisa que eu esqueci de dizer a ele.
- Deixa Jacob dormir
– isso pode esperar.
Sim, por favor, deixe
o Jacob dormir.
- Só vai levar um
momento.
Eu me virei
lentamente. Edward já havia passado pela porta. A expressão dele era de quem
pedia desculpas
enquanto ele se aproximava.
- Nossa, o que é
agora?
- Me desculpe - ele
disse, e então hesitou, como se ele não soubesse como dizer o que
estava pensando.
O que há na sua
mente, leitor de mentes?
- Quando você estava
falando com os delegados de Sam mais cedo - ele murmurou. - eu
estava tendo uma
conversa com Carlisle, Esme e o resto deles. Eles estavam preocupados –
- Olha, não estamos
baixando a guarda. Você não precisa acreditar em Sam como nós
acreditamos. Vamos
manter os olhos abertos de qualquer maneira.
- Não, não, Jacob.
Não sobre isso. Nós confiamos no seu julgamento. Apesar disso, Esme
está preocupada com
as dificuldades que isso está fazendo seu bando passar. Ela me pediu pra
falar em particular
sobre isso com você.
Isso me pegou de
surpresa. - Dificuldades?
- A parte de estar
sem teto, particularmente. Ela está muito aborrecida por você estar tão...
desprovido.
Eu bufei. A mãe
pássaro dos vampiros – bizarro. - Somos durões. Diga que ela não se
preocupe.
- Ela ainda gostaria
de fazer o que puder. Eu tenho a impressão de que Leah gostaria de não
comer em sua forma de
loba?
- E? - Eu quis saber.
- Bem, nós temos
comida normal de humanos aqui, Jacob. Pra manter as aparências, e é
claro, por Bella.
Leah será bem vinda para o que ela quiser. Todos vocês serão.
- Eu vou dizer a
eles.
- Leah nos odeia.
- Então?
- Então tente dizer
de uma forma que faça ela considerar a idéia, se você não se importar.
- Eu farei o que
puder.
- E há o problema das
roupas.
Eu olhei para as que
eu estava vestindo. - Oh sim. Obrigado. - Provavelmente não seria
educado mencionar o
quanto elas fediam.
Ele sorriu, só um
pouco. - Bem, seremos facilmente capazes de ajudar com qualquer
necessidade aqui.
Alice raramente permite que a gente use a mesma coisa duas vezes. Temos
pilhas de roupas
novinhas que estão abandonadas ao relento, e eu imagino que Leah tem
praticamente o
tamanho de Esme...
- Não sei exatamente
como ela se sente em relação às roupas de segunda mão de
sugadores de sangue.
Ela não é tão pratica quanto eu.
- Eu confio que você
vai apresentar a proposta da melhor maneira. Assim como a oferta de
qualquer outra coisa
material que vocês precisem, ou transporte, ou qualquer outra coisa. Por
favor... não pense
que não temos os mesmos benefícios de um lar.
Ele disse essa última
frase suavemente – não tentando ficar calmo dessa vez, mas com
alguma emoção
verdadeira.
Eu o encarei por um
segundo, piscando sonolento. - Isso é, er, legal da sua parte. Diga a
Esme que apreciamos
o, er, pensamento. Mas o perímetro passa pelo rio em alguns lugares, então
nós nos mantemos
limpinhos, obrigado.
- Seria bom fazer a
oferta, mesmo assim.
- Claro, claro.
- Obrigado.
Eu dei as costas pra
ele, apenas para ficar congelado quando ouví o baixo gemido de dor
que vinha de dentro
da casa. Quando eu virei de novo, ele já tinha desaparecido
O que foi agora?
Eu fui atrás dele, me
arrastando feito um zumbí. E usando mais ou menos a mesma
quantidade de células
também. Eu não parecia ter escolha. Alguma coisa estava errada. Eu ia ver
o que era. Não
haveria nada que eu pudesse fazer. E eu ia me sentir pior
Parecia inevitável.
Eu me deixei entrar
novamente. Bella estava ofegante, curvada sobre a inchação no centro
do seu corpo. Rosalie
estava segurando-a enquanto Edward, Carlisle e Esme continuavam
estáticos. Uma
pontada de movimento chamou minha atenção; Alice estava no topo da escada,
olhando para a sala
com as mãos pressionando as têmporas. Era estranho – como se a entrada
dela tivesse sido
barrada em algum lugar.
- Me dê um segundo,
Carlisle - Bella ofegou.
- Bella - o médico
disse ansiosamente - eu ouvi alguma coisa se partindo. Eu preciso dar
uma olhada.
- Eu tenho certeza –
respira – que foi a costela. Ow. É. bem aqui. - Ela apontou para o lado
esquerdo, com cuidado
para não tocar.
Agora estava
quebrando os ossos dela.
- Eu preciso fazer um
raio-X. Pode ter partículas. Não queremos que elas perfurem nada.
Bella respirou fundo.
- Okay.
Rosalie levantou
Bella cuidadosamente. Edward parecia prestes a discutir, mas Rosalie
mostrou os dentes pra
ele e rosnou, - Eu já peguei ela.
Então agora Bella
estava mais forte, mas a coisa também estava. Não se podia passar fome
sem fazer o outro
passar fome também, e se curar acabava sendo assim também. Não tinha como
vencer.
A loira carregou
Bella rapidamente escada acima com Carlisle e Edward em seus
calcanhares, nenhum
deles reparando que eu estava parado feito um boboca na porta de entrada.
Então eles tinham um
bando de sangue e um raio-X? Eu acho que o doutor trouxe trabalho
pra casa.
Eu estava cansado
demais para segui-los, cansado demais para me mover. Eu me encostei
na parede e deslizei
até o chão. A porta ainda estava aberta, e eu apontei meu nariz em sua
direção, agradecido
pela brisa limpa passando por ela. Eu encostei minha cabeça no aparador e
fiquei escutando.
Eu podia ouvir a
máquina de raio-X lá em cima. Ou pelo menos eu presumi que fosse isso. E
então os passos mais
leves descendo as escadas. Eu não olhei pra cima para ver que vampiro era.
- Você quer um
travesseiro? - Alice me perguntou.
- Não - eu murmurei.
Pra que essa hospitalidade forçada? Isso estava me assustando.
- Isso não parece
confortável - ela observou.
- Não é.
- Então porque você
não sai daí?
- To cansado. Porque
você não vai lá pra cima com os outros? - Eu rebati.
- Dor de cabeça - ela
respondeu.
Eu rolei minha cabeça
pro lado para olhar pra ela.
Alice era uma coisa
pequenininha. Mais ou menos do tamanho dos meus braços.
Ela parecia ainda
menor agora, meio curvada sobre si mesma. Seu pequeno rosto estava
contraído.
- Vampiros têm dor de
cabeça?
- Não os vampiros
normais.
Eu bufei. Vampiros
normais.
- Então porque você
nunca mais está com a Bella? - Eu perguntei, transformando a pergunta
em acusação. Eu não
tinha pensado nisso antes, porque a minha cabeça esteve cheia de outras
besteiras, mas era
estranho que Alice nunca estava perto de Bella, não desde que eu estava aqui.
Talvez se Alice
estivesse ao lado dela, Rosalie não estivesse. - Eu pensei que vocês duas
fossem
assim. - Eu juntei
meus dois dedos e os torci.
- Como eu disse – ela
se curvou nos azulejos a alguns metros de mim, passando os braços
magrinhos pelos
joelhos magrinhos – dor de cabeça.
- Bella está te dando
dor de cabeça?
- Sim.
Eu fiz uma careta. Eu
certamente estava cansado demais pra charadas. Eu deixei minha
cabeça rolar de volta
para o ar fresco e fechei os olhos.
- Não Bella, na
verdade - ela emendou. - O... feto.
Ah, mais alguém se
sentia como eu. Era bem fácil reconhecer. Ela dizia a palavra com asco,
do jeito que Edward
dizia.
- Eu não entendo -
ela me disse, apesar de que ela devia estar pensando consigo mesma.
Pelo que ela sabia,
eu já estava dormindo. - Eu não dou nada por ele. Assim como você.
Eu enrijeci, e então
apertei os dentes. Eu não gostava de ser comparado à criatura.
- Bella está no
caminho. Ela está ao redor da coisa, então ela está... confusa. Como uma
televisão com
recepção ruim – é como tentar concentrar os olhos naquelas pessoas meio tortas
se
mexendo na tela. Ver ela
está matando a minha cabeça. E de qualquer forma, eu não vejo muito
futuro. O... feto é
uma parte muito grande do futuro dela. Quando ela decidiu no início... quando
ela soube que o
queria, ela desapareceu das minhas visões. Isso me assustou demais.
Ela ficou quieta por
um segundo, e depois completou, - Eu tenho que admitir, é um alívio ter
você por perto – a
despeito do cheiro de cachorro molhado. Tudo vai embora. É como ter os olhos
fechados. Isso alivia
a dor de cabeça.
- Eu estou feliz em
poder servi-la, madame. - Eu murmurei.
- Eu me pergunto o
que ele tem em comum com você... porque nesse sentido vocês dois
são iguais.
Um calor repentino se
concentrou no centro dos meus ossos. Eu prendi meus punhos para
controlar os
tremores.
- Eu não tenho nada
em comum com aquele sugador de vidas - eu disse através dos dentes.
- Bem, tem alguma
coisa aí.
Eu não respondi. O
calor já estava desaparecendo. Eu estava cansado demais pra ficar
furioso.
- Você não se importa
se eu ficar sentada aqui do seu lado, se importa? - Ela perguntou.
- Acho que não. Fede
do mesmo jeito.
- Obrigada - ela
disse. - Eu acho que é o melhor pra isso, eu acho, já que eu não posso
tomar aspirina.
- Dá pra ficar
quieta? To dormindo aqui.
Ela não respondeu,
ficando em silêncio imediatamente. Eu caí no sono em segundos.
Eu estava sonhando
que estava com muita sede. E havia um grande copo de água na minha
frente – todo frio,
dava pra notar por causa da condensação saindo pelos lados. Eu peguei o copo
e dei um gole enorme,
só pra descobrir muito rapidamente que não era água – era água sanitária.
Eu tossi pra fora,
cuspindo em tudo que é lugar, e saiu um monte pelo meu nariz. Queimou. Meu
nariz estava pegando
fogo.
A dor no nariz me
acordou o suficiente pra me fazer lembrar do lugar onde eu tinha
dormido. O cheiro era
muito penetrante, considerando que meu nariz não estava de fato dentro da
casa. Ugh. E era
barulhento. Alguém estava rindo alto demais. Uma risada familiar, mas uma que
não combinava com o
cheiro. Não combinava.
Eu gemi e abri os
olhos. Os céus estavam num tom cinzento – era dia, mas não havia nenhuma
dica da hora. Talvez
estivesse perto do pôr do sol – estava bem escuro.
- Estava na hora -
Loirinha murmurou, não muito longe. - O barulho de serra elétrica estava
ficando meio
cansativo.
Eu rolei e me sentei.
No processo eu descobri de onde o cheiro estava vindo. Alguém tinha
enfiado um grande
travesseiro de penas embaixo do meu rosto. Provavelmente tentando ser
gentil, eu acho. A
não ser que tenha sido Rosalie.
Quando o meu rosto
estava longe das penas fedorentas, eu senti outros cheiros. Como
bacon e canela, todos
misturados com o cheiro de vampiros.
Eu pisquei,
observando a sala.
As coisas não haviam
mudado muito, exceto que agora Bella estava sentada no meio do
sofá, e a
intra-venosa tinha desaparecido. Loirinha estava sentada aos pés dela, a cabeça
dela
descansando nos
joelhos de Bella. Ainda me dava arrepios ver como eles a tocavam casualmente,
apesar de eu achar
que isso era uma burrice, considerando todas as coisas. Edward estava ao lado
dela, segurando sua
mão. Alice também estava no chão, como Rosalie. Agora o rosto dela não
estava contraído. E
era fácil ver porque – ela achou outra coisa pra aliviar a dor de cabeça.
- Hey, Jake está
acordando! - Seth disse.
Ele estava sentado do
outro lado de Bella, seu braço jogado descuidadamente sobre o
ombro dela, um prato
transbordando de comida no colo.
Que diabos?
- Ele veio te
encontrar - Edward disse enquanto eu ficava de pé. - E Esme o convenceu a
ficar para o café da
manhã.
Seth observou minha
expressão, e se apressou em explicar.
- É, Jake – eu só
estava checando se você estava bem, porque você não se transformou
mais. Leah ficou
preocupada. Eu disse a ela que você provavelmente tinha caído no sono como
humano, mas você sabe
como ela é. De qualquer forma, eles tinham essa comida e, ora – ele se
virou pra Edward –
cara, você sabe cozinhar.
- Obrigado - Edward
murmurou.
Eu inalei lentamente,
tentando soltar a pressão nos meus dentes. Eu não conseguia tirar os
olhos do braço de
Seth.
- Bella ficou com
frio - Edward disse baixo.
Certo. De qualquer
forma, não era da minha conta. Ela não pertencia a mim.
Seth ouviu o
comentário de Edward, olhou pro meu rosto, e de repente ele precisou das duas
mãos pra comer. Ele
tirou o braço de Bella e começou a comer. Eu caminhei pra ficar a alguns
metros do sofá, ainda
tentando me concentrar.
- Leah está fazendo a
patrulha? - Eu perguntei a Seth. Minha voz ainda estava grossa do
sono.
- Sim - ele disse
enquanto mastigava. Seth estava usando roupas novas também. Elas
cabiam melhor nele do
que em mim. - Ela está cuidando de tudo. Sem preocupação. Ela vai uivar
se houver alguma
coisa. Nós trocamos mais ou menos meia noite. Eu corri doze horas. - Ele
estava orgulhoso
disso, e dava pra notar pelo tom dele.
- Meia noite? Espere
um minuto - que horas são?
- Quase amanhecendo.
- Ele olhou em direção à janela, checando.
Bem, maldição. eu
dormi o resto do dia e a noite inteira – desmaiei. - Merda. Desculpa por
isso, Seth. Você
devia ter me chutado até que eu acordasse.
- Não, cara, você
precisava dormir demais. Você não tirava uma folga desde quando? A noite
anterior à sua última
patrulha para Sam? Tipo, quarenta horas? Cinqüenta? Você não é uma
máquina, Jake. Além
do mais, você não fez falta nenhuma.
Nenhuma? Eu olhei rapidamente
para Bella. A cor dela estava de volta do jeito que eu
lembrava. Pálida, mas
com um fundo rosado. Até o cabelo dela parecia melhor – mais brilhante.
Ela viu minha
observação e sorriu pra mim.
- Como está a
costela? - Eu perguntei.
- Presa no lugar com
força. Eu nem sinto.
Eu revirei os olhos.
Eu ouvi Edward apertando os dentes, e me dei conta que a atitude ‘deixa
isso pra lá’ dela
irritava ele tanto quanto a mim.
- O que tem pro café
da manhã? - Eu perguntei, meio sarcástico. - O negativo ou AB
positivo?
Ela deu língua pra
mim. Ela estava totalmente de volta. - Omeletes - ela disse, mas os olhos
dela olharam pra
baixo, e eu vi que o copo de sangue estava preso entre a perna dela e a de
Edward.
- Vá comer alguma
coisa, Jake - Seth disse. - Tem um monte de coisa na cozinha. Você deve
estar faminto.
Eu examinei a comida
no colo dele. Parecia ser a metade de um omelete de queijo e a
última parte de um
rolo de canela gigante. Meu estômago roncou, mas eu o ignorei.
- O que Leah está
comendo no café da manhã? - Eu perguntei criticamente a Seth.
- Hey, eu levei a
comida pra ela antes de comer qualquer coisa - ele se defendeu. - Ela disse
que preferia comer
alguma coisa que morreu na estrada, mas eu aposto que ela se arrependeu.
Esses rolos de
canela... - Ele pareceu não encontrar as palavras.
- Então eu vou caçar
com ela.
Seth suspirou
enquanto se virava pra ir embora.
- Um momento, Jacob?
Era Carlisle
chamando, então eu me virei novamente, meu rosto provavelmente estava
menos desrespeitoso
do que estaria se outra pessoa tivesse me parado.
- Sim?
Carlisle se aproximou
de mim enquanto Esme ia para a outra sala. Ele parou a alguns metros
de distância, apenas
um pouco mais distantes do que o espaço normal entre dois humanos
conversando. Eu
gostei dele ter me dado espaço.
- Falando de caçar -
ele começou num tom sombrio. - Isso vai ser um problema para a
minha família. Eu
entendo que a nossa trégua antiga está não está em operação nesse momento
então eu decidi pedir
seu conselho. Sam estará nos caçando fora dos perímetros que vocês
criaram? Nós não
queremos dar nenhuma chance de machucarem a nossa família – ou perder um
dos nossos. Se você
estivesse em nosso lugar, como iria proceder?
Eu me afastei, um
pouco surpreso, quando ele me deu a ver de falar daquele jeito. O que eu
podia saber sobre ser
um sugador de sangue que usava sapatos caros?
Mas também, eu
conhecia Sam.
- É um risco -
tentando ignorar os outros olhos que eu sentia em mim e falar só pra ele. -
Sam se acalmou um
pouco, mas eu tenho certeza que na mente dele, o trato significa nada.
Enquanto ele achar
que a tribo, ou qualquer outro humano, está em perigo real, ele não vai fazer
perguntas antes, se é
que você sabe o que eu quero dizer. Mas, com tudo isso, a prioridade dele
será La Push.
Realmente eles não são um número suficiente para cuidar decentemente das
pessoas e fazer
caçadas grandes o suficiente para causar dano. Eu aposto que ele vai ficar
perto
de casa.
Carlisle balançou a
cabeça, pensativo.
- Então eu acho que
eu diria, saiam todos juntos, só por via das dúvidas. E provavelmente
vocês devam ir de
dia, porque nós estaríamos esperando a noite. Coisas tradicionais de vampiros.
Vocês são rápidos –
vão para as montanhas e façam a caçada longe o suficiente para que não
haja uma chance dele
mandar alguém pra tão longe de casa.
- E deixar Bella pra
trás, desprotegida?
Eu bufei. - E nós
somos o que, um fígado desmembrado?
Carlisle riu, e então
o rosto dele ficou sério de novo. - Jacob, você não pode lutar com os
seus irmãos.
Meus olhos se
estreitaram. - Eu não estou dizendo que isso não seria difícil, mas se eles
realmente viessem
mata-la – eu seria capaz de parar eles.
Carlisle balançou a
cabeça, ansioso. - Não, eu não quis dizer que você seria... incapaz. Mas
que seria muito
errado. E eu não posso ter isso em minha consciência.
- Não seria na sua,
Doutor. Seria na minha. E eu posso agüentar.
- Não, Jacob. Nós
tomaremos as precauções para que nossas ações não façam com que haja
essa necessidade. -
Ele fez uma cara pensativa. - Nós iremos três de cada vez - ele decidiu depois
de um segundo. - Isso
provavelmente é o melhor que podemos fazer.
- Eu não sei, Doutor.
Se dividir no meio não é a melhor estratégia.
- Nós temos algumas
habilidades extras que irão nos igualar. Se Edward for um dos três, ele
será capaz de nós dar
alguns quilômetros de segurança.
Nós dois olhamos para
Edward. A expressão dele fez Carlisle mudar de idéia rapidamente.
- Eu tenho certeza
que existem outras maneiras também - Carlisle disse.
Claramente, não havia
nenhuma necessidade física forte o suficiente para afastar Edward de
Bella agora. - Alice,
eu imagino que você possa ver quais rotas poderiam ser um erro?
- As que desaparecem
- Alice disse, balançando a cabeça. - Fácil.
Edward, que tinha
ficado todo tenso com o plano inicial de Carlisle, se tranqüilizou. Bella
estava olhando pouco
feliz para Alice, aquela ruginha que aparecia entre os olhos quando ela se
estressava apareceu.
- Tudo bem, então. -
Eu disse. - Isso está arranjado. Eu vou indo. Seth, eu espero que você
esteja de volta ao
anoitecer, então tire uma soneca aqui em algum lugar, tudo bem?
- Claro, Jake. Eu vou
me transformar assim que eu terminar. A não ser... - Ele hesitou,
olhando pra Bella. -
Você precisa de mim?
- Ela tem cobertores.
- Eu rebati pra ele.
- Eu estou bem, Seth,
obrigada - Bella disse rapidamente.
E então Esme apareceu
novamente na sala, um grande prato coberto nas mãos. Ela parou
hesitantemente logo
atrás do cotovelo de Carlisle, seus grandes olhos dourados no meu rosto. Ele
ergueu o prato e deu
outro passo tímido para a frente.
- Jacob - ela disse
baixinho. A voz dela não era tão penetrante quanto as dos outros. - Eu sei
que... não é
apetitosa pra você, a idéia de comer aqui, onde o cheiro é tão desagradável.
Mas eu
me sentiria muito
melhor se você levasse um pouco de comida com você quando você se for. Eu
sei que você não pode
voltar pra casa, e isso é por nossa causa. Por favor – alivie um pouco do
meu remorso. Leve
algo para comer. - Ela segurou a comida pra mim, seu rosto suave e
implorativo. Eu não
sei como ela fazia isso, porque ela não aparentava ter mais de uns vinte e
poucos, e ela também
era pálida feito osso, mas alguma coisa na expressão dela me fez lembrar
da minha mãe.
Nossa.
- Uh, claro, claro -
eu murmurei. - Eu acho. Talvez Leah ainda esteja com fome ou algo
assim.
Eu me inclinei e
peguei a comida com uma mão, segurando-o longe, a um braço de
distância. Eu ia
joga-lo embaixo de uma árvore ou algo assim. Eu não queria que ela se sentisse
mal.
Então eu lembrei de
Edward.
Não diga nada a ela!
deixe ela pensar que eu comi.
Eu não olhei pra ele
pra ver se ele estava de acordo. Era melhor que ele estivesse de
acordo. O sugador de
sangue estava me devendo.
- Obrigada, Jacob -
Esme disse, sorrindo pra mim. Como um rosto de pedra tinha covinhas
nas bochechas, pra
começo de história?
- Um, obrigado você -
eu disse. Meu rosto ficou quente – mais quente que o normal.
Esse era o problema
de andar por aí com vampiros – você se acostumava com eles. Eles
começavam a mexer com
a sua forma de ver o mundo. Ele começavam a parecer nossos amigos.
- Você vai voltar
mais tarde, Jake? - Bella perguntou enquanto eu tentava fugir.
- Uh, eu não sei.
Ela apertou os
lábios, como se estivesse tentando não sorrir. - Por favor? Eu posso ficar com
frio.
Eu inalei
profundamente pelo meu nariz, e então me dei conta, tarde demais, que essa não
foi uma boa idéia. Eu
gemi. - Talvez.
- Jacob? - Esme
perguntou. Eu fui andando de costas até a porta enquanto ela continuava;
ela deu alguns passos
me seguindo. - Eu deixei uma cesta de roupas na varanda. Elas são para
Leah. Elas foram
lavadas – eu tentei tocar nelas o mínimo possível. - Ela fez uma careta. - Você
se
importaria em levar
para ela?
- Farei isso - eu
murmurei, e então sai pela porta antes que mais alguém me obrigasse a
fazer alguma coisa
por culpa.
15 – TICK, TOCK, TICK, TOCK, TICK, TOCK
Hey, Jake, pensei que
você tivesse dito que me queria aqui ao anoitecer. Porque você não
fez Leah me acordar
antes dela pegar no sono?
Porque eu não
precisei de você. Eu ainda estou bem.
Ele já estava indo
para a metade norte do círculo. Alguma coisa?
Não. Nada além de
nada.
Você procurou alguma
coisa?
Ele percebeu que eu
tinha me desviado um pouco do caminho. Ele dirigiu à trilha nova.
É – eu dei umas
voltinhas. Você sabe, só pra checar. Se os Cullen vão fazer uma viagem
para caçar...
Boa idéia.
Seth fez uma volta
para voltar ao perímetro principal.
Era mais fácil correr
com ele do que fazer a mesma coisa com Leah. Apesar dela estar
tentando – tentando
muito – havia sempre algo em seus pensamentos. Ela não queria estar aqui.
Ela não queria sentir
a mesma afeição aos vampiros que havia em minha cabeça. Ela não queria
lidar com a amizade
próxima que Seth tinha com eles, uma amizade que só estava ficando mais
forte.
Engraçado, no
entanto, que eu tinha pensando que o maior problema no mundo pra ela era
eu. Nós sempre
enlouquecemos um ao outro quando estávamos no bando de Sam. Mas agora não
havia absolutamente
nenhum antagonismo dirigido a mim, só aos Cullen e Bella. Eu queria saber
porque. Talvez fosse
simplesmente gratidão por eu não estar forçando ela a ir embora. Talvez
fosse porque agora eu
entendia melhor a hostilidade dela. Fosse o que fosse, correr com Leah não
era nem um pouco tão
ruim quanto eu havia esperado.
É claro, ela não
havia melhorado tanto assim. A comida e as roupas que Esme tinha
mandado para ela
estavam todos fazendo uma viagem rio abaixo agora. mesmo depois de eu ter
comido a minha parte
– não porque o cheiro era praticamente irresistível fora do cheiro dos
vampiros, mas para
dar um bom exemplo de auto-sacrifício e tolerância a Leah – ela recusou. O
pequeno alce que ela
comeu por volta do meio dia não tinha satisfeito seu apetite. Mas deixou o
seu humor pior ainda.
Leah odiava comida crua.
Talvez devêssemos
correr um pouco ao leste? Seth sugeriu. Ir fundo, ver se eles estão
esperando por lá.
Eu estava pensando
nisso, eu concordei. Mas vamos fazer isso quando estivermos todos
acordados. Eu não
quero baixar nossa guarda. Mas nós devíamos fazer isso antes que os Cullen
tentem. Em breve.
Certo.
Isso me fez pensar.
Se os Cullen fossem
capaz de sair da área em segurança, eles realmente deviam seguir em
frente. Eles
provavelmente deviam ter escapado no momento que nós fomos avisá-los. Eles
tinham que ter outra
forma de escapulir. E eles tinham amigos ao norte, certo? Pegar Bella e fugir.
Essa parecia ser a
resposta óbvia para os problemas deles.
Eu provavelmente
devia sugerir isso, mas eu estava com medo que eles me dessem ouvidos.
E eu não queria que
Bella desaparecesse – nunca ficar sabendo se ela tinha conseguido ou não.
Não, isso era
estupidez. Eu os diria para ir. Não fazia sentido eles ficarem, e isso seria
melhor – não menos
doloroso, mas mais saudável – para mim se Bella fosse embora.
Era fácil dizer isso
agora, quando Bella não estava lá, parecendo toda feliz em me ver e se
agarrando à vida com
as unhas ao mesmo tempo...
Oh, eu já perguntei a
Edward sobre isso, Seth pensou.
O que?
Eu perguntei porque
eles não havia escapado ainda. Ido para a casa de Tanya ou algo
assim. Algum lugar
longe demais pra que Sam fosse atrás dele.
Eu tive que lembrar a
mim mesmo que eu tinha decidido dar aos Cullen esse mesmo
conselho. Isso era o
melhor. Então eu não devia estar bravo com Seth por ter tirado a tarefa das
minhas mãos. Nem um
pouco bravo.
Então o que ele
disse? Eles estão esperando uma brecha?
Não. Eles não vão
partir.
E isso não devia
parecer uma boa notícia.
Porque não? Isso é
estúpido.
Na verdade não, Seth
disse, agora na defensiva. Leva algum tempo pra construir o tipo de
acesso médico que
Carlisle tem por aqui. Ele tem todo tipo de coisa que precisa para cuidar de
Bella, e as
credenciais para conseguir mais. Esse é um dos motivos pelos quais eles querem
fazer
uma viagem de caça.
Carlisle acha que eles vão precisar de mais sangue para Bella em breve. Ela
está usando todo o O
negativo que eles estocaram para ela. Ele não gosta de saquear o banco de
sangue. Ele vai
comprar mais um pouco. Você sabia que se pode comprar sangue? Se você for
médico.
E ainda não estava
pronto para ser lógico. Ainda parece estupidez. Eles podiam levar a
maioria das coisas
com eles, certo? E roubar o que precisassem onde quer que eles fossem. Quem
se importa com essa
baboseira legal quando se é imortal?
Edward não quer se
arriscar a tirá-la do lugar.
Ela está melhor do
que antes.
Bastante, Seth
concordou. Na cabeça dele, ele estava comparando minhas memórias de
Bella pregada nos
tubos e a última vez que ele tinha visto ela antes de sair da casa. Ela sorriu
para
ele e acenou. Mas ela
não pode se mover demais, sabe. Aquela coisa está chutando ela até não
poder mais.
Eu engoli o ácido
estomacal da minha garganta. É, eu sei.
Quebrou outra costela
dela, ele me disse sombriamente.
Meu passo diminuiu, e
eu cambaleei um passo antes de retomar a ritmo.
Carlisle enfaixou ela
de novo. Só mais uma parte, ele disse. Então rosalie falou alguma coisa
sobre como até os
bebês normais são conhecidos por quebrarem costelas. Parecia que Edward ia
arrancar a cabeça
dela.
Que pena que ele não
fez isso.
Seth estava com o
plantão de notícias ligado – sabendo que tudo era vitalmente interessante
pra mim, mesmo eu não
tendo pedido pra ouvir. A febre de Bella diminuiu e aumentou o dia
inteiro. Só pequenas
alterações – suores e depois calafrios. Carlisle não tem certeza do que fazer
sobre isso – ela pode
simplesmente estar doente. O sistema imunológico dela deve estar sem
forças agora.
É, eu tenho certeza
que é só uma coincidência.
Mas ela está de bom
humor. Ela estava conversando com Charlie, rindo e tudo mais –
Charlie! O quê?! O
que você quer dizer com ela estava conversando com Charlie?!
Agora o passo de Seth
falhou; minha fúria o surpreendeu. Eu acho que ele telefona todos os
dias para conversar
com ela. Às vezes a mãe dela também liga. Bella parece estar muito melhor
agora, então ela
estava assegurando ele que estava melhorando –
Okay. Seth não fez
outros comentários. Ele ficou bastante concentrado na floresta vazia.
Eu mantive meu curso
ao sul, procurando alguma coisa nova. Eu dei a volta quando avistei
os primeiros sinais
de habitação. Ainda não estava perto de nenhuma cidade, mas eu não queria
recomeçar boatos
sobre lobos. Agora já estávamos bonzinhos e invisíveis a um bom tempo.
Eu passei pelo
perímetro no meu caminho de volta, indo em direção à casa.
Mesmo sabendo que era
uma estupidez fazer isso, eu não consegui me deter. Eu devia ser
uma espécie de
masoquista.
Não há nada de errado
com você, Jake. Essa não é uma situação muito comum.
Por favor, Seth, cala
a boca.
Calando.
Dessa vez eu não
hesitei na porta; eu simplesmente passei por ela como se fosse dono do
lugar. Eu achei que
isso ia tirar Rosalie do sério, mas meus esforços foram em vão. Nem Rosalie
nem Bella estavam em
lugar algum. Eu olhei loucamente ao redor, esperando não as ter visto em
algum lugar, meu
coração se apertando às costelas de uma forma estranha, desconfortável.
- Ela está bem -
Edward sussurrou. - Ou, na mesma, eu diria.
Edward estava no sofá
com as mãos no rosto; ele não olhou pra cima para falar. Esme
estava ao lado dele,
com o braço segurando os ombros dele com força.
- Olá, Jacob - ela
disse. - Eu estou muito feliz por você ter voltado.
- Eu também - Alice
disse com um suspiro profundo. Ela veio descendo as escadas, fazendo
uma careta. Como se
eu estivesse atrasado para um compromisso.
- Uh, hey - eu disse.
Era estranho tentar ser educado. - Onde está Bella?
- Banheiro - Alice
disse. - Ela está na dieta do líquido, sabe. Além do mais, pelo que eu
soube, esse negócio
de engravidar faz isso com você.
- Ah.
Eu fiquei lá todo
estranho, me balançando nos calcanhares pra frente e pra trás.
- Oh, maravilha -
Rosalie rosnou. Eu virei a cabeça e a vi vindo de um corredor meio
escondido pelas
escadas. Ela estava com Bella gentilmente curvada em seus braços, uma careta
endurecida no rosto
pra mim. - Eu sabia que alguma coisa estava cheirando mal.
E, exatamente como
antes, o rosto de Bella se iluminou como uma criança na manhã de
Natal. Como se eu
tivesse trazido pra ela o melhor presente de todos.
Isso era muito
injusto.
- Jacob - ela
respirou. - Você veio.
- Oi, Bells.
Esme e Edward ficaram
de pé. Eu observei como Rosalie colocava Bella cuidadosamente no
sofá. Eu observei
como, apesar disso, Bella ficou pálida e prendeu a respiração – como se ela
estivesse disposta a
não fazer barulho não importa o quanto doesse.
Edward passou as mãos
na testa dela e então pelo pescoço. Ele fez parecer que estava
apenas colocando o
cabelo dela pra trás, mas pra mim pareceu um exame médico.
- Você está com frio?
- Ele murmurou.
- Eu estou bem.
- Bella, você sabe o
que Carlisle disse - Rosalie disse. - Não esconda nada. Isso não nos
ajuda a cuidar de
vocês dois.
- Está bem, eu estou
com um pouco de frio. Edward, você pode me passar o cobertor?
Eu revirei os olhos.
- Não é pra isso que eu to aqui?
- Você acabou de
entrar - Bella disse. - Depois de ter corrido o dia inteiro, eu aposto. Ponha
os pés pra cima um
minuto. Eu provavelmente vou ficar aquecida daqui a pouco.
Eu a ignorei, indo me
sentar no chão perto do sofá enquanto ela ainda estava me dizendo o
que fazer. Nesse
ponto, no entanto, eu não tinha certeza de como... Ela parecia meio frágil, e
eu
estava com medo de
mexer nela, até mesmo de colocar o braço ao seu redor. Então eu só me
inclinei
cuidadosamente ao lado dela, deixando meu braço descansar no braço dela, e
segurei sua
mão. Então eu
coloquei minha outra mão em seu rosto. Era difícil dizer se ela estava sentindo
mais frio do que o
normal.
- Obrigada, Jake -
ela disse, e eu a senti estremecer uma vez.
- Ta - eu disse.
Edward sentou no
braço do sofá aos pés de Bella, seus olhos sempre no rosto dela.
Era pedir demais, com
toda a super audição naquela sala, que ninguém reparasse no meu
estômago roncando.
- Rosalie, porque
você não pega algo na cozinha para Jacob? - Alice disse. Ela estava
invisível agora,
silenciosamente sentada atrás do encosto do sofá.
Rosalie encarou sem
acreditar para o lugar de onde a voz de Alice estava vindo.
- Obrigado, mesmo
assim, Alice, mas eu não acho que quero comer alguma coisa cuspida
pela loira. Eu aposto
que o meu sistema não ia aceitar muito bem o veneno.
- Rosalie nunca
envergonharia Esme com tal demonstração de falta de hospitalidade.
- É claro que não. -
A loira disse numa voz agridoce da qual eu desconfiei imediatamente.
Ela levantou e saiu
rapidamente da sala.
Edward suspirou.
- Você me diria se
ela envenenasse a comida, né? - Eu perguntei.
- Sim - Edward
prometeu.
E por algum motivo eu
acreditei.
Havia muito barulho
na cozinha, e – estranhamente – o som do metal protestando enquanto
sofria abuso. Edward
suspirou de novo, mas também sorriu só um pouco. então Rosalie voltou
antes que eu pudesse
pensar muito sobre isso. Com um sorriso satisfeito, ela colocou uma tigela
prateada no chão
perto de mim.
- Aproveite,
retardado.
Provavelmente aquilo,
um dia, tinha sido só uma tigela grande, mas ela praticamente fez as
bordas se curvarem
até que ela tivesse quase o formato de uma tigela de cachorro. Eu fiquei
impressionado pelo
rápido artesanato dela. E a atenção aos detalhes. Ela tinha escrito a palavra
Totó na lateral.
Excelente caligrafia.
Só porque a comida
parecia muito boa – filé, nada menos, e uma batata assada com tudo o
que tinha direito –
eu disse a ela - Obrigada, loira.
Ela rosnou.
- Hey, você sabe como
se chama uma loira com cérebro? - Eu perguntei, e tentei continuar
num fôlego só. - um
golden retriever.
- Eu também já ouvi
essa - ela disse, sem sorrir.
- Eu vou continuar
tentando - eu prometi, e então comecei a comer.
Ela fez uma cara de
nojo e revirou os olhos. Então ela sentou em um dos braços do sofá e
começou a passar os
canais da TV tão rápido que não era possível que ela realmente estivesse
procurando por algo
pra assistir.
A comida estava boa,
mesmo com o fedor de vampiro no ar. Eu realmente estava me
acostumando a isso.
Huh. Não era uma coisa que estava querendo fazer, exatamente...
Quando eu terminei –
apesar de que eu estava considerando a idéia de lamber a tigela, só
pra dar um motivo pra
Rosalie reclamar – eu senti os dedos de Bella passando suavemente pelo
meu cabelo. Ela o
assentou na minha nuca.
- Hora de cortar o
cabelo, huh?
- Você está ficando
meio descabelado - ela disse. - Talvez –
- Me deixe adivinhar,
alguém aqui costumava cortar cabelo em um salão em Paris?
Ela gargalhou. -
Provavelmente.
- Não, obrigado - eu
disse antes que ela realmente pudesse oferecer. - Eu estou bem por
algumas semanas
ainda.
Isso me fez pensar
por quantas semanas ela ficaria bem. Eu tentei pensar numa forma
educada de perguntar.
- Então... um... qual
é a, er, data? Você sabe, a data que o monstrinho vai nascer.
Ela deu um tapa atrás
da minha cabeça com a mesma força que uma pena tinha, mas não
respondeu.
- Eu estou falando
sério - eu disse a ela. - Eu quero saber por quanto tempo eu terei que
ficar aqui. - Quanto
tempo você vai ficar aqui, eu adicionei em minha cabeça. Aí eu me virei pra
olhar pra ela. Seus
olhos estavam pensativos; a linha de estresse estava entre as sobrancelhas
dela de novo.
- Eu não sei - ela
murmurou. - Não exatamente. Obviamente, aqui nós não estamos
acompanhando o modelo
dos nove meses e nós não conseguimos fazer uma ultrassom, então
Carlisle está
adivinhando pelo tamanho que eu estou. Pessoas normais ficam com cerca de
quarenta centímetros
aqui – ela passou o dedo no meio do seu estômago inchado – quando o
bebê já cresceu
completamente. Apenas um centímetro por semana. Eu estava com trinta
centímetros essa manhã,
e estou ganhando dois centímetros a cada dia, às vezes mais...
Duas semanas para
cada dia, os dias estavam voando. E vida dela estava sendo adiantada.
Quantos dias isso
dava a ela, se ela estava contando até quarenta? Quatro?
Eu levei um minuto
pra lembrar como engolir.
- Você está bem? -
Ela perguntou.
Eu balancei a cabeça,
sem ter certeza como a minha voz sairia.
O rosto de Edward
tinha virado pro lado oposto enquanto ele ouvia meus pensamentos, mas
eu conseguia ver o
reflexo dele na parede de vidro. Ele era um homem pegando fogo novamente.
Era engraçado como
ter um prazo fazia com que fosse mais difícil pensar em ir embora, ou
deixa-la ir embora.
Eu estava feliz por Seth ter tocado no assunto, então eu sabia que eles iam
ficar aqui. Seria
intolerável, se eles realmente fossem embora, tirar um ou dois dias entre
aqueles
quatro. Meus quatro
dias.
Também era engraçado
como, mesmo sabendo que estava quase no fim, o laço que me
prendia a ela só
ficava mais difícil de se quebrar. Isso quase estava relacionado à barriga em
crescimento dela –
como se ficando maior, ela estivesse ganhando força gravitacional.
Por um minuto eu
tentei olha-la à distância, tentar me livrar do imã. Eu sabia que não era só
minha imaginação que
tornava minha necessidade dela maior ainda. Porque isso estava
acontecendo? Porque
ela estava morrendo? Ou porque sabendo que se ela não estivesse
morrendo, mesmo assim
– na melhor hipótese – ela estava se transformando em outra coisa que
eu não conheceria ou
entenderia?
Ela passou o dedo na
maçã do meu rosto, e minha pele estava molhada onde ela tocou.
- Vai ficar tudo bem
- ela gaguejou um pouco. Não importava que as palavras não
significassem nada.
Ela disse isso da mesma forma que as pessoas cantavam aquelas músicas pra
ninar criança. Diga
boa noite, bebê.
- Certo - eu
murmurei.
Ela se curvou no meu
braço, descansando a cabeça no meu ombro. - Eu não achei que você
viria. Seth disse que
você viria, e Edward também, mas eu não acreditei neles.
- Porque não? - Eu
perguntei bruscamente.
- Você não fica feliz
aqui. Mas veio do mesmo jeito.
- Você me queria
aqui.
- Eu sei, mas você
não precisava vir, porque não é justo que eu te queira aqui. Eu teria
entendido.
Eu fiquei quieto por
um minuto. Edward recompôs o rosto. Ele estava olhando para a Tv
enquanto Rosalie
continuava passando canais. Ela já estava pra lá dos seiscentos. Eu me
perguntei quanto
tempo levaria pra voltar pro início.
- Obrigada por ter
vindo - Bella sussurrou.
- Posso te perguntar
uma coisa? - Eu perguntei.
- É claro.
Edward não parecia
estar prestando nem um pouco de atenção em nós, mas ele sabia o que
eu estava prestes a
perguntar, então ele não me enganava.
- Porque você me quer
aqui? Seth podia te manter aquecida, e é provável que ele tenha
mais facilidade em
ficar por perto, feliz como um boboca. Mas quando eu passo pela porta, você
sorri como se eu
fosse a sua pessoa favorita no mundo.
- Você é uma delas.
- Isso é um saco,
sabe.
- É - ela suspirou. -
Desculpa.
- Mas porque? Você
não respondeu isso.
Edward tinha desviado
o olhar de novo, como se estivesse olhando pra fora pelas janelas.
No reflexo o rosto
dele estava vazio.
- Eu me sinto...
completa quando você está aqui, Jacob. Como se toda a minha família
estivesse junta. Quer
dizer, eu acho que é como se fosse – eu nunca tive uma família grande
antes. É bom. - Ela
sorriu por meio segundo. - Mas não está completa a não ser que você esteja
aqui.
- Eu nunca fui parte
da sua família, Bella.
Eu podia ter sido. Eu
teria sido bom nisso. Mas esse era um futuro distante que morreu
antes de ter a chance
de viver.
- Você sempre foi
parte da minha família - ela discordou.
Meus dentes fizeram
barulho quando se cerraram. - Essa resposta é uma merda.
- Qual é a boa
resposta?
- Que tal ‘Jacob, eu
me divirto com a sua dor’.
Eu a senti enrijecer.
- Você preferiria
isso? - ela sussurrou.
- Pelo menos é mais
fácil. Eu podia enfiar isso na minha cabeça. Eu podia lidar com isso.
Aí eu olhei para
baixo, para o rosto dela, tão próximo ao meu. Os olhos dela estavam
fechados e ela estava
fazendo uma careta. - Nós saímos com caminho, Jake. Perdemos o
equilíbrio. Você
nasceu pra fazer parte da minha vida – eu posso sentir isso, e você também
pode.
- Ela parou por um
segundo sem abrir os olhos – como se estivesse esperando que eu negasse.
Quando eu não disse
nada, ela continuou.
- Mas não assim. Nós
fizemos algo errado. Não. Eu fiz. Eu fiz algo errado, e saímos do
caminho...
A voz dela parou , e
a careta em seu rosto relaxou até que era apenas uma pequena torção
nos lábios dela. Eu
esperei que ela derramasse mais um pouco de suco de limão no corte, mas aí
um ronco leve veio do
fundo da garganta dela.
- Ela está exausta -
Edward murmurou. - Foi um longo dia. Um dia duro. Eu acho que ela
teria ido dormir mais
cedo, mas ela estava esperando por você.
Eu não olhei pra ele.
- Seth disse que ela
quebrou outra costela.
- Sim. Está
dificultando a respiração dela.
- Ótimo.
- Me avise quando ela
ficar com calor de novo.
- Tá.
Ela ainda tinha
arrepios no braço que não estava tocando o meu. Eu mal tinha levantado a
cabeça pra procurar
um cobertor quando Edward puxou um que estava jogado no braço do sofá e
o sacudiu por cima
dela.
Ocasionalmente, a
coisa de ler mentes poupava tempo. Por exemplo, talvez eu não
precisasse fazer uma
grande cena de acusação sobre o que estava acontecendo com Charlie.
Aquela bagunça.
Edward ia simplesmente ouvir exatamente o quão furioso –
- Sim - ele
concordou. - Não é uma boa idéia.
- Então porque? -
Porque Bella estava dizendo ao pai que estava melhorando quando isso só
o faria mais infeliz?
- Ela não agüenta a
ansiedade dele.
- Então é melhor –
- Não. Não é melhor.
Mas eu não vou forçá-la a fazer nada que a deixe infeliz agora. O que
quer que aconteça,
isso faz ela se sentir melhor. Eu vou lidar com o resto depois.
Isso não parecia
certo. Bella não amenizaria a dor de Charlie para que mais tarde alguma
outra pessoa lidasse
com isso. Mesmo morrendo. Ela não era assim. Se eu conhecia Bella, ela
tinha algum outro
plano.
- Ela tem certeza
absoluta que vai viver - Edward disse.
- Mas não como humana
- eu protestei.
- Não, não como
humana. Mas de qualquer forma, ela espera ver Charlie novamente.
Oh, isso estava
ficando cada vez melhor.
- Ver. Charlie. - Eu
finalmente olhei pra ele, meus olhos se arregalando. - Depois. Ver Charlie
quando ela estiver
brilhando de tão branca e com olhos vermelhos brilhantes. Eu não sou um
sugador de sangue,
então talvez eu esteja perdendo alguma coisa, mas Charlie parece ser uma
escolha estranha para
ser a primeira refeição dela.
Edward suspirou. -
Ela sabe que não vai agüentar ficar perto dele por pelo menos um ano.
Ela acha que pode
controlar a situação. Dizer a Charlie que precisa ir para algum hospital
especial
do outro lado do
mundo. Manter contato por telefone...
- Isso é loucura.
- Sim.
- Charlie não é
burro. Mesmo se ela não o matar, ele vai reparar na diferença.
- Ela está meio que
fazendo uma aposta.
Eu continuei a
encarar, esperando que ele explicasse.
- Ela não estaria
envelhecendo, é claro, então isso estabeleceria um limite de tempo, mesmo
que Charlie aceitasse
qualquer que fosse a explicação que ela inventasse para explicar as
mudanças. - Ele deu
um sorriso fraco. - Você lembra de como tentou contá-la sobre a sua
transformação? Como
você a fez adivinhar?
Minha mão livre se
curvou no punho. - Ela te contou sobre isso?
- Sim. Ela estava
explicando a... idéia dela. Veja, ela não pode contar a Charlie a verdade –
seria perigoso demais
pra ele. Mas ele é um homem esperto, prático. Ela acha que ele vai
encontrar uma
explicação. Ela presume que ele vai entender tudo errado - ele bufou. - Afinal,
nós
dificilmente aderimos
aos padrões de vampiros. Ele vai tirar conclusões erradas sobre nós, como
ela fez no início, e
nós vamos agir de acordo com isso. Ela acha que será capaz de vê-lo... de vez
em quando.
- Loucura - eu
repeti.
- Sim - ele concordou
de novo.
Eu fiquei fraco de
vê-lo deixar ela fazer o que queria, só pra faze-la feliz agora. Isso não ia
acabar bem.
Isso me fez pensar
que ele provavelmente não estava esperando que ela sobrevivesse para
botar esse plano
louco em andamento. Ele estava acalmando-a, pra que ela pudesse ser feliz por
mais um tempo.
Tipo, por mais quatro
dias.
- Eu vou lidar com o
que quer que aconteça - ele sussurrou, e virou o rosto pra baixo para
que eu não
conseguisse nem ver seu reflexo. - Eu não vou causar dor a ela agora.
- Quatro dias? - Eu
perguntei.
Ele não olhou pra
cima. - Aproximadamente.
- E depois o quê?
- O que você quer
dizer, exatamente?
Eu pensei no que
Bella tinha dito. Sobre a coisa estar presa e bem amarrada em algo forte,
algo como pele de
vampiro. Como aquilo funcionava? Como se saía?
- Pela pouca pesquisa
que pudemos fazer, parece que a criatura usa os dentes para escapar
da placenta - ele
sussurrou.
Eu tive que parar pra
engolir bile.
- Pesquisa? - eu
perguntei fracamente.
- É por isso que você
não tem visto Emmett e Jasper por aqui. É isso que Carlisle está
fazendo agora.
Tentando decifrar histórias e mitos antigos, o máximo que podemos com o que
temos por aqui,
procurando alguma coisa que nos ajude a prever o comportamento da criatura.
Histórias? Se eram
mitos, então...
- Então essa coisa
não é a primeira da nossa espécie? - Edward perguntou, antecipando
minha pergunta. -
Talvez. É tudo muito vago. Os mitos poderiam facilmente ser frutos do medo e
da imaginação. Mas...
– ele hesitou – os mitos de vocês são verdadeiros, não são? Talvez esses
também sejam. Eles
parecem ser bem localizados, ter ligação...
- Como você
encontrou...?
- Havia uma mulher
que encontramos na América do Sul. Ela cresceu com as tradições de
seu povo. Ela ouviu
avisos sobre tais criaturas, histórias antigas que foram passadas.
- Quais eram os
avisos? - Eu sussurrei.
- A criatura deve ser
morta imediatamente. Antes que ganhe força demais.
Exatamente como Sam
tinha pensado. Ele estava certo?
- É claro, as lendas
dizem o mesmo sobre nós. Que devemos ser destruídos. Que somos
assassinos
desalmados.
Dois a dois.
Edward deu uma
gargalhada dura.
- O que as histórias
deles falavam sobre as... mães?
Agonia tomou o rosto
dele e, enquanto eu me inclinava pra longe da dor dele, eu soube que
ele não ia me dar uma
resposta. Eu duvidava que ele pudesse falar.
Foi Rosalie – que
esteve tão quieta e silenciosa desde que Bella caiu no sono que eu quase a
esqueci – quem
respondeu.
Ela fez um som de
deboche no fundo da garganta. - É claro que não haviam sobreviventes -
ela disse. Nada de
sobreviventes, insensível e despreocupada. - Dar a luz num campo molhado e
infestado de doenças
com um médico cuspindo obscenidades na sua cara para afastar os espíritos
do mau nunca foi a
melhor forma. Mesmo os partos normais dão errado às vezes. Nenhum deles
tinha o que esse bebê
tem – pessoas que têm uma idéia do que um bebê precisa, que tentam
suprir essas
necessidades. Um médico com um conhecimento totalmente único da natureza dos
vampiros. Um plano
pronto para fazer um bebê nascer da forma mais segura possível. Veneno
para reparar qualquer
coisa que dê errado. O bebê vai ficar bem. E aquelas outras mães
provavelmente teriam
sobrevivido – se tivessem existido pra começo de história. Coisa da qual eu
não estou convencida.
- Ela inalou o ar, desdenhosa.
O bebê, o bebê. Como
se isso fosse tudo o que importava. A vida de Bella era um mero
detalhe pra ela –
fácil de deixar de lado.
O rosto de Edward
ficou branco feito neve. As mãos dele se curvaram parecendo garras.
Totalmente egoísta e
indiferente, Rosalie virou na cadeira até ficar de costas pra ele. ele se
inclinou para a
frente, ficando em posição de ataque.
Permita-me, eu
sugeri.
Ele parou, erguendo
uma sobrancelha.
Silenciosamente, eu
ergui minha tigela de cachorro do chão. Então, com um movimento
rápido e poderoso do
meu pulso, eu a atirei atrás da cabeça da loira com tanta força que – com
um bang ensurdecedor
– ela bateu com tudo antes de ricochetear através da sala e ir bater numa
peça fixada no topo
do corrimão da escada.
Bella se mexeu mas
não acordou.
- Loira burra - eu
murmurei.
Rosalie virou a
cabeça lentamente, e seus olhos estavam faiscando.
- Você. Derrubou.
Comida. No. Meu. Cabelo.
Isso eu fiz.
Eu explodi. Eu
afastei Bella para não balançá-la, e lágrimas escorreram do meu rosto de
tanto que eu ria. De
trás do sofá, eu ouvi a risada cristalina de Alice se juntar à minha.
Eu me perguntei
porque Rosalie não pulou em mim. Eu meio que esperei isso. Mas aí eu me
dei conta de que a
minha risada tinha acordado Bella, apesar dela ter permanecido dormindo
quando o maior
barulho aconteceu.
- O que é tão
engraçado? - Ela murmurou.
- Eu derrubei comida
no cabelo dela - eu disse a ela, caindo na gargalhada de novo.
- Eu não vou esquecer
isso, cachorro - Rosalie assobiou.
- Não é tão difícil
apagar a memória de uma loira - eu comentei. - É só soprar no ouvido
dela.
- Arrume umas piadas
novas - ela rebateu.
- Vamos, Jake. Deixe
Rose em – Bella parou no meio da frase e sugou o ar profundamente.
No mesmo segundo,
Edward estava inclinado sobre mim, tirando o cobertor do caminho. Ela
parecia estar em
convulsão, suas costas se arqueando no sofá.
- Ele só está - ela
ofegou. - Se esticando.
Seus lábios estavam
brancos, e ela travou os dentes como se estivesse tentando conter um
grito.
Edward colocou as
mãos nos lados no rosto dela.
- Carlisle? - Ele
chamou numa voz tensa, baixa.
- Bem aqui - o doutor
disse. Eu não tinha o ouvido entrar.
- Okay - Bella disse,
ainda respirando dura e superficialmente. - Eu acho que acabou. A
pobre criança não tem
espaço suficiente, isso é tudo. Ele está ficando grande demais.
Isso era muito
difícil de agüentar, o tom de adoração que ela usava para descrever a coisa
que a estava
despedaçando. Especialmente depois da falta de tato de Rosalie. Isso me fez
querer
poder atirar alguma
coisa em Bella também.
Ela não percebeu meu
humor. - Sabe, ele me faz lembrar de você, Jake - ela disse - num
tom carinhoso – ainda
resfolegando.
- Não me compare com
essa coisa - eu cuspi por entre os dentes.
- Eu estava falando
do seu crescimento - ela disse, parecendo que eu havia magoado seus
sentimentos. Bom. -
Você simplesmente deu um salto. Dava pra te ver você ficando mais alto a
cada minuto. Ele é
assim também. Crescendo tão rápido.
Eu mordi a língua pra
não dizer o que estava querendo dizer – com força suficiente pra
sentir o sangue na
minha boca. É claro, ia sarar antes que eu pudesse engolir. Era disso que Bella
precisava. Ser forte
como eu, ser capaz de se curar...
Ela respirou com mais
facilidade e relaxou de novo no sofá, seu corpo ficando amolecido.
- Hmm - Carlisle
murmurou. Eu olhei pra ele, e os olhos dele estavam em mim.
- O quê? - Eu quis
saber.
A cabeça de Edward
pendeu para um lado enquanto ele refletia o que quer que estivesse na
cabeça de Carlisle.
- Sabe aquilo que eu
estava pensando sobre uma transformação genética no feto, Jacob.
Sobre seus
cromossomos.
- O que tem isso?
- Bem, levando as
similaridades em consideração –
- Similaridades? - eu
rosnei, não gostando do plural.
- O crescimento acelerado,
o fato que Alice também não consegue ver nenhum dos dois.
Eu senti meu rosto
ficar branco. Eu tinha esquecido dessa outra.
- Bem, eu me pergunto
se isso significa que nós temos uma resposta. Se as similaridades
estão nos genes.
- Vinte e quatro pares
- Edward murmurou baixinho.
- Você não sabe
disso.
- Não. Mas é
interessante especular - Carlisle disse numa voz tranqüilizadora.
- É. Simplesmente
fascinante.
O leve ronco de Bella
começou de novo, acentuando bem o meu sarcasmo.
Aí eles partiram pro papo,
rapidamente levando a conversa sobre genética a um ponto em
que as únicas
palavras que eu entendia eram os o’s e e’s. E meu próprio nome, é claro. Alice
se
juntou, comentando de
vez em quando com sua voz bem humorada com a de um pássaro.
Apesar de eles
estarem falando sobre mim, eu não tentei entender a que conclusões eles
estavam chegando. Eu
tinha outras coisas em minha mente, alguns poucos fatos que eu estava
tentando reconciliar.
Fato um, Bella tinha
dito que a coisa era protegida por uma alguma coisa tão forte como
pele de vampiro, uma
coisa que era muito impenetrável para as ultra-sons, duras demais para
agulhas. Fato dois,
Rosalie disse que eles tinham um plano para dar a luz à criatura em segurança.
Fato três, Edward
tinha dito que – em mitos – monstros como esse mastigavam para sair da
própria mãe.
Eu estremeci.
E isso fazia sentido
de uma forma doentia, porque, fato quatro, não muitas coisas podiam
cortar algo tão forte
quanto a pele dos vampiros. Os dentes da meia criatura – de acordo com o
mito – eram fortes o
suficiente.
Meus dentes eram
fortes o suficiente.
Era meio difícil
ignorar o óbvio, mas com certeza eu gostaria de poder.
Porque eu tinha uma
bela idéia de como exatamente Rosalie planejava tirar a coisa lá de
dentro em segurança.
16 – MUITOS ALERTAS
Eu saí cedo, muito
antes do sol nascer. Eu apenas cochilei um pouco encostado ao lado do
sofá. Edward me
acordou quando o rosto de Bella estava corado, e ele ficou no meu lugar pra
esfriar a temperatura
dela um pouco. Eu me espreguicei e decidi que estava descansado o
suficiente pra
trabalhar.
- Obrigado - Edward
disse baixo, vendo meus planos. - Se o caminho estiver livre, eles irão
hoje.
- Eu te aviso.
Foi bom voltar à
minha forma animal. Eu estava dolorido de ficar sentado, parado por tanto
tempo. Eu dei
passadas largas, trabalhando meus músculos das costas.
Bom dia, Jacob, Leah
me cumprimentou.
Que bom que você está
acordada. Quanto tempo Seth dormiu?
Não dormi ainda, Seth
pensou, sonolento. Quase lá. O que você precisa?
Você acha que consegue
mais uma hora?
Claro. Sem problemas.
Seth imediatamente ficou de pé, balançando seu pêlo.
Vamos fazer uma
busca, eu disse à Leah. Seth, faça o perímerto.
Indo. Seth começou a
correr com facilidade.
Outra ordem dos
vampiros, Leah resmungou.
Algum problema quanto
a isso?
Claro que não. Eu só
amo mimar aqueles adoráveis sanguessugas.
Ótimo. Vamos ver quão
rápido podemos correr.
Okey, eu estou
definitivamente pronta pra isso!
Leah estava na borda
mais oeste do perímetro. Antes de cruzar com os Cullen, ela voltou ao
círculo enquanto
voltava pra encontrar comigo. Eu corri diretamente pra leste, sabendo que
mesmo com a vantagem
de ter saído primeiro, ela passaria por mim logo se eu diminuísse a
velocidade por sequer
um segundo.
Nariz no chão, Leah.
Isso não é uma corrida, é uma missão de reconhecimento.
Eu posso fazer os
dois e ainda chutar seu traseiro.
Eu deixei passar. Eu
sei.
Ela riu.
Pegamos um caminho
sinuoso a leste das montanhas. Era uma rota conhecida. Corremos
praquelas montanhas
quando os vampiros foram embora um ano atrás, fazendo daquela área uma
rota de patrulha pra
melhor proteger as pessoas aqui. Então voltamos com os limites quando os
Cullen voltaram. Era
a área deles, segundo o acordo.
Mas aquilo
provavelmente não significava nada pra Sam agora. O acordo não importava
mais. A questão hoje
era até onde ele estava disposto a estender sua força. Ele impediria os
Cullen de caçar em
sua própria terra ou não? Jared disse a verdade ou se aproveitou da vantagem
do silêncio entre
nós?
Entramos cada vez mais
pras montanhas, sem encontrar qualquer traço do bando. Algumas
trilhas de vampiros
estavam por todo lugar, mas os cheiros eram familiares agora. Eu os senti o
dia todo.
Eu encontrei um forte
e recente cheiro em uma trilha em particular - todos eles indo e vindo,
exceto Edward. Algum
tipo de reunião deve ter sido esquecida quando Edward trouxe sua esposa
grávida pra casa. Eu
rangi os dentes. O que quer que fosse, não era da minha conta.
Leah não foi pra
muito longe de mim, embora ela pudesse agora. Eu estava prestando mais
atenção em cada novo
cheiro do que numa competição de velocidade. Ela ficou do meu lado
direito, correndo
comigo ao invés de correr contra mim.
Nós estamos ficando
bem longe, ela comentou.
É. Se Sam estava
pensando em invadir, ele já devia ter cruzado os limites a essa altura.
Faz mais sentido
agora pra ele se abrigar em La Push, Leah pensou. Ele sabe que estamos
dando aos sugadores
de sangue mais três pares de olhos e pernas. Ele não vai ser capaz de
supreendê-los.
Era apenas uma preucação,
na verdade.
Não queria que nossos
preciosos parasitas fossem surpreendidos.
Não, eu concordei,
ignorando o sarcasmo.
Você mudou muito,
Jacob. Falo sobre um dos oito.
Você não é exatamente
a mesma Leah que eu sempre conheci e amei também.
Verdade. Eu sou menos
chata que o Paul?
Incrivelmente... sim.
Ah, eu consegui.
Parabéns.
Nós corremos em
silêncio de novo. Provavelmente já era hora de voltar, mas nenhum de nós
queria. Era bom
correr desse jeito. Ficamos olhando pro mesmo círculo de uma trilha por muito
tempo. Foi bom
esticar os músculos e sentir o terreno. Nós não estávamos com muita pressa,
então pensei que
pudéssemos caçar no caminho de volta. Leah estava com muita fome.
Yum, yum, ela pensou,
azeda.
Está tudo na sua
cabeça, eu disse a ela. É desse jeito que os lobos comem. É natural. Tem
um gosto bom. Se você
não pensar nisso com olhos humanos –
Esquece a
conversinha, Jacob. Eu vou caçar. Não tenho que gostar disso.
Claro, claro, eu
concordei. Não era da minha conta se ela queria fazer as coisas serem mais
difíceis pra ela
mesma.
Ela não falou mais
nada por alguns minutos; eu comecei a pensar em voltar.
Obrigada, Leah de
repente disse pra mim num tom bem diferente.
Por?
Por me deixar em paz.
Por me deixar ficar. Vou foi muito mais legal do que eu poderia
esperar, Jacob.
Er, sem problemas. Na
verdade, eu gostei disso. Eu não me importo de ter você aqui como
eu pensei que me
importaria.
Ela rosnou, mas foi
um som engraçado. Que grande elogio.
Não deixe isso subir
à sua cabeça.
Okey - se você não
deixar isso subir à sua também. Ela parou por um segundo. Você é um
bom Alpha. Não do
mesmo jeito do Sam, mas do seu jeito. Vale a pena te seguir, Jacob.
Eu não consegui
pensar em nada, de tão surpreso. Levou um segundo pra voltar a pensar.
Er, obrigado. Não
estou totalmente seguro que vou conseguir fazer isso não subir à minha
cabeça. De onde veio
isso?
Ela não respondeu
imediatamente, e eu segui os pensamentos dela. Ela estava pensando no
futuro - sobre o que
eu disse à Jared outro dia. Sobre como aquilo acabaria logo, e então eu
estaria de volta à
floresta. Sobre eu ter prometido que ela e Seth estariam de volta ao bando
quando os Cullen
tivessem partido...
Eu quero ficar com
você, ela disse.
O choque percorreu as
minhas pernas, travando minhas articulações. Ela saiu correndo na
minha frente e depois
parou. Devagar, ela caminhou até onde eu estava paralisado.
Eu não vou incomodar,
eu prometo. Eu não vou te seguir o tempo todo. Você pode ir aonde
quer que você queira,
e eu irei pra onde eu quiser. Você só tem que estar comigo enquanto
formos lobos. Ela
ficou zanzando de um lado pro outro na minha frente, chicoteando o seu longo
rabo cinza
nervosamente. E, como eu estava pensando em ficar de fora o quanto eu puder...
talvez isso não seja
muito frequentemente...
Eu não sabia o que
dizer.
Eu estou mais feliz
agora, sendo parte do seu bando, mais do que fui em anos.
Eu quero ficar
também, Seth pensou rapidamente. Eu não percebi que ele estivesse tão
atento a nós enquanto
percorria o perímetro.
Eu gosto desse bando.
Hei, vocês! Seth,
isso não vai ser um bando por muito tempo. Eu tentei colocar meus
pensamentos em ordem
pra que eles se convencessem. Nós temos um propósito agora, mas
quando... depois que
tiver acabado, eu vou ser só um lobo. Seth, você precisa de um objetivo.
Você é um garoto.
Você é o tipo de pessoa que sempre tem um desafio. E não há como você
deixar La Push agora.
Você vai se formar no colégio e fazer alguma coisa da sua vida. Você vai
cuidar de Sue. Minhas
escolhas não vão atrapalhar o seu futuro.
Mas –
Jacob está certo,
Leah disse depois.
Você está concordando
comigo?
Claro. Mas nada disso
se aplica a mim. Eu estou saindo de casa, de qualquer maneira. Vou
conseguir um emprego
em algum lugar longe de La Push. Talvez fazer alguns cursos na faculdade.
Entrar no yoga e
meditação pra controlar o meu temperamento... E continuar sendo uma parte
desse bando pra minha
própria saúde mental. Jacob - você consegue ver como isso tudo faz
sentido, não é? Eu
não vou te incomodar, você não vai me incomodar, todo mundo fica feliz.
Eu me voltei em
direção ao oeste.
Isso é um pouco
demais pra responder, Leah. Deixe-me pensar sobre isso, okey?
Claro. Fique à
vontade.
Não demorou muito pra
que estivéssemos de volta. Eu não estava correndo. Eu estava
tentando me
concentrar o suficiente pra não bater em uma árvore. Seth estava resmungando um
pouco no fundo da
minha cabeça, mas eu era capaz de ignorá-lo. Ele sabia que eu estava certo.
Ele não ia abandonar
a mãe. Ele voltaria pra La Push e protegeria a tribo como deveria.
Mas eu não conseguia
ver Leah fazendo aquilo. E aquilo era bem assustador.
Um bando de dois? Não
importava a distância física. Eu não conseguia imaginar a... a
intimidade daquela
situação. Eu imaginei se ela realmente pensou sobre aquilo, ou se era estava
só desesperada pra
ser livre.
Leah não disse nada
sobre o que eu pensei. Era como se ela estivesse tentando provar como
seria fácil se
fôssemos só nós dois.
Nós corremos atrás do
barulho de um cervo assim que o sol começou a nascer, fazendo as
nuvens brilharem um
pouco nas nossas costas. Leah suspirou internamente mas não hesitou. O
ataque dela foi limpo
e eficiente - gracioso até. Ele abateu o maior, o chefe, antes que o assustado
animal percebesse o
perigo.
Pra não dizer que eu
não fiz nada, eu ataquei o segundo maior, segurando seu pescoço com
minhas patas
rapidamente, pra que ela não sofresse mais que o necessário. Eu podia sentir o
desgosto de Leah
lutando contra sua fome, e tentei fazer isso mais fácil pra ela, deixando o
lobo
em mim dominar minha
mente. Eu vivi como lobo o suficiente pra saber como ser o animal
completamente, pra
ver como ele e pensar como ele. Eu deixei os instintos tomarem conta,
deixando-a sentir
também. Ela hesitou por um segundo, mas então, numa tentativa, ela pareceu
deixar sua mente e
tentar sentir o que eu sentia. Foi bem estranho - nossas mentes estavam mais
conectadas do que
jamais estiveram, porque nós estávamos tentando pensar juntos. Estranho,
mas isso a ajudou. Os
dentes dela cortaram o pêlo e a pele de sua presa, tirando uma grande tira
de carne fresca. Ao
invés de estremecer como os seus pensamentos humanos queriam, ela deixou
o lobo dentro dela
agir instintivamente. Foi uma coisa meio confusa, uma coisa sem pensar. Isso a
deixou comer em paz.
Foi fácil pra mim
fazer o mesmo. Eu estava feliz que eu não tivesse esquecido aquilo. Seria a
minha vida de novo,
logo.
Leah seria uma parte
daquela vida? Uma semana atrás, eu acharia essa idéia abominável. Eu
não seria capaz de
aceitar. Mas eu a conhecia melhor agora. E aliviada da dor constante, ela não
era mais a mesma
loba. Não era a mesma garota.
Obrigada, ela me
disse depois, enquanto limpava seu focinho e suas patas na grama
molhada. Eu não me
importei; começou a chuviscar e tínhamos que atravessar um rio no nosso
aminho de volta. Eu
ficaria limpo o bastante. Não foi tão ruim, pensando do seu jeito.
Por nada.
Seth estava se
arrastando quando alcançamos o perímetro. Eu disse a ele pra dormir um
pouco; Leah e eu
tomaríamos conta da ronda. Seth ficou inconsciente alguns minutos depois.
Você voltou atrás com
os sugadores de sangue? Leah perguntou.
Talvez.
É difícil pra você
ficar aqui, mas é difícil ficar longe também. Sei como é.
Sabe, Leah, você
devia pensar um pouco sobre o futuro, sobre o que você realmente quer
fazer. Minha cabeça
não vai ser o lugar mais feliz da terra. E você vai sofrer comigo.
Ela pensou em como me
responder. Uau, isso vai soar mal. Mas honestamente, vai ser mais
fácil lidar com a sua
dor do que com a minha.
Justo.
Eu sei que vai ser
ruim pra você, Jacob. Eu entendo isso - talvez melhor que você pensa. Eu
não gosto dela,
mas... ela é o seu Sam. Ela é tudo o que você quer e tudo o que você não pode
ter.
Eu não consegui
responder.
Eu sei que é pior pra
você. Ao menos Sam está feliz. Ao menos ele está bem e vivo. Eu o
amo tanto que é isso
o que eu quero. Eu quero que ele tenha o que é melhor pra ele. Ela
suspirou. Eu só não
quero ter que ficar pra assistir.
Nós precisamos falar
sobre isso?
Eu acho que sim.
Porque eu quero saber se eu não vou fazer isso ser pior pra você. Droga,
talvez eu até ajude.
Eu não nasci um poço de compaixão. Eu costumava ser legal, sabe.
Minha memória não vai
assim tão longe.
Nós dois rimos.
Eu sinto muito,
Jacob. Sinto muito que você esteja sofrendo. Sinto muito que eu esteja
piorando e não
ajudando.
Obrigado, Leah.
Ela pensou sobre as
coisas que eram piores, as imagens negras na minha mente, enquanto
eu tentava tirá-la
sem sucesso. Ela era capaz de vê-las com alguma distância, perspectiva, e eu
tenho que admitir que
isso ajudava. Eu poderia imaginar que era capaz de ver daquele jeito,
também, em alguns
anos.
Ela via o lado
engraçado das irritações diárias de ficar com os vampiros. Ela gostou da minha
briguinha com
Rosalie, rindo por dentro e até pensou em algumas piadinhas sobre loiras que eu
poderia usar. Mas
então seus pensamentos ficaram sérios, fixando-se em Rosalie de um jeito que
eu me confundiu.
Sabe o que é
estranho? Ela perguntou.
Bem, quase tudo é
estranho agora. Mas o que você quer dizer?
Aquela vampira loira
que você odeia tanto - eu a entendo perfeitamente.
Por um segundo eu
pensei que ela estivesse fazendo uma piada de muito mau gosto. E
então, quando eu
percebi que era sério, a fúria me invadiu e foi difícil controlar. Era bom
mesmo
que nós tivéssemos
nos espalhado pra vigiar. Se ela estivesse ao alcance dos meus dentes...
Fica calmo. Me deixa
explicar!
Não quero escutar.
Vou sair daqui.
Espera! Espera! ela
implorou enquanto eu me acalmava pra me transformar de volta. Por
favor, Jake!
Leah, esse realmente
não é o melhor jeito de me convencer que eu queria passar mais
tempo com você no
futuro.
Aff, que reação! Você
nem sabe do que eu estou falando!
Então do que você
está falando?
E então ela era a
mesma Leah amarga de antes. Estou falando sobre ser a última da minha
espécie, Jacob.
O teor de suas
palavras me fez vacilar. Eu não esperava toda aquela raiva.
Não entendo.
Você entenderia, se
você fosse como eles. Se minha "feminilidade" - ela pensou isso com
um
tom muito sarcástico
- não te mandasse correr pra cobrir como qualquer outro macho estúpido,
então você seria
capaz de entender o que isso quer dizer.
Oh.
É, nenhum de nós
gosta de pensar sobre essas coisas com ela. Quem gostaria? Claro que eu
lembro do medo de
Leah no primeiro mês depois que ela se juntou ao bando - e eu me lembrei de
fugir disso, assim
como qualquer outro. Porque ela não podia ficar grávida - a não ser que alguma
coisa muito estranha
estivesse acontecendo, ou um milagre. Ela não teve ninguém desde Sam. E
agora, quando as
semanas voaram e nada se transformou em nada mais que nada, ela percebeu
que o corpo dela não
estava mais seguindo os padrões normais. O medo - o que ela era agora? O
corpo dela teria
mudado porque ela virou um lobisomem? Ou ela virou um lobisomem porque o
corpo dela era
errado? A única lobisomem fêmea da história. Seria por que ela não era tão
fêmea
quanto deveria ser?
Nenhum de nós queria
ter que lidar com aquilo. Obviamente, não era como se pudéssemos
compreender.
Você sabe porque Sam
acha que nós temos a impressão, ela pensou, mais calma.
Claro. Pra manter a
linhagem.
Certo. Pra fazer mais
um bando de pequenos lobisomens. Sobrevivência das espécies,
perpetuar genes. Nós
temos a impressão com a pessoa que é melhor capacitada a passar o gene
de lobo.
Eu esperei que ela me
dissesse onde queria chegar.
Se eu fosse boa pra
isso, Sam teria tido a impressão comigo.
A dor dela era tão
grande que eu perdi o ritmo dos passos.
Mas eu não sou. Tem
algo de errado comigo. Eu não tenho a capacidade de passar o gene,
aparentemente, apesar
dos meus laços de sangue. Então eu virei a esquisita - a garota lobisomem
- boa pra mais nada.
Eu sou a última da minha linhagem e nós dois sabemos disso.
Nós não sabemos, eu
argumentei. Essa é a teoria de Sam. A impressão acontece, mas nós
não sabemos porque.
Billy acha que tem algo a mais.
Eu sei, eu sei. Ele
pensa que a gente tem a impressão pra fazer lobos mais fortes. Porque
você e Sam são
monstruosos - maiores que seus pais. Mas também, eu não sou mais uma
candidata. Eu
estou... Estou na menopausa. Eu tenho vinte anos de idade e estou na menopausa.
Ugh. Eu não queria
mesmo ter aquela conversa. Você não sabe, Leah. Talvez seja por causa
de não envelhecer.
Quando você sair da sua forma de lobo e começar a envelhecer de novo, eu
tenho certeza que as
coisas vão... er... voltar ao normal.
Eu poderia pensar
nisso - a não ser que alguém tenha uma impressão comigo, não haverá
mais do meu
impressionante pedigree. Sabe, ela prosseguiu pensativa, se você não estivesse
por
perto, Seth
provavelmente teria a melhor condição de ser Alpha - por causa do sangue, pelo
menos. Claro, ninguém
jamais me consideraria...
Você realmente quer
ter uma impressão, ou sofrer uma impressão, ou qualquer coisa?
Perguntei. O que há
de errado em se apaixonar como uma pessoa normal, Leah? A impressão é
apenas um outro jeito
de ter suas escolhas tiradas de você.
Sam, Jared, Paul,
Quil... eles não parecem se importar.
Nenhum deles tem
pensamento próprio.
Você não quer ter uma
impressão?
Droga, não!
Mas isso é porque
você está apaixonado por ela. Isso vai passar, sabe, se você tiver uma
impressão. Você não
vai mais se magoar por causa dela.
Você quer esquecer o
jeito que você se sente por Sam?
Ela ponderou por um
momento. Eu acho que sim.
Eu suspirei. Ela
estava mais sã que eu.
Mas voltando ao
assunto, Jacob. Eu entendo porque a vampira loira é tão fria - no sentido
figurado. Ela está
focada. Ela está com os olhos no prêmio, certo? Pode você sempre quer mais
aquilo que você
jamais poderia ter.
Você agiria como a
Rosalie? Você mataria alguém - porque é o que ela está fazendo - você
faria isso pra ter um
bebê? Desde quando você é uma procriadora?
Eu só quero as opções
que eu não tenho, Jacob. Talvez, se não houvesse nada de errado
comigo, eu nunca
pensaria nisso.
Você mataria por
isso? Eu perguntei, não deixando-a fugir da pergunta.
Não é o que ela está
fazendo. Eu acho que é mais como se ela estivesse vivendo como uma
beata. E... se a
Bella me pedisse pra ajudá-la com isso... Ela fez uma pausa, considerando.
Mesmo
embora eu não
pensasse muito nela, eu provavelmente faria o mesmo que a sugadora de sangue.
Um estrondoso rosnado
surgiu em minha garganta.
Porque se fosse o
contrário, eu ia querer que a Bella fizesse isso por mim. E Rosalie pensa
assim. Nós faríamos a
mesma coisa.
Ugh! Você é tão ruim
quanto eles!
É a parte engraçada
em saber que você não pode ter uma coisa. Faz você se desesperar.
E... é o meu limite.
Aqui mesmo. Essa conversa acabou.
Tá bem.
Não era o bastante
que ela concordasse em parar. Eu queria uma coisa mais definitiva que
aquilo.
Eu estava a
aproximadamente dois quilômetros de onde eu tinha deixado minhas roupas,
então eu me
transformei em humano de novo e caminhei. Eu não pensei sobre a conversa. Não
porque não houvesse
mais nada pra se pensar sobre isso, mas porque eu não podia pensar
naquilo. Eu não veria
daquela maneira - mas era difícil não fazê-lo quando Leah colocou seus
pensamentos e emoções
na minha cabeça.
É, eu não estava
correndo com ela quando aquilo acabou. Ela poderia ser infeliz em La Push.
Um pequeno comando
Alpha antes que eu deixasse não mataria ninguém. Era realmente cedo
quando eu cheguei na
casa. Bella provavelmente ainda estaria dormindo. Eu colocaria a minha
cabeça pra dentro,
veria o que estava acontecendo, daria a eles o sinal verde pra ir caçar, e
então
encontraria um monte
de grama macia o suficiente pra dormir. Eu não me transformaria de novo
enquanto Leah
estivesse acordada.
Mas havia um monte de
resmungos dentro da casa, então talvez Bella não estivesse
dormindo. E então eu
escutei o som das máquinas escada acima - o raio-x? Ótimo. Parecia que o
dia número quatro da
contagem regressiva estava começando com um estrondo.
Alice abriu a porta
pra mim antes que eu pudesse entrar.
Ela concordou. - Hei,
lobo.
- Hei, pequenininha.
O que está acontecendo lá em cima? - A grande sala estava vazia - os
murmúrios vinham do
segundo andar.
Ela encolheu seus
ombros pontudos. - Talvez tenha sido outra fratura. - Ela tentou parecer
casual, mas eu podia
ver as chamas no fundo de seus olhos. Edward e eu não éramos os únicos
que estavam queimando
por causa disso. Alice amava a Bella também.
- Outra costela? - Eu
perguntei.
- Não. Bacia dessa
vez. - Engraçado como aquilo continuava me machucando, como se cada
novidade fosse uma
surpresa. Quando eu ia parar de ser surpreendido? Cada novo desastre
parecia meio que
óbvio depois que acontecia.
Alice estava olhando
pras minhas mãos, vendo-as tremer.
Então nos ouvimos a
voz de Rosalie lá em cima.
- Veja, eu te disse
que não tinha ouvindo um estalido. Você precisa lavar as orelhas, Edward.
Não houve resposta.
Alice fez uma careta.
- Edward vai acabar fazendo a Rosalie em pedacinhos, eu acho. Eu
estou surpresa que
ela ainda não tenha percebido. Ou talvez ela ache que Emmett vai ser capaz
de pará-lo.
- Eu pego o Emmett -
eu ofereci. - Você pode ajudar o Edward com a parte de picar.
Alice deu um sorriso
amarelo.
A procissão desceu as
escadas então - Edward carregava Bella dessa vez. Ela estava
carregando seu copo
de sangue com as duas mãos, e o rosto dela estava branco. Eu podia ver
que, embora ele
compensasse cada mísero movimento de seu corpo pra não movimentá-la, ela
estava sentindo dor.
- Jake - ela
suspirou, e ela sorriu apesar da dor.
Eu olhei pra ela, sem
dizer nada.
Edward colocou Bella
cuidadosamente no sofá e sentou no chão perto dela. Eu imaginei
brevemente porque
eles não a deixavam lá em cima, e então concluí que devia ser coisa da Bella.
Ela queria agir como
se as coisas estivessem normais, evitar o clima de hospital. E ele a estava
fazendo a vontade
dela. Naturalmente.
Carlisle desceu
devagar, o último, seu rosto tenso de preocupação. Isso o fez parecer velho
o bastante pra ser
médico.
- Carlisle - eu
disse. - Nós fomos até metade do caminho pra Seattle. Não havia sinal do
bando. Vocês podem
ir.
- Obrigado, Jacob. É
uma boa hora. É o que precisamos. - Os olhos negros dele olharam o
copo que Bella
segurava forte.
- Honestamente, eu
acho que é seguro vocês irem em mais de três. Eu tenho certeza que
Sam está concentrado
em La Push.
Carlisle balançou a
cabeça, concordando. Eu fiquei surpreso quão fácil ele aceitou meu
conselho. - Se você
acha. Alice, Esme, Jasper, e eu vamos. Então Alice pode ficar no lugar de
Emmett e Rosa-
- Sem chance -
Rosalie disse. - Emmett pode ir com você agora.
- Você devia caçar -
Carlisle disse com uma voz gentil.
O tom dele não fez o
dela baixar. - Eu vou quando ele for - ela grunhiu, apontando a sua
cabeça pra Edward e
jogando o cabelo pra trás.
Carlisle suspirou.
Jasper e Emmett
desceram as escadas como um flash, e Alice se juntou a eles perto da
porta de vidro dos
fundos no mesmo instante. Esme deslizou para o lado de Alice.
Carlisle pôs a mão no
meu braço. O toque gelado não foi legal, mas eu não o desviei. Eu
fiquei parado, meio
porque estava surpreso, e meio porque não queria ferir os sentimentos dele.
- Obrigado - ele
disse de novo, e então saiu pela porta junto com os outros quatro. Meus
olhos os seguiram até
que eles cruzassem o gramado e desaparecessem antes que eu pudesse
respirar de novo. Eu
respirei de novo. As necessidades deles deviam ser mais urgentes do que eu
esperava.
Não houve barulho por
um minuto. Eu podia sentir alguém olhando pra mim, e eu sabia
quem devia ser. Eu
estava planejando sair e dormir um pouco, mas a chance de arruinar a manhã
de Rosalie me pareceu
mais tentadora.
Então eu fui até a
poltrona perto da que Rosalie estava sentada, me espreguiçando de modo
que minha cabeça
estivesse inclinada na direção de Bella e meus pés perto do rosto de Rosalie.
- Ew. Alguém coloca o
cachorro pra fora - ela resmungou, tapando o nariz.
- Você já ouviu essa,
psicopata? Como o neurônios de uma loira morre?
Ela não disse nada.
- Não? - Eu
perguntei. - Você conhece a piada ou não?
Ela olhou diretamente
pra tv e me ignorou.
- Ela ouviu isso? -
Eu perguntei pro Edward.
Não havia graça em
seu tenso rosto - ele não tirou seus olhos de Bella. Mas disse, - Não.
- Incrível. Então
você vai gostar dessa, sugadora de sangue - os neurônios de uma loira
morrem sozinhos.
Rosalie não olhou pra
mim. - Eu matei umas mil vezes mais que você, sua besta nojenta.
Não esqueça disso.
- Um dia, Rainha da
Beleza, você vai ficar cansada de só me ameaçar. Eu espero
ansiosamente por
isso.
- Chega, Jacob -
Bella disse.
Eu olhei pra baixo, e
ela estava franzindo a testa pra mim. Parecia que o bom humor de
ontem tinha ido
embora há tempos.
Bom, eu não queria
chateá-la. - Você quer que eu saia? - Eu ofereci.
Antes que eu pudesse
esperar - ou temer - que ela finalmente tivesse se cansado de mim,
ela piscou, e sua
cara feia sumiu.. Ela pareceu completamente chocada que eu tivesse chegado a
essa conclusão. -
Não! Claro que não!!
Eu suspirei, e ouvi
Edward suspirar baixinho também. Eu sabia que ele queria que ela tivesse
me esquecido, também.
Um azar que ele nunca pedisse a ela que fizesse algo que a fosse deixar
infeliz.
- Você parece cansado
- Bella falou.
- Morto - eu admiti.
- Eu gostaria de te
matar - Rosalie resmungou, baixo demais pra Bella escutar. Eu só me
afundei na cadeira,
ficando mais confortável. Meu pé descalço balançou perto de Rosalie, e ela
ficou dura. Depois de
alguns minutos, Bella pediu a Rosalie que enchesse seu copo. Eu senti o
vento quando Rosalie
voou pelas escadas pra pegar mais sangue. Foi bem silencioso. Melhor eu
dar um cochilada,
pensei.
Então, Edward disse,
- Você disse alguma coisa? - num tom confuso. Estranho. Porque
ninguém disse nada, e
porque a audição de Edward era tão boa quanto a minha, e ele devia saber
disso.
Ele estava olhando
pra Bella, e ela estava olhando de volta. Eles dois pareciam confusos.
- Eu? - ela disse,
depois de um segundo. - Eu não disse nada.
Ele ficou de joelhos,
ficando na frente dela, sua expressão repentinamente intensa de um
jeito bem diferente.
Seus olhos negros olharam pra ela.
- No que você está
pensando agora?
Ela olhou pra ele
supressa. - Nada. O que está acontecendo?
- No que você estava
pensando a um minuto atrás? - Ele perguntou.
- Só... na Ilha de
Esme. E nas penas.
Eu não entendi nada,
mas ela ficou corada, e eu entendi que era melhor não saber de nada
mesmo.
- Diga mais alguma
coisa - ele sussurrou.
- Como o que? Edward,
o que está acontecendo?
O rosto dele mudou de
novo, e ele fez uma coisa que fez com que eu ficasse boquiaberto.
Eu ouvi alguém ofegar
atrás de mim e soube que Rosalie estava de volta, perplexa quanto eu.
Edward, bem devagar,
pôs ambas as mãos na barriga de Bella.
- O c- ele engoliu
seco. - Isso... o bebê gosto do som da sua voz.
Havia um silêncio
mortal. Eu não podia mover um músculo, nem mesmo piscar. Então –
- Deus do Céu, você
pode escutá-lo! - Bella gritou. No segundo seguinte, ela arrepiou-se.
A mão de Edward
moveu-se pro topo da barriga e gentilmente acariciou o lugar onde o bebê
havia chutado.
- Shh - ele
resmungou. - Você o agitou...
Os olhos dela se
arregalaram ficaram maravilhados. Ela passou a mão na barriga.
- Desculpe, bebê.
Edward estava
ouvindo, os olhos fixados no volume da barriga.
- No que ele está
pensando agora? - Ela perguntou ansiosa.
- Ele... ele ou ela,
está... - Ele parou e olhou nos olhos dela. Os olhos dele com um terror
conhecido - ele
apenas estava cuidadoso e ressentido. - Ele está feliz - Edward disse com uma
voz
incrédula.
A respiração dela
falhou, e era impossível não ver o brilho fanático em seus olhos. A
adoração e a devoção.
Grandes e espessas lágrimas rolaram de seus olhos e silenciosamente
escorreram pelo seu
rosto e seu sorriso.
Quando ele olhou pra
ela, seu rosto não estava com medo ou com raiva ou queimando ou
qualquer uma das
expressões que ele carregava desde seu retorno. Ele estava maravilhado com
ela.
- Claro que você está
feliz, bebêzinho, claro que você está - ela cantarolou, acariciando a
barriga enquanto as
lágrimas escorriam pelas suas bochechas. - Como você poderia não estar, a
salvo e quentinho e
amado? Eu amo muito você, pequeno EJ, claro que você está feliz.
- De que você o
chamou? - Edward perguntou, curioso.
Ela corou de novo. -
Eu meio que dei um nome pra ele. Eu não achei que você quisesse...
bom, você sabe.
- EJ?
- O nome do seu pai
era Edward também.
- Sim, era. O que -?
- Ele parou e então disse - Hmm.
- O que?
- Ele gosta da minha
voz também.
- Claro que gosta. -
O tom dela estava quase maldoso agora. - Você tem a voz mais linda do
universo. Quem não
amaria?
- Você tem um plano
B? - Rosalie perguntou então, encostando atrás do sofá com o mesmo
pensamento maldoso de
Bella. - E se ele for ela?
Bella enxugou as
lágrimas sob seus olhos. - Eu estive pensando numas coisas. Brincando
com Renée e Esme. Eu
estava pensando Ruh-nez-may.
- Ruhnezmay?
- R-e-n-e-s-m-e-e.
Muito esquisito?
- Não, eu gosto -
Rosalie assegurou. As cabeças elas estavam juntas, ouro e mogno. - É
lindo. E um de cada
espécie, então fica legal.
- Eu ainda acho que é
um Edward.
Edward estava olhando
pro espaço, sua cabeça longe, quando ele ouviu.
- O que? - Bella
perguntou. - O que ele está pensando agora?
Ele não respondeu de
primeira, e então - chocando o resto de nós de novo, três ofegas
distintas - ele
colocou sua orelha ternamente na barriga dele.
- Ele ama você -
Edward sussurrou, parecendo ofuscado. - Ele definitivamente adora você.
Naquele momento, eu
sabia que estava sozinho. Totalmente sozinho.
Eu quis me chutar
quando eu percebi o quanto eu estive contando com aquele vampiro
repugnante. Que
estúpido - como se eu pudesse confiar num sanguessuga! Claro que ele ia trair
no final.
Eu contei com ele do
meu lado. Contei que ele sofreria mais do que eu. E, acima de tudo, eu
contei que ele
odiasse aquela coisa que estava matando a Bella mais do que eu odiava.
Eu confiei nele.
Mas agora eles
estavam juntos, os dois curvados sobre o amigável, invisível monstrinho com
seus olhos claros
como uma família feliz.
E eu estava sozinho
com ódio e meu sofrimento que eram tão ruins quanto ser torturado.
Como ser colocado
lentamente numa cama de lâminas afiadas. Doendo tanto que você morreria
com um sorriso, só
praquela dor ir embora.
O calor destravou
meus músculos, e eu fiquei em pé.
Todos três olharam
pra mim, e eu vi a minha dor pelo rosto de Edward quando ele invadiu a
minha mente de novo.
- Ahh - ele abafou.
Eu não sabia o que eu
estava fazendo; eu fiquei ali, tremendo, pronto pra fugir na primeira
oportunidade que eu tivesse.
Movendo-se como uma
cobra, Edward arremessou-se pra uma mesinha e tirou alguma coisa
da gaveta. Ele jogou
aquilo pra mim, e eu peguei o objeto num reflexo.
- Vá, Jacob. Saia
daqui. - Ele não disse isso de um jeito duro - ele disse aquilo como se fosse
um preservador da
vida. Ele me ajudou encontrar a saída que eu estava procurando.
O objeto que ele me
deu era um chaveiro com chaves de um carro.
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